Fórmula 1: Mecânico negro da Red Bull relata racismo online

Calum Nicholas, um dos mecânicos da Red Bull Racing, revelou ter sido alvo de ataques racistas online durante seu trabalho na Fórmula 1. Em entrevista ao The Guardian, Nicholas, que trabalha na equipe há mais de dez anos e acumula quase 350 mil seguidores no Instagram, compartilhou os desafios que enfrenta devido ao racismo.

O mecânico, que ocupa o cargo de técnico sênior de motores na equipe, relatou que os ataques se intensificaram em 2021 e 2022. “Havia muito disso, principalmente em 2021, 2022”, disse Nicholas. “Geralmente são contas anônimas de mídia social, então eu digo para mim mesmo: ‘Em treze anos, nunca tive um fã em um autódromo que me confrontasse ou me atacasse dessa forma’. Infelizmente, é o mundo em que vivemos, com pessoas sentadas atrás de telas anônimas de um computador. Isso é mais fácil do que quando as pessoas dizem que você é uma contratação de diversidade simbólica. Conhecer o trabalho que você fez para chegar onde está e tentar não se envolver com esse tipo de bobagem é muito difícil. Abuso direto? Cara, eu sou muito casca grossa”, desabafou.

Nicholas também relembrou um comentário que ouviu quando expressou seu desejo de trabalhar na F1: “Cal, isso é um jogo de brancos. Eles não vão deixar você entrar”. Segundo ele, essa afirmação só fortaleceu sua determinação em alcançar seus sonhos. “Quando eu costumava dizer aos meus primos e amigos negros, Lewis Hamilton e seu pai eram os únicos negros que víamos em um paddock da F1. Parecia uma indústria que ou não estava interessada neles (negros) ou que não permitiria que eles fizessem parte dela. Eu sempre reagi e quis provar que isso estava errado. É algo que eu me propus a mudar”, concluiu.

A Fórmula 1 tem se comprometido em aumentar a diversidade e inclusão dentro do esporte, com o heptacampeão Lewis Hamilton sendo uma das principais forças por trás desse movimento.