Estreante em 2025, Bortoleto joga o jogo certo: entrega sólida em um cenário técnico limitado
Gabriel Bortoleto não chegou à Fórmula 1 por acaso. Campeão da F3 em 2023 e da F2 em 2024, o paulista de 20 anos carregava consigo credenciais sólidas e a expectativa moderada de um estreante promissor. Sua presença no grid em 2025, pela Sauber, representa um projeto de longo prazo mais do que um ato de impacto imediato. E até aqui, passadas nove etapas do campeonato, a estreia de Bortoleto pode ser descrita como o que ela de fato é: boa. Nada espetacular. Nada decepcionante. Boa — e isso, na Fórmula 1 moderna, importa muito.
Dentro do que o carro permite
A Sauber é hoje uma equipe em transição. À espera da chegada da Audi em 2026, o time vive um limbo técnico e estrutural. O carro de 2025 é um dos mais limitados do grid, com problemas crônicos de ritmo de corrida, confiabilidade e acerto aerodinâmico. Dentro dessa realidade, qualquer análise sobre o desempenho de um piloto deve necessariamente considerar o contexto — e é nesse ponto que a performance de Bortoleto ganha valor.
Até o GP da Espanha, o brasileiro acumula nove largadas, duas quebras (Austrália e Miami), nenhuma pontuação, mas um progresso evidente em classificação e corrida. Seu melhor resultado foi um 12º lugar em Barcelona, que também marcou sua melhor posição de largada (12º). A média de largada gira em torno de 16º lugar, mas com tendência de melhora ao longo das últimas etapas. Não cometeu erros graves, evitou acidentes desnecessários, mostrou solidez em stint longo e manteve um nível de entrega estável, mesmo quando as condições foram adversas.

‘Negócio’ é jogar o jogo certo
Bortoleto não é um piloto de estardalhaços. Não tenta o impossível, mas também não se esconde. Em Miami, por exemplo, fazia sua melhor corrida do ano quando uma falha na bomba de combustível encerrou sua prova prematuramente. Estava próximo da zona de pontos, com ritmo semelhante ao de carros superiores. Em Imola, largou com cautela, evitou riscos e cruzou a linha de chegada entre os 15 primeiros — uma meta que, neste momento, precisa ser valorizada mais pelo processo do que pelo número.
Sua pilotagem tem sido marcada por uma abordagem limpa, sem excessos. É o tipo de postura que constrói uma carreira longa, mesmo que a curto prazo não brilhe nas manchetes. E talvez aí esteja a maior qualidade de Gabriel neste início de F1: ele entende o momento em que está.
Estatísticas até o GP da Espanha
-Corridas disputadas: 9
– Melhor posição de chegada: 12º (Espanha)
– Melhor posição de largada: 12º (Espanha)
– Média de grid: 16º
– Abandonos: 2 (Austrália e Miami)
– Pontos: 0
– Colocações finais mais comuns: entre 13º e 17º
– Acidentes provocados: nenhum
– Quebras mecânicas: 2
Segurança é tudo!
Com o GP do Canadá se aproximando, a expectativa é que Bortoleto mantenha a curva de crescimento. O Circuito Gilles Villeneuve é traiçoeiro, exige precisão nas freadas e inteligência nas disputas. Não é o tipo de traçado onde a Sauber deve render acima da média, mas é o tipo de prova onde a habilidade de preservar o carro, evitar erros e explorar janelas de oportunidade pode recompensar quem, como Gabriel, está construindo um alicerce confiável.
Por enquanto, ele está entregando aquilo que se espera de um piloto em ano de estreia numa equipe em reconstrução: solidez, progressão e postura profissional. Em um campeonato que já revelou promessas e também expôs limitações de outros novatos, Bortoleto caminha com segurança. E talvez essa seja, no fim das contas, a melhor forma de começar uma carreira na F1.