Daniel Holgado (CFMOTO RCB Aspar Team) “puxou o gatilho” na hora certa e vai largar na pole do GP da Malásia de Moto2. O estreante cravou 2:02.858 no fim do Q2, estabeleceu um novo recorde de volta e ainda meteu mais de meio segundo nos adversários. A primeira fila terá Barry Baltus (Fantic Racing) em segundo e Jake Dixon (ELF Marc VDS Racing Team) em terceiro, mas o sábado ficou marcado também pelo atrito entre os candidatos ao título Manuel Gonzalez (Liqui Moly Dynavolt Intact GP) e Diogo Moreira (Italtrans Racing Team).
O enredo da classificação em Sepang começou a ganhar temperatura logo no início do Q2. Nas primeiras voltas lançadas, Moreira ultrapassou Gonzalez na Curva 1, empurrando o espanhol um pouco para fora da trajetória e arruinando a volta de abertura do líder do campeonato. Na sequência, Gonzalez mergulhou por dentro na Curva 2 para devolver a manobra. O duelo direto entre os dois, ainda na fase de tomada de tempo, adiciona pimenta à luta pela taça.
Enquanto isso, Holgado guardava seu melhor para o fim. Com pista liberada e borracha no ponto, o #96 emendou setores roxos na volta final e quebrou o recorde com 2:02.858 — volta inalcançável para a concorrência. A pole por mais de meio segundo em uma Moto2 tão nivelada chama atenção e consolida o espanhol na disputa pelo prêmio de Estreante do Ano.
A primeira fila ficou completa com Baltus e Dixon. O belga da Fantic confirmou a boa fase e garantiu um lugar privilegiado no grid de largada, enquanto o britânico da Marc VDS converteu um Q2 sólido em terceiro lugar. A segunda fila reúne Albert Arenas (ITALJET Gresini Moto2), o pódio do GP da Catalunha Daniel Muñoz (Red Bull KTM Ajo) e David Alonso (CFMOTO RCB Aspar Team), vice no último fim de semana, todos posicionados para atacar desde a luz verde.
A sessão também cobrou seu preço dos protagonistas do campeonato. Moreira, que havia iniciado o Q2 em alta rotação, cometeu um erro na Curva 4 justamente na última tentativa e terminou apenas em 16º no grid. Gonzalez, por sua vez, conseguiu limitar danos: mesmo atrapalhado no começo, salvou a sétima posição. Logo atrás dele parte Aron Canet (Fantic Racing), terceiro colocado no campeonato, em oitavo.
O episódio entre Gonzalez e Moreira no início do Q2 ajuda a explicar a configuração embaralhada do grid. Em qualificação curta, qualquer perda de embalo ou necessidade de “devolver” manobra custa caro, e a chance de ficar preso no tráfego aumenta. Foi o que aconteceu com Moreira, que viu sua volta final escapar por um deslize no primeiro setor, enquanto Gonzalez ainda encontrou espaço para reagir e garantir a quarta fila.
Para Holgado, o sábado foi praticamente perfeito. A volta do recorde mostra que o espanhol conseguiu unir aquecimento ideal de pneus, acerto para os trechos de alta e uma execução limpa nos pontos de frenagem pesada de Sepang. Largando da pole ao lado de Baltus e Dixon, ele tem a pista limpa para ditar ritmo e administrar a borracha, além de somar pontos importantes na briga pelo título de estreante.
Baltus e Dixon, por sua vez, chegam com argumentos diferentes. O belga tem sido consistente em ritmo de corrida e pode transformar a posição de largada em pódio se escapar das disputas logo atrás. Já Dixon costuma crescer no primeiro stint; se acompanhar o ritmo do pole no começo, vira candidato natural ao top-3.
Entre os candidatos ao título, o panorama do domingo promete estratégias opostas. Gonzalez parte em sétimo e deve mirar um começo agressivo para se livrar do tráfego da metade do top-10, sem se expor a toques. Moreira, em 16º, terá de ser cirúrgico: ganhar posições rápidas nas primeiras voltas sem superaquecer os pneus é chave para entrar na zona de pontos com margem para progredir na segunda metade.
A segunda fila também pode redesenhar a corrida. Arenas costuma largar bem e tem histórico de boa gestão de pneus; Muñoz vem de fim de semana forte na Catalunha e mostrou velocidade de volta única em Sepang; Alonso, companheiro de Holgado, fecha um bloco que tende a pressionar a primeira fila já no primeiro setor.
