Polêmica com entrevistas de comissários da F1 com site de apostas vira problema para FIA

A Federação Internacional de Automobilismo (FIA) suspendeu temporariamente Derek Warwick de suas funções como comissário no final de semana do GP do Canadá de Fórmula 1, após ele conceder uma entrevista a um site de apostas, o que reacende o debate sobre a atuação de membros da entidade junto à mídia e, especialmente, junto a plataformas ligadas a jogos de azar.

Essa decisão foi divulgada logo após o encerramento do segundo treino livre em Montreal. Em comunicado, a FIA declarou: “Após recentes comentários não autorizados à mídia, a FIA decidiu suspender Derek Warwick de suas funções como comissário de pilotos neste fim de semana”. O brasileiro Enrique Bernoldi, ex-piloto de F1, foi nomeado para substituí-lo, atuando a partir do Centro de Operações Remotas da FIA, em Genebra.

Warwick admitiu que os comentários foram inadequados para alguém em sua posição, pediu desculpas à entidade e será reintegrado em sua função já no GP da Áustria.

A entrevista em questão, realizada por uma agência de relações públicas em nome de um site de apostas, abordou temas como o incidente entre Max Verstappen e George Russell no GP da Espanha, e o futuro do holandês na Fórmula 1. Apesar de o conteúdo ser relativamente inofensivo, com Warwick apoiando a penalidade aplicada a Verstappen e prevendo sua permanência na Red Bull Racing em 2026, o contexto em que a entrevista foi realizada trouxe à tona preocupações maiores.

Para muitos, como o comentarista de F1 Will Buxton, o cerne da questão não está no fato de um ex-piloto expressar suas opiniões. Ele destacou em suas redes sociais que ex-pilotos são valiosos para o corpo de comissários, justamente por sua experiência e capacidade de interpretação do que acontece na pista. No entanto, quando esses mesmos profissionais atuam como representantes oficiais da FIA, declarações públicas podem gerar percepção de parcialidade ou conflito de interesses.

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Foto: XPB Images

A situação se agrava por conta da plataforma envolvida. A entrevista foi paga e organizada por uma agência que trabalha para uma empresa de apostas, que distribuiu as falas de Warwick a diversos veículos mediante a exigência de citação e link para o site, estratégia comum para ganhar visibilidade online. Esse modelo tem se tornado uma prática cada vez mais comum entre casas de apostas, que contratam ex-pilotos para darem declarações com potencial de repercussão na mídia.

Também a remuneração, que pode ultrapassar os 2.500 euros por entrevista, é um atrativo considerável para ex-pilotos, principalmente quando comparada à ausência de compensação em entrevistas concedidas à imprensa tradicional. No entanto, isso levanta dúvidas sobre a motivação por trás de tais declarações, já que conteúdos polêmicos tendem a gerar mais repercussão e, por consequência, novas oportunidades.

Warwick não foi o primeiro comissário da FIA a se envolver nesse tipo de situação. Johnny Herbert também foi afastado anteriormente, após a entidade considerar que suas funções como comissário e comentarista de imprensa não eram mais compatíveis, levando a uma separação consensual.

Com as regulamentações sobre apostas cada vez mais rígidas e a crescente presença dessas empresas no universo da Fórmula 1, a linha entre o papel institucional e o interesse comercial se torna cada vez mais tênue, o que deve continuar gerando discussões.

O F1MANIA.NET acompanha ‘in loco’ o GP do Canadá com o jornalista Rodrigo França.

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