Mudança de direção: Prefeitura descarta concessão integral e foca apenas no naming rights do Autódromo de Interlagos
A Prefeitura de São Paulo está elaborando um edital para negociar os direitos de naming rights do Autódromo José Carlos Pace, conhecido mundialmente como Interlagos. A medida é capitaneada pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que abandonou os planos de concessão total do complexo para focar exclusivamente na comercialização do nome do espaço, localizado na zona sul da capital paulista.
Inspirado no modelo de concessão do estádio do Pacaembu — atualmente chamado de Mercado Livre Arena — o projeto visa atrair empresas interessadas em associar suas marcas a um dos circuitos mais tradicionais do automobilismo mundial. No caso do Pacaembu, o grupo Allegra negociou o naming rights com o Mercado Livre, em contrato de até R$ 1 bilhão por 30 anos. Entretanto, a maior parte do valor será direcionada à empresa gestora da concessão, e não diretamente aos cofres públicos. O modelo, portanto, serve de inspiração, mas ainda levanta dúvidas sobre os reais benefícios financeiros para o município.
Até o momento, não foi definido o valor mínimo a ser cobrado pelos naming rights de Interlagos, e o processo está em fase de formulação do edital. A Prefeitura trabalha para finalizar os critérios técnicos e econômicos da proposta.
Paralelamente à negociação, a administração municipal também pretende realizar uma série de melhorias no autódromo. Entre as intervenções previstas estão a retirada de parte dos muros que cercam a pista, permitindo visibilidade ao público do lado de fora, a troca do portal de entrada, reformas no paddock e a instalação de arquibancadas permanentes na famosa curva do S do Senna — um dos pontos mais emblemáticos do traçado. Atualmente, apenas a reta dos boxes e o setor A são arquibancadas fixas.
A decisão de optar pela venda do nome do autódromo vem após a Prefeitura arquivar o projeto anterior de concessão integral do espaço à iniciativa privada, proposto pela gestão do ex-prefeito Bruno Covas (PSDB). A mudança de estratégia busca manter o controle público sobre a operação do autódromo, ao mesmo tempo em que explora alternativas de arrecadação com a marca Interlagos, especialmente relevante diante do crescimento da presença da Fórmula 1, Stock Car e WEC no calendário da cidade.
A expectativa é que o edital seja publicado nos próximos meses, com a negociação sendo concluída ainda antes do Grande Prêmio de São Paulo de Fórmula 1, marcado para novembro. A escolha do parceiro comercial poderá alterar oficialmente o nome do circuito, que passaria a ter um prefixo corporativo, repetindo um modelo já adotado em arenas esportivas ao redor do mundo.
A negociação dos naming rights do Autódromo de Interlagos faz parte de uma política implementada pela Prefeitura de São Paulo após a aprovação de uma lei municipal que autoriza o uso de nomes de empresas em bens públicos. Ao sancionar a medida em dezembro de 2023, o prefeito Ricardo Nunes afirmou: “É uma iniciativa que deu certo em todos os negócios privados, não só na cidade de São Paulo, no mundo inteiro é um grande sucesso”, em declaração ao UOL.
A nova legislação abriu caminho para projetos como o de Interlagos, permitindo à administração municipal buscar alternativas de arrecadação vinculadas à exploração comercial de espaços públicos.