A Fórmula 1 se prepara para um Grande Prêmio de Mônaco diferente de todos os anteriores. Em 2025, além da tradicional imprevisibilidade do circuito de rua de Monte Carlo, um novo regulamento esportivo voltado ao uso de pneus promete embaralhar as estratégias e trazer mais emoção à corrida marcada para este domingo (25).
Pela primeira vez, a F1 exigirá que todos os pilotos façam pelo menos duas paradas nos boxes em uma corrida seca no Principado. Além disso, será obrigatório utilizar ao menos dois dos três compostos disponíveis (macio, médio e duro). A regra derruba o padrão de estratégia que vinha sendo utilizado no GP de Mônaco, onde a baixa degradação dos pneus normalmente favorecia apenas uma troca ou até corridas sem pit-stops em bandeira verde.
Lando Norris larga da pole position pela segunda vez na temporada após marcar o tempo mais rápido da história no circuito, com 1min09s954, à frente do monegasco Charles Leclerc. O australiano Oscar Piastri, líder do campeonato, sairá da terceira posição. Max Verstappen será o quarto no grid após a punição aplicada a Lewis Hamilton, que caiu para quinto.
A grande dúvida é: como os líderes irão se comportar diante das novas exigências? Em condições normais, o carro na frente costuma ditar o ritmo e manter o pelotão compacto, dificultando tentativas de undercut. Mas com duas paradas obrigatórias, qualquer lentidão pode abrir oportunidades para adversários com estratégias diferentes — especialmente para os pilotos mais atrás, como os da Mercedes, que largam em 14º e 15º lugares e devem apostar em pit-stops precoces para ganhar posições com pista livre.
Segundo Mario Isola, diretor da Pirelli, a nova regra deixa o cenário completamente em aberto. “Se alguém souber o que vai acontecer amanhã, essa pessoa não é um engenheiro de estratégia, é um gênio”, afirmou. “Prever uma estratégia é praticamente impossível. Qualquer combinação está em jogo.”
O histórico recente reforça a mudança: em 2024, a corrida foi interrompida na primeira volta após um acidente envolvendo Sergio Pérez e os dois carros da Haas. Na relargada, quase todos os pilotos trocaram os pneus e seguiram até o fim sem novas paradas — algo que não será mais possível.
A distribuição de compostos entre os pilotos também está mais variada do que o habitual. As duplas da McLaren, Aston Martin e Hamilton iniciaram o fim de semana com quatro jogos de macios, um de médios e dois de duros. Já Red Bull, Racing Bulls e Sauber apostaram em cinco jogos de macios. Mercedes optou por um equilíbrio com três macios, dois médios e dois duros. Essa diferença amplia as possibilidades estratégicas e dificulta qualquer previsão.
Há até mesmo hipóteses mais ousadas em consideração nos bastidores. Uma delas seria um piloto parar nas voltas 1 e 2 para cumprir as duas trocas logo no início e seguir até o fim com apenas um stint longo. Contudo, Isola acredita que essa manobra seria arriscada demais: “Aqui é comum ter Safety Car, VSC e bandeira vermelha. Se você faz as duas paradas no começo e o Safety Car entra, sua corrida está comprometida.”
Um eventual Safety Car, aliás, pode transformar completamente a dinâmica da prova. Caso vários pilotos tentem parar ao mesmo tempo, o espaço limitado do pit lane de Mônaco pode causar um congestionamento e até provocar a interrupção da corrida.
Com isso, a corrida deixa de ser apenas sobre velocidade pura e passa a ser uma batalha de posicionamento e leitura estratégica. Mesmo sem previsão de chuva — o domingo deve ser ensolarado —, a imprevisibilidade está garantida.
O GP de Mônaco 2025 será mais do que um teste de pilotagem: será um verdadeiro xadrez técnico no qual cada decisão, cada volta e cada pit-stop poderá definir o vencedor nas ruas estreitas do Principado.
O F1MANIA.NET acompanha o GP de Mônaco ‘in loco’ com o jornalista Rodrigo França.