Estreia do composto C6, estratégia refinada e iniciativas de inclusão marcam corrida da Fórmula 1 em um dos circuitos mais históricos do calendário
A temporada europeia da Fórmula 1 tem início em Ímola, palco tradicional e técnico, que marca também a estreia em corrida do novo composto C6 da Pirelli. Após o primeiro quarto do campeonato, a categoria entra agora em um trecho decisivo e emblemático do calendário, com etapas em solo europeu até o GP da Itália, em Monza, no início de setembro. E nada melhor que iniciar esse ciclo em um circuito que respira história: o Autódromo Enzo e Dino Ferrari, no coração do Vale do Motor italiano, recebe o GP da Emília-Romanha 2026 neste fim de semana, entre os dias 16 e 18 de maio.
Nomeada como GP da Emília-Romanha e do Made in Italy, a etapa italiana carrega consigo um forte valor simbólico. Ímola não apenas leva o nome do fundador da Ferrari e de seu filho, mas também representa um dos redutos mais tradicionais da Fórmula 1. A Itália, afinal, é o país que mais sediou provas válidas pelo Campeonato Mundial: foram 74 em Monza, 31 em Ímola, além de uma em Mugello e outra em Pescara.
Um novo capítulo nos compostos: estreia do C6
A grande novidade técnica do fim de semana é a estreia em corrida do composto C6, o mais macio da nova gama de pneus da Pirelli para 2025. Para Ímola, a fornecedora italiana optou por uma seleção ousada: C4 como Duro, C5 como Médio e C6 como Macio. Será a primeira vez que os pilotos terão contato com o C6 nos carros atuais, já que o composto não foi utilizado nem mesmo nos testes do Bahrein.
Homologado para pistas de baixa abrasividade, o C6 foi projetado para maximizar a aderência em voltas rápidas, e Ímola oferece um bom ambiente para esse tipo de experimento. Embora seja pouco provável que o novo composto seja usado em stints longos de corrida, sua performance neste fim de semana – e posteriormente em Mônaco e Montreal – servirá como base para avaliações mais amplas por parte da engenharia da Pirelli.
Estratégia: passado, presente e possibilidades
Em 2024, a estratégia vencedora foi a de uma única parada, com a maioria dos pilotos optando pelo composto Médio na largada. Na ocasião, o C3 (mais duro) mostrou desempenho mais consistente diante de temperaturas de pista que ultrapassaram os 50 °C, enquanto os que arriscaram largar com o C5 (macio) precisaram de duas paradas.
Com a escolha mais macia deste ano, o impacto estratégico será observado com atenção. A pista tem apenas uma zona de DRS e poucas oportunidades reais de ultrapassagem. Além disso, Ímola possui o pit lane mais longo do calendário em tempo perdido, o que reforça a tendência de estratégias conservadoras e planejadas com precisão.
Desafios técnicos de uma pista clássica
Ímola é um traçado que exige respeito. São 4,909 km, 19 curvas – dez à esquerda e nove à direita – e o desafio adicional de correr no sentido anti-horário. O traçado estreito, as zebras altas e as variações naturais de relevo fazem do circuito uma prova de precisão e equilíbrio.
A volta começa com a clássica Tamburello, rápida e exigente, seguida pela chicane Villeneuve e a curva Tosa, onde a tração na saída é fundamental. A sequência de Acque Minerali impõe uma combinação de técnica e coragem, enquanto a chicane Alta e a Rivazza completam uma volta que premia os carros bem acertados, especialmente em termos de estabilidade nas frenagens e agilidade em mudanças de direção.
Do ponto de vista dos pneus, a carga média e a degradação limitada são favoráveis, mas o uso intenso das zebras pode aumentar o estresse mecânico – um ponto a ser observado, especialmente com o uso de compostos mais macios.
Inovação e inclusão: o espírito WOW em Ímola
WOW é o acrônimo de “Women Opening Ways” (Mulheres Abrindo Caminhos). O fim de semana em Ímola também será marcado por uma celebração do avanço social no automobilismo. Em março, o circuito foi palco do lançamento do evento Wow Women Motor 2025, promovendo o empoderamento feminino, as disciplinas STEM e a inclusão no universo automotivo.
Com apoio da Pirelli, MUNER, CRIF e a Prefeitura de Ímola, mais de 150 estudantes participaram de um desafio educacional sobre igualdade de gênero no automobilismo. Divididos em equipes, os alunos tiveram dois meses para desenvolver seus projetos. Os vencedores serão premiados em uma cerimônia especial no dia 15 de maio, com a presença de Mario Isola, Diretor de Automobilismo da Pirelli, na fan zone do circuito. Um momento simbólico em um dos templos do automobilismo mundial.
Estatísticas e lendas: Schumacher, Senna e Verstappen
Ímola estreou na Fórmula 1 em 1980, na única ocasião em que Monza não recebeu o GP da Itália. De 1981 a 2006, a pista sediou o GP de San Marino. Em 2020, voltou ao calendário como GP da Emília-Romanha. A edição de 2023 foi cancelada devido às fortes enchentes na região.
Michael Schumacher reina absoluto em Ímola com sete vitórias. Alain Prost, Ayrton Senna e Max Verstappen dividem a segunda posição com três triunfos cada – o holandês venceu as últimas três corridas no circuito. Senna é o recordista de poles, com oito, seguido por Schumacher (cinco) e René Arnoux (três). Nos pódios, Schumacher também lidera com 12 aparições, à frente de Prost (seis), Senna e Gerhard Berger (cinco cada).
Entre as equipes, Ferrari e Williams somam oito vitórias cada, seguidas pela McLaren, com seis. Nas poles, a McLaren lidera com oito, enquanto Ferrari e Williams têm, respectivamente, seis e quatro. No total de pódios, a Ferrari se destaca com 25, contra 22 da McLaren e 15 da Williams.