Depois de apenas nove GPs desde sua aguardada mudança para a Ferrari na temporada 2025 da Fórmula 1, Lewis Hamilton estaria percebendo que não é mais ‘o bebê da casa’ e que enfrenta significativas diferenças culturais na equipe italiana. Essa é a análise de Eric Boullier, ex-chefe de equipe da Renault e Lotus, e ex-diretor de corridas da McLaren.
A mudança de Hamilton de uma equipe que o levou a seis dos seus sete títulos na F1, a Mercedes, para realizar um sonho antigo de correr pela Scuderia, foi um dos movimentos mais comentados na história da Fórmula 1. No entanto, o desempenho do piloto de 40 anos tem sido discreto em GPs, com a melhor colocação sendo um quarto lugar em Ímola. No último GP da Espanha, Hamilton terminou em sexto, demonstrando frustração por não conseguir extrair ritmo de seu carro.
Boullier, que possui vasta experiência em equipes de ponta, classificou a decisão de Hamilton de deixar a Mercedes como ‘uma atitude muito corajosa’, mas destacou que as dificuldades eram esperadas. “Quando você ganhou tudo e é o melhor de todos os tempos, entendo o desafio, e Ferrari é Ferrari”, disse Boullier ao RacingNews365. “Isso mostra algumas coisas. Mudar de equipe é bastante significativo para um piloto, e quanto mais alto você está, estando com a Mercedes por tantos anos e indo para a Ferrari, outra equipe de ponta, é mais difícil se adaptar do que mudar, digamos, para uma equipe do pelotão intermediário”, disse ele.
O ex-dirigente destacou a questão cultural como um fator relevante para Hamilton, traçando um paralelo com a experiência de Fernando Alonso na McLaren em 2007. Naquela época, Alonso esperava tratamento preferencial, mas não o obteve com o então novato Hamilton como companheiro de equipe. Segundo Boullier, a situação se inverte para Hamilton ao lado de Charles Leclerc na Ferrari. “Lembro de Fernando na McLaren em 2007, e ele tinha a impressão de que a equipe não estava o apoiando porque o ‘bebê da casa’ era Lewis”, disse Boullier. “Lewis está agora percebendo isso na Ferrari, que o ‘bebê da casa’ não é ele, é Charles. Podemos ver em sua comunicação com seu engenheiro que ele está lutando um pouco. Vai levar tempo, eu acho”, acrescentou.
Boullier acrescentou que Hamilton provavelmente sentia conforto em ser inglês em uma equipe como a Mercedes, que tem suas instalações no Reino Unido. “A cultura tem um enorme impacto na sua integração em uma equipe, e eu acho que este é um desafio para Lewis. Sabemos que ele é rápido, sabemos que ele é o maior de todos os tempos, mas podemos ver que um piloto se sente em casa, Charles, e o outro (Hamilton) ainda não”, finalizou o ex-dirigente.