F1: Como vencer o GP do Canadá? Pneus, estratégias e clima imprevisível ditam o ritmo

O Grande Prêmio do Canadá é tradicionalmente uma das corridas mais imprevisíveis da temporada, e a gestão dos pneus costuma desempenhar um papel decisivo no resultado final. O traçado do Circuito Gilles Villeneuve é conhecido por seu estilo que exige alternância constante entre acelerações fortes e freadas intensas. Em vez de curvas longas e fluidas, como em pistas como Suzuka ou Silverstone, Montreal apresenta uma sequência de retas longas seguidas por curvas fechadas, como chicanes e hairpins. Isso obriga os pilotos a frearem bruscamente e acelerarem com força na saída das curvas, várias vezes por volta.

Esse tipo de traçado exige muito dos freios e do equilíbrio dos carros. Um bom desempenho depende da capacidade de parar o carro rapidamente, manter a estabilidade nas curvas lentas e, em seguida, ganhar velocidade o mais rápido possível. A tração na saída das curvas e a eficiência em frenagem são aspectos decisivos para um bom ritmo de corrida em Montreal.

Para a etapa canadense, a Pirelli escolheu o trio de pneus mais macios da sua gama: C6 (macio), C5 (médio) e C4 (duro). Esta será a terceira vez no ano que essa combinação será usada, e representa uma escolha mais agressiva em relação a 2024, quando os compostos selecionados foram C3, C4 e C5. A mudança visa estimular múltiplas estratégias e criar um cenário de maior variação entre stints, paradas e degradação térmica.

O Circuito Gilles Villeneuve apresenta forças laterais moderadas a baixas, mas com cargas longitudinais elevadas. Isso significa que os pneus são exigidos especialmente em frenagens intensas e acelerações fortes, como na saída da curva 10 e na aproximação da chicane final. Nesses trechos, a tração e a estabilidade influenciam diretamente na durabilidade dos compostos — especialmente dos mais macios.

Nos treinos livres, é comum observar granulação nos pneus, particularmente no primeiro dia, quando a pista ainda está “verde”, com pouca borracha acumulada. A tendência, no entanto, é de melhora conforme o traçado é usado ao longo do fim de semana. Os tempos de volta caem rapidamente de uma sessão para outra, o que exige atenção extra no planejamento de voltas rápidas e stints longos.

O clima de Montreal é um dos fatores mais imprevisíveis do calendário. Em 2024, por exemplo, a corrida começou com pista molhada, exigindo o uso dos pneus intermediários (Verde) e até dos pneus de chuva extrema (Azul). Para 2025, o pneu de chuva extrema foi atualizado, ganhando uma construção mais rígida para suportar as maiores cargas aerodinâmicas dos carros atuais. No entanto, desde 2023, os pneus de chuva não podem mais ser pré-aquecidos, o que aumenta o risco de patinagem e acidentes nas voltas iniciais.

A temperatura das mantas térmicas para os intermediários segue limitada a 60°C, o que obriga os pilotos a aquecerem manualmente os compostos nas primeiras curvas — mais uma variável que torna o início de stint algo delicado, especialmente em condições mistas.

Em termos estratégicos, a corrida costuma ser de uma ou duas paradas, mas a frequência de safety cars em Montreal — devido à proximidade dos muros e às escapadas limitadas — frequentemente embaralha os planos. Uma escolha comum nas últimas edições tem sido iniciar com pneus médios e terminar com os duros, buscando maior estabilidade e menor risco de desgaste. No entanto, alguns pilotos apostam no macio para as voltas iniciais com pista mais fria, principalmente em classificações ou trechos curtos sob safety car.

Com tantas variáveis envolvidas — da temperatura da pista à chance de chuva repentina — o GP do Canadá se firma como uma das etapas mais complexas do ano do ponto de vista estratégico. Quem souber ler corretamente as condições e adaptar sua abordagem em tempo real, pode transformar um fim de semana difícil em resultado inesperadamente positivo.

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