Primeiro dia da F1 em Melbourne tem Hamilton eufórico, Piastrimania e Bortoleto confiante

A espera está chegando ao fim: a temporada 2025 começou praticamente em fevereiro de 2024, com o surpreendente anúncio de Lewis Hamilton assinando com a Ferrari – e, com 13 meses de longa espera, a transferência mais espetacular da história, envolvendo o maior vencedor da F1 com a única escuderia a participar de todos os campeonatos desde 1950, vai finalmente entrar na pista de forma oficial amanhã, no primeiro dia de treinos do GP da Austrália no circuito de Albert Park, em Melbourne, onde o F1MANIA.NET acompanha in loco a abertura da temporada.

E foi justamente o célebre casamento de Hamilton com Ferrari a grande atenção do dia. Primeiro, com a convocação para a entrevista oficial da FIA nesta tarde de quinta-feira na Austrália – a sala de imprensa ficou literalmente abarrotada de jornalistas de todo o mundo – com muita gente de pé no salão e outros preferindo acompanhar de seu próprio lugar no media center, pelas TVs – mas aí sem oportunidade de fazer perguntas.

A curiosa escalação da FIA foi jornalisticamente interessante: Hamilton estava ao lado de Carlos Sainz, de quem “tomou” o lugar na Ferrari, e de Kimi Antonelli, que “herdou” seu lugar na Mercedes. Ainda assim, o britânico foi o mais acionado pela imprensa – que ouviu dele estar “feliz como se fosse um estreante”, relembrando da emoção de 2007, quando também fez sua estreia na F1 em Albert Park com a McLaren.

“Passei tantos anos pela garagem vermelha e agora estou nela. É uma sensação muito legal”, disse Hamilton, que também garantiu não sentir pressão extra agora competindo pelo time com a maior torcida da F1. “Eu não sinto a pressão: não leio as notícias, fico muito tempo longe das mídias sociais e não fico sendo bombardeado por este tipo de conteúdo, é como se eu me isolasse dentro de minha própria bolha”, completou o inglês.

Mas, de fato, o interesse gigantesco de fãs e mídia por esta estreia tão aguardada afeta a todos – como Charles Leclerc. Na entrevista que ele concedeu aos jornalistas em Melbourne, praticamente todas as perguntas eram justamente sobre a chegada de Hamilton e como está o processo de ajudar o inglês a se sentir mais em casa na Ferrari.

“Ele não precisa de conselhos meus. Acho que a única coisa que eu tenho ajudado é ele entender o italiano para as comidas”, brincou Leclerc, que foi “elogiado” por Hamilton em momento que causou risos na sala de imprensa. “O que posso dizer do Charles? Ele é um cara bonito, com cabelo incrível e os olhos dele (risos)”, disse Hamilton.

Na McLaren, o clima entre os companheiros de equipe também é bom – e nada de “papaya rules” por enquanto. Mas em Melbourne quem larga na frente nos bastidores é Oscar Piastri. Correndo em casa, Melbourne vive a “Piastrimania”, com apoio maçico dos fãs, algo que não era visto na era de Daniel Ricciardo, por exemplo.

Em todo lugar que você passa na cidade, há uma ativação da McLaren ou propaganda com o jovem piloto. Ele sabe que 2025 pode ser o grande ano de sua consolidação na F1 – não por acaso, celebrou ontem a renovação de contrato com o time por “vários anos”. “Vamos ter um bom ano, terminamos 2024 em alta e trabalhamos bastante entre as temporadas para lutar por uma grande temporada”, disse.

Primeiro dia da F1 em Melbourne tem Hamilton eufórico, Piastrimania e Bortoleto confiante
Foto: XPB Images

Quem também mostrou confiança foi Gabriel Bortoleto. O brasileiro estreou em Melbourne em seu primeiro “media day” em um GP como piloto oficial da F1 e teve uma procura bem alta em sua entrevista – considerando que a Sauber foi a última colocado em 2024 e normalmente não recebia tanta atenção assim.

Perguntado sobre a classificação como “piloto B” por Helmut Marko, o consultor da Red Bull, o brasileiro demonstrou que começa 2025 com ótima auto confiança.

“Eu vi o que ele disse e adoro desafios. Ele é um cara que colocou muito cara talentoso na F1 e já colocou outros errados. Então você pode ver que ele acertou e errou. Espero provar que ele está errado com o tempo. Na F3 e F2 eu ganhei os campeonatos superando pilotos dele. Mas não há nada que eu possa dizer agora que o fará mudar de ideia. Apenas meus resultados na pista. Tenho certeza de que vou provar que ele estava errado em algum momento. Por enquanto, estou apenas me concentrando em fazer meu trabalho, melhorar e fazer o melhor que posso”, comentou.

Bortoleto também comentou sobre a maior diferença sobre F1 com outras categorias: as atividades extra pista. “Há muita coisa a ser feita com mídia, patrocinadores. Mas acho muito bom, porque é graças a isso que conseguimos competir em um esporte tão especial e tem sido incrível até aqui”, completou.

Nesta quinta-feira, o brasileiro também teve um dia intenso trabalhando com sua equipe de engenheiros, fazendo ajustes já sentado no carro dentro dos boxes e atendendo patrocinadores. A partir de amanhã, ele começa uma jornada que coloca o Brasil de volta a um posto que desde o final de 2017 não era visto: um brasileiro titular da F1.

Para muitos novos fãs brasileiros, será uma novidade – a geração “Drive to Survive”, que começou a ver o esporte a partir do seriado da Netflix e da explosão das mídias sociais, sobretudo de 2020 em diante, agora terá um protagonismo inédito.

Perguntado por F1MANIA.NET sobre como vê este momento para o Brasil, Bortoleto brincou. “Vai ser demais: que venha o nosso episódio do Drive to Survive!”. Coincidência ou não, os câmeras e operadores de áudio da série estavam lá registrando todos os bastidores.

Como será o desfecho? Bom, este cenário a gente começa a ver a partir de amanhã quando os carros saem na pista. Começando a carreira na equipe que foi a última colocado no ano anterior, Bortoleto sabe que sua chance de brilhar terá que ser bem aproveitada a cada GP. E uma estreia em um circuito de rua e com previsão de chuva para domingo pode ser a melhor pedida para o brasileiro…

O F1MANIA.NET acompanha o GP da Austrália ‘in loco’ com o jornalista Rodrigo França.