Max ameaça sair da F1: como foi a “coletiva protesto” onde F1MANIA.NET esteve presente

Singapura foi um dos GPs mais quentes do ano – e eu não estou falando apenas do calor equatorial enfrentado por pilotos e equipes neste final de semana. Dentro e fora das pistas, vários acontecimentos fizeram da corrida deste final de semana uma prova memorável para os fãs da F1.

Primeiro, vamos para a parte desportiva: mais uma vitória de Lando Norris com sua agora imbatível McLaren coloca fogo no campeonato. E se você ainda duvida de que eles vão lutar pelo título, basta ver a atitude da equipe co-irmã da Red Bull de chamar Daniel Ricciardo para roubar o ponto de melhor volta para Norris.

Sim, a briga será acirrada por cada ponto e os dois times sabem disso – e mesmo Norris não pareceu se importar muito. “Parabéns para o Daniel. Não vejo problema (em um time diferente interferir em outro), a F1 é assim antes mesmo de eu nascer”, disse Norris na coletiva de imprensa logo após a corrida, onde F1MANIA.NET estava presente.

Pensando nisso, as famosas jogadas do “papaya rules” na Hungria e em Monza já estão entrando na conta de Norris com certeza – afinal, com ele em primeiro lugar nestes dois GPs, a diferença agora seriam de “apenas” 31 pontos.

Em todo caso, a volta mais rápida ser de Ricciardo pode ter sido uma recompensa para aquela que pode ser a última corrida da carreira do australiano na F1. Nossa reportagem viu ele ser aplaudido pelos integrantes da Racing Bulls quando chegou ao hospitality center do time em Singapura e sua emocionada entrevista para o canal oficial da F1 mostra que é mesmo questão de tempo até Lawson ser anunciado como titular já para o restante do ano de 2024.

O mercado de pilotos também viu dias quentes em Singapura, com a imprensa suíça cravando Bottas por mais um ano na Sauber/Audi – mas o próprio finlandês negou. Pelo que F1MANIA.NET apurou, as chances de Gabriel Bortoleto seguem grandes, porém o próprio staff do piloto e a McLaren entendem que pode não valer a pena um contrato com o pior time atual do grid que o impeça de sair nas próximas temporadas.

“Quem vence no primeiro ano a F3 e a F2 chega com o passe valorizado na F1”, me disse George Russell na entrevista da FIA de quinta. O mesmo falou Piastri: “neste tipo de caso, é questão de tempo até aparecer a boa oportunidade de estreia do piloto”, explicou o australiano, ele mesmo tendo esperando a chance na McLaren e que hoje tem o melhor carro do grid.

E por falar em entrevista FIA, os protestos de Verstappen geraram as principais manchetes no sábado e no domingo, roubando até a atenção para a disputa do campeonato. Afinal, o piloto da Red Bull foi claro em dizer que este tipo de situação “boba” pode colocar fim prematuro a sua carreira na F1. Não é segredo para ninguém que o holandês não se vê competindo até os 40, 45 anos de idade, como faz Fernando Alonso.

Mas “não poder ser quem eu sou” é parte importante da decisão de Verstappen. O protesto ficou claro logo na entrevista de sábado, quando ele respondeu de forma monossilábica e ao final disse aos jornalistas que teria o maior prazer em atender todo mundo logo após aquele evento. Acontece que, aos sábados, depois da coletiva oficial FIA para mídia impressa, os pilotos precisam ir ao “cercadinho” para falar com as TVs.

Então, o caos acabou reinando por breves minutos no paddock em Singapura com cerca de 20 jornalistas, incluindo este que te escreve, tentando acompanhar Max nas escadas e no caminho do cercadinho da TV sem ser “atropelado” e ao mesmo tempo garantido o áudio com a entrevista do piloto da Red Bull.

No domingo, o cerimonial é invertido, então, após as TVs, Max fez novo “protesto de silêncio” na coletiva de imprensa e, ao final, com a liberação de sua equipe, usou uma mesa do hospitality center da Red Bull em Singapura para falar com os jornalistas. Foi neste momento que Max soltou as palavras duras contra o que alega ser uma falta de bom senso da FIA.

Perguntado se a greve continuará, Max respondeu que ainda não sabe. A vantagem é que o campeonato dará agora uma pausa considerável até a corrida dos Estados Unidos, em Austin, no Texas, com tempo mais do que suficiente para a FIA rever seus conceitos ou mesmo acalmar as punições aos pilotos – Max citou também a multa que Carlos Sainz recebeu por atravessar a pista a pé, sendo que era um momento bem seguro para isso, já que havia bandeira vermelha.

O fato é que as respostas criativas de Verstappen e de outros pilotos nas entrevistas oficiais FIA acabaram rendendo bons momentos para popularizar o esporte. Bons memes, brincadeiras, mostrando o lado mais humano da competição, algo que os donos norte-americanos da F1 tanto presam com o Drive to Survive da Netflix.

Por isso, é preciso haver uma intermediação para garantir que os pilotos quando falem com nós, jornalistas, possam ser eles mesmos, já que nosso intuito é passar para o público o máximo de novas histórias e bastidores possíveis.

Enquanto esse dia não chega, pelo menos nós da mídia podemos dizer que já presenciamos mais uma situação inédita nestes mais de 25 anos de cobertura (no meu caso) dos GPs da F1 in loco – a greve de um tricampeão mundial de F1 em um sala de imprensa. Como torcedor, a gente lembra de outro caso de quem teve coragem de levantar a voz contra o abuso de poder da FIA – Ayrton Senna.

Sim, são caso bem distintos e no caso do brasileiro, com o agravante de interferir em decisões de pista que o prejudicaram em brigas pelo título. Mas, assim como Senna, Verstappen parece ter noção de seu tamanho no esporte para pressionar algumas pessoas por mudanças. Afinal, a F1 precisa de Max Verstappen. Ele também precisa da F1 – por enquanto. Em alguns anos, talvez não mais…

O F1MANIA.NET esteve presente ‘in loco’ no GP de Singapura com o jornalista Rodrigo França.



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