A parceria entre Adrian Newey e a Aston Martin pode já estar enfrentando seus primeiros atritos, logo depois de ter começado. Segundo o ex-piloto de Fórmula 1, Robert Doornbos, o ambiente na equipe britânica tem sido de crescente tensão, especialmente em torno do proprietário Lawrence Stroll, insatisfeito com a postura do renomado projetista.
Newey, que se juntou à Aston Martin em março deste ano, após sua saída da Red Bull Racing, tem se recusado a intervir no desenvolvimento do carro de 2025, cuja performance vem sendo fortemente criticada. “Ele não participa de reuniões, não responde e-mails, está apenas focado em preparar um carro rápido para o próximo ano”, disse o chefe da equipe, Andy Cowell, durante o fim de semana em Jeddah. “E todos apoiamos esse processo.”
Fernando Alonso, piloto da equipe, confirmou a escolha de Newey por priorizar o projeto de 2026, deixando claro que cabe ao engenheiro decidir onde aplicar seu tempo. Pedro de la Rosa, embaixador da Aston Martin e amigo de longa data de Alonso, lamentou a situação: “Sinto muito pelo Fernando. Não conseguimos oferecer nada melhor no momento. Eu também sofro, principalmente por não ter nenhuma influência técnica. Não consigo dormir há dias”, disse ele.
Com o carro de 2025 longe de ser competitivo, houve até quem sugerisse o retorno ao modelo do ano anterior. “Começo a pensar que ressuscitar o carro de 2024 pode ser a melhor solução”, escreveu o jornalista espanhol Carlos Miguel no jornal Marca.
Enquanto isso, Doornbos relatou à Ziggo Sport um ambiente carregado nos bastidores da equipe: “Lawrence Stroll tem uma grande presença, mas não é agradável estar perto dele agora. Ele está furioso com Newey, que não quer se envolver com o carro deste ano.”
O ex-piloto também mencionou rumores de que Stroll pode estar sendo pressionado a vender a equipe ao fundo soberano da Arábia Saudita, motivado pelo baixo desempenho da Aston Martin e pela desvalorização do projeto.
Newey, por sua vez, estaria pensando estrategicamente. Como não há transferência de peças ou conceito técnico entre os carros de 2025 e 2026, ele não veria sentido em desviar sua atenção. “Ele não se incomoda se a Aston Martin terminar em penúltimo no campeonato este ano. Assim, terá mais tempo de túnel de vento para desenvolver o carro de 2026”, concluiu Doornbos.
A crise técnica e as tensões internas deixam a equipe em uma posição delicada no campeonato, com um futuro incerto tanto dentro quanto fora das pistas.