A batalha técnica entre Red Bull Racing e McLaren ganhou novos contornos após o GP da Emília-Romanha de Fórmula 1, com a Red Bull levantando suspeitas sobre possíveis soluções ilegais de resfriamento de pneus utilizadas pela rival britânica. A discussão foi intensificada por uma diretriz técnica (TD) emitida pela FIA antes da corrida em Ímola, que tornou público um diálogo entre Red Bull e a entidade sobre conceitos e interpretações do regulamento em relação ao tema.
Embora a FIA tenha deixado claro que a diretriz não alterou nenhuma regra existente, ela revelou detalhes das investigações da Red Bull a respeito de métodos de controle térmico nos pneus, especialmente em relação ao design do conjunto das rodas e à influência de fluídos ou dispositivos termelétricos. A McLaren nega qualquer irregularidade, fato que foi confirmado pela FIA.
A Red Bull apresentou uma série de propostas hipotéticas para a FIA, buscando esclarecimentos sobre sua legalidade. Entre elas, destacam-se conceitos envolvendo o uso de líquidos para condução térmica dentro do corpo da roda, uso de reservatórios ocultos e até a utilização do sistema de bebida do piloto como recurso auxiliar para resfriamento. Em todos esses casos, a FIA declarou tais soluções ilegais com base no artigo 11.5, que proíbe o resfriamento líquido dos freios, e no artigo 10.8.4.d, que veta qualquer sistema que auxilie no controle de temperatura das rodas ou freios, exceto o próprio ato de pilotar. No entanto, a entidade não encontrou nada disso nos carros da McLaren.
Uma proposta envolvendo dispositivos termelétricos, como os chamados Peltier, não foi imediatamente descartada pela federação. Esses dispositivos, que não possuem partes móveis e funcionam com corrente elétrica, podem aquecer ou resfriar componentes dependendo do sentido da corrente. A FIA reconheceu que, se empregados apenas como sensores, esses dispositivos seriam permitidos, mas alertou que, caso tenham impacto significativo no funcionamento do sistema, seriam considerados atuadores, o que os tornaria ilegais.
Apesar de todas as hipóteses terem sido levantadas teoricamente pela Red Bull, o fato de a equipe ter buscado respostas tão específicas da FIA, indica preocupação com algum possível ganho técnico da McLaren, especialmente após a diferença de desempenho vista em Miami e a reversão do quadro em Ímola, onde Max Verstappen voltou a vencer.
De qualquer maneira, ainda é cedo para afirmar se a diferença entre as equipes é fruto de características de pista, evolução técnica ou reflexo direto das diretrizes da FIA. O que parece certo é que o jogo técnico nos bastidores da F1 em 2025 segue em alta temperatura, ironicamente impulsionado por debates sobre resfriamento.
O F1MANIA.NET acompanha o GP de Mônaco ‘in loco’ com o jornalista Rodrigo França.