Entenda como a combinação entre traçado técnico, desgaste de pneus e escolhas dos compostos define o caminho mais eficiente rumo ao pódio em Montmeló
O Grande Prêmio da Espanha, disputado no tradicional circuito de Barcelona-Catalunha, é muito mais do que uma corrida em território europeu: é um verdadeiro teste de equilíbrio técnico e estratégico para equipes e pilotos. Conhecida por seu traçado completo e exigente, a pista de Montmeló costuma ser um divisor de águas na temporada — e frequentemente serve como parâmetro para avaliar o real potencial dos carros.
Com a Pirelli trazendo os compostos mais duros da gama para esta etapa (C1 como Duro, C2 como Médio e C3 como Macio), a pergunta que se impõe às equipes é: qual é a estratégia ideal para vencer ou pontuar bem no GP da Espanha?
Pneus duros, desgaste alto e curvas rápidas: o tripé estratégico de Barcelona
Barcelona é um circuito que tradicionalmente exige duas paradas, e isso não deve ser diferente em 2025. A combinação de curvas de alta velocidade, como as curvas 3 e 9, e a superfície abrasiva do asfalto faz com que a degradação dos pneus seja uma das mais altas do calendário.
Segundo a Pirelli, o pneu dianteiro esquerdo é o mais exigido do traçado catalão, o que reforça a importância de uma boa gestão de compostos ao longo da corrida. Em 2024, por exemplo, a maioria dos pilotos utilizou todos os três compostos disponíveis, com o stint final geralmente sendo feito com pneus Macios, buscando maximizar o ritmo nas últimas voltas.
A evolução dos compostos e o novo C2: um fator de equilíbrio
Para este ano, os compostos foram revisados, especialmente o C2. A ideia da Pirelli foi equilibrar melhor as diferenças de desempenho entre os pneus Duro, Médio e Macio, permitindo que estratégias diferentes possam ser viáveis sem comprometer o ritmo de corrida.
Na prática, isso abre a possibilidade de utilizar o C2 (Médio) como o “pneu de trabalho” principal. Sua durabilidade razoável combinada com performance mais estável o torna a melhor opção para os dois stints iniciais. O Macio (C3), apesar de rápido, tende a se degradar com mais facilidade em Barcelona — ideal, portanto, para stints curtos, seja na largada ou no final da prova, dependendo da posição no grid e da janela de pit stops.
Já o C1 (Duro) é o mais resistente, mas seu uso pode ser arriscado em termos de ritmo, principalmente se as equipes não encontrarem a janela ideal de temperatura.
Simulações e leitura de pista: a ciência por trás das decisões
Antes de definirem suas estratégias, as equipes contam com dados fornecidos pela Pirelli que medem a microrrugosidade e a macrorrugosidade da pista — em outras palavras, o quanto o asfalto é áspero e irregular, respectivamente. Esses dados alimentam os modelos de simulação de corrida e ajudam engenheiros a prever com precisão o comportamento de cada composto em diferentes fases da prova.
Além disso, o novo regulamento técnico sobre a flexibilidade das asas dianteiras e traseiras, que entra em vigor justamente neste fim de semana, pode alterar o equilíbrio dos carros, impactando diretamente o desgaste dos pneus — especialmente em trechos de alta velocidade.
A estratégia ideal: dois stints de Médio e um de Macio?
Com base em todas as variáveis — traçado, compostos disponíveis, histórico da corrida e atualizações técnicas — a estratégia mais recomendada para a maioria das equipes é a de duas paradas, utilizando o pneu Médio (C2) como base, seja em dois stints consecutivos ou combinado com o Macio (C3).
Como referência, em 2024, Max Verstappen foi quem venceu a corrida com uma estratégia de duas paradas: de macios para os médios na volta 17 e, em seu segundo pit stop, na volta 44, ele trocou os médios para macios novamente.
Para os pilotos que largam nas primeiras posições, largar com o composto Médio e finalizar com o Macio pode garantir equilíbrio entre durabilidade e desempenho, com a chance de imprimir um ritmo forte no final da prova.
Já para quem larga mais ao fundo do grid, a melhor alternativa costuma ser inverter a lógica: começar com o Macio para tentar ganhar posições iniciais, passar para o Médio no stint intermediário e voltar ao Macio no final, aproveitando uma pista mais emborrachada e a menor carga de combustível. Evitar o uso prolongado do pneu Duro (C1), que costuma comprometer o ritmo em Barcelona, tem se mostrado uma escolha estratégica mais eficaz em corridas recentes.