A Fórmula 1 chega ao GP da Emília-Romanha 2025, em Ímola, com clima típico de primavera europeia e um cenário encantador. Mas por trás das flores e do sol às margens do rio Santerno, o que conta mesmo é a estratégia para a corrida, especialmente num circuito tão estreito e tradicional, onde cada posição no grid pode valer ouro.
Pole position de Oscar Piastri, da McLaren, garante vantagem inicial, mas o australiano terá de lidar com rivais que passaram a noite estudando possibilidades para superá-lo. Em um traçado como o de Ímola, manter-se à frente após a largada pode ser decisivo, pois as chances de ultrapassagem ao longo das 63 voltas são limitadas. A edição do ano passado, marcada por ausência de Safety Car e poucas intercorrências, serviu de laboratório para 2025: a maioria apostou em apenas uma parada, priorizando a sequência médio-duro.

Na última temporada, Max Verstappen, Lando Norris e Charles Leclerc largaram e terminaram entre os três primeiros, fazendo suas trocas entre as voltas 22 e 25. Oscar Piastri apostou no undercut e ganhou posição de Carlos Sainz, que retardou a parada. George Russell, da Mercedes, foi exceção ao adotar uma estratégia de duas paradas, mas perdeu posição justamente para seu companheiro de equipe, Lewis Hamilton, cruzando a linha de chegada em sétimo lugar.
Neste ano, a Pirelli trouxe pneus um passo mais macios: Macio, Médio e Duro, sendo o C6 o mais macio da gama, o que pode apimentar as estratégias. Ainda assim, a previsão aponta para uma corrida majoritariamente de uma parada, com a janela ideal entre as voltas 19 e 25, partindo do composto médio para o duro. O pit lane de Ímola é longo, com perda de 27 segundos em cada pit stop, fator que desestimula estratégias mais agressivas de duas paradas.

Segundo Mario Isola, diretor de automobilismo da Pirelli, “há uma diferença de dois a três segundos no tempo total de corrida entre médio-duro e médio-duro-duro, mas ninguém quer correr riscos, principalmente em um circuito onde ultrapassar é tão difícil. Gerenciar bem o médio no início da prova e ir até o final com o duro parece ser a escolha mais segura.”
Entre os pilotos do top 10, alternativas podem surgir conforme a largada. Se Norris, partindo de quarto, não ganhar posições logo no início, pode arriscar um undercut ou até apostar em duas paradas, tentando surpreender os adversários com um ritmo forte e pneus mais frescos. Já para quem larga mais atrás, a aposta no duro no início, trocando para médio após a volta 38, é uma tática tradicional – especialmente se houver um Safety Car ou VSC em momento oportuno, o que pode beneficiar quem tenta algo diferente.
Ferrari, fora do Q3 com Leclerc e Hamilton, pode adotar o caminho alternativo para buscar recuperação diante da torcida italiana. Kimi Antonelli (Mercedes) e Yuki Tsunoda (Red Bull), ambos largando do meio para trás, também podem arriscar para ganhar terreno.

O clima para o domingo é parecido com o do sábado: sol durante as provas de apoio e previsão de nuvens para o momento da corrida, com possibilidade de pancadas isoladas de chuva nos arredores dos Apeninos. O vento, que pode chegar a 35 km/h, é outro ingrediente que pode trazer surpresas, principalmente se empurrar algum piloto para fora da trajetória ideal.
Em um traçado tão exigente, uma leve mudança de vento ou uma chuva passageira pode embaralhar as cartas. Mas, até aqui, o cenário aponta para um GP onde o gerenciamento dos pneus e a precisão nas escolhas estratégicas serão os grandes protagonistas. A expectativa é de uma corrida tensa do início ao fim, com poucas oportunidades de ultrapassagem e um verdadeiro xadrez de boxes e ritmo de prova.