Lewis Hamilton demonstrou apoio à ideia de um possível retorno dos motores V10 na Fórmula 1, desde que a categoria consiga adotar combustíveis totalmente sustentáveis. O debate sobre a motorização futura da F1 ganhou força nos bastidores, e até mesmo o atual campeão mundial, Max Verstappen, já declarou que toparia seguir no grid após 2028 caso os icônicos V10 voltassem à ação.
A proposta em análise pelos chefes da categoria prevê a extensão do atual regulamento de unidades de potência até 2028. Com isso, seria possível reintroduzir os motores V10, aposentados ao fim da temporada de 2005, mas agora com combustíveis sustentáveis, atendendo aos objetivos ambientais da categoria.
O plano, porém, colocaria em risco os investimentos já em andamento para o novo regulamento de 2026, que prevê motores V6 híbridos mais potentes, com a remoção do MGU-K e sistemas elétricos capazes de gerar quase 300% mais energia em relação ao atual conjunto.
Marcas como Audi e Honda, por exemplo, firmaram seu retorno à F1 com base nesse pacote técnico. A primeira fará sua estreia com equipe própria, enquanto a japonesa será parceira da Aston Martin. Além disso, a General Motors já trabalha no desenvolvimento de uma unidade de potência para 2028, inicialmente fornecendo motores à Ferrari em 2026 e 2027 sob a marca Cadillac.
Por isso, nomes influentes como Christian Horner e Zak Brown têm se posicionado contra a mudança repentina de rumo. Segundo eles, abandonar as novas regras a essa altura seria como “deixar a Cinderela sair do baile” ou “colocar o gênio de volta na garrafa”.
Ainda assim, a nostalgia e o apelo sonoro dos V10 continuam atraindo pilotos. Verstappen afirmou recentemente que um motor V10 seria “definitivamente muito melhor do que o que temos agora” e que isso poderia convencê-lo a estender sua carreira na Fórmula 1 para além de 2028.

Questionado sobre o tema, Hamilton compartilhou da opinião do rival, mas destacou que os objetivos sustentáveis da categoria não podem ser deixados de lado.
“Não é segredo que o motor V6 nunca teve um som impressionante”, comentou o piloto da Ferrari em entrevista a jornalistas. “Lembro da primeira vez que fui a uma corrida de Fórmula 1 em 1996, em Spa. O [Michael] Schumacher passou na curva 1 e eu devia ter uns 12 ou 13 anos. Meu peito inteiro vibrava, fiquei completamente fisgado.”
O heptacampeão relembrou como o som dos carros marcava uma experiência inesquecível para os fãs. “Foi a coisa mais incrível que já ouvi. Com os anos, perdemos isso. Se for possível resgatar aquele som e ainda assim cumprir com as metas de sustentabilidade, então por que não?”, questionou.
Hamilton, porém, fez questão de relembrar que o discurso da época da transição dos V10 para os V6 era justamente a redução de custos — o que, segundo ele, não se concretizou.
“Disseram que a mudança era para cortar custos, mas gastar tanto para fazer os V6 funcionarem não pareceu muito econômico. E não sei se eles são realmente mais sustentáveis, considerando todas as baterias que tivemos de usar ao longo dos anos”, disse o britânico.
Ele concluiu defendendo o investimento em combustíveis sustentáveis como o caminho mais sensato para o futuro da categoria. “Talvez o foco devesse ser nos combustíveis sustentáveis. Isso, sim, seria um avanço real.”
A Fórmula 1 segue avaliando seus próximos passos rumo a 2026 e além, equilibrando a inovação tecnológica com o desejo de resgatar a emoção e o espetáculo dos tempos mais barulhentos do passado.