F1: Fórmula 1 revoluciona o GP de Mônaco com dois pit stops obrigatórios; o que podemos esperar?

Poucas corridas no mundo do automobilismo carregam o peso simbólico e histórico do Grande Prêmio de Mônaco. Palco da estreia da Scuderia Ferrari no Campeonato Mundial, vitórias históricas de Ayrton Senna e duelos memoráveis ao longo das décadas, o circuito de Monte Carlo é o epítome da Fórmula 1 em seu estado mais puro — técnica refinada, precisão milimétrica e, claro, o inigualável glamour que envolve o Principado.

Mas nem mesmo a tradição está imune às mudanças. Em 2025, Mônaco será palco de uma novidade significativa: a obrigatoriedade de dois pit stops durante a corrida. Em uma tentativa da FIA e da F1 de tornar o espetáculo menos previsível e mais dinâmico, a modificação no regulamento busca evitar repetições de desfechos como o da edição de 2024, que ficou marcada pela ausência de ultrapassagens e uma procissão sem surpresas após a bandeira vermelha na volta inicial.

Uma corrida sem igual — agora com um desafio estratégico adicional
As ruas estreitas e tortuosas de Mônaco sempre ofereceram um cenário onde a estratégia se resumia, quase sempre, a manter posição. Em média, quase metade dos vencedores largaram da pole, e outros 22% partiram da segunda colocação, números que confirmam o peso da classificação. No entanto, com dois pit stops obrigatórios, a corrida deste ano promete abrir novas possibilidades, especialmente para aqueles que largam mais atrás.

Pela segunda semana consecutiva, os compostos mais macios da gama de pneus da Pirelli foram escolhidos: C4 como Duro, C5 como Médio e C6 como Macio. Mas, em um movimento inédito, os pneus Duro e Médio foram definidos como compostos obrigatórios, e os pilotos terão de usar dois desses três tipos — ou ainda três compostos diferentes, caso a corrida envolva uso de pneus de chuva.

A modificação está ancorada no novo parágrafo m do Artigo 30.5 do regulamento esportivo, que detalha as exigências de uso de compostos e impõe penalidades severas para quem descumprir: 30 segundos de acréscimo ao tempo de corrida, uma sanção suficiente para comprometer completamente qualquer chance de pontuar.

O desafio dos pneus e a possibilidade do imprevisível
Em uma pista onde a degradação dos pneus é normalmente mínima, a nova regra inverte o paradigma estratégico. Não será mais necessário preservar ao máximo um único jogo de pneus: com duas paradas obrigatórias, há maior liberdade para explorar o potencial dos compostos mais macios — inclusive o C6 —, especialmente em estágios finais de corrida ou em períodos de Safety Car.

Outro fator a ser observado será o recapeamento parcial da pista, entre as curvas 12 e 3, que pode gerar problemas de granulação no início do fim de semana. À medida que a borracha for se acumulando, a aderência deve melhorar, mas a superfície lisa e o tráfego rodoviário noturno continuarão a desafiar pilotos e engenheiros.

E para garantir que nem mesmo uma corrida em pista molhada escape da nova dinâmica, os pilotos terão um jogo extra de pneus de chuva extrema (Full Wets), permitindo que as duas paradas sejam respeitadas mesmo em condições adversas.

Memórias e estatísticas: onde a história encontra a inovação
Com 70 edições disputadas desde 1950, o GP de Mônaco viu lendas como Ayrton Senna se consolidarem como mestres do traçado. O brasileiro segue como o maior vencedor do circuito, com seis triunfos, cinco poles e oito pódios — recordes que reforçam o mito do “Rei de Mônaco”.

Entre as equipes, a McLaren reina com 15 vitórias, seguida por Ferrari (10) e Lotus e Red Bull Racing (7 cada). No entanto, a Ferrari lidera em praticamente todas as estatísticas acumuladas: pódios (57), poles (13), voltas mais rápidas (263), e segue como a única equipe presente em todas as temporadas da Fórmula 1.

E mesmo com tamanha tradição, o GP de Mônaco não é alheio a reviravoltas. Quem não se lembra de Olivier Panis vencendo em 1996 após largar da 14ª posição, em uma corrida caótica com apenas três carros cruzando a linha de chegada? São momentos como esse que mantêm viva a chama da imprevisibilidade — algo que a nova regra de 2025 parece querer reacender deliberadamente.

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