A quinta-feira é normalmente agitada no noticiário da F1, mas o “media day” do GP do Bahrein foi mais quente do que o previsto – a começar pela temperatura ambiente, que chegou a 36ºC.
Mesmo com a corrida prevista para o período noturno, pilotos e equipes destacaram que o desgaste mais acentuado de pneus pode fazer com que a corrida seja bem mais movimentada, ao contrário da etapa passada, com o GP do Japão sendo disputado no circuito de Suzuka que, com o novo asfalto, acabou sendo menos agressiva do que o costume nos pneus e permitiu uma corrida de “100% de ataque”, como explicou Charles Leclerc na entrevista de hoje no motorhome da Ferrari.
“É um sentimento ótimo poder acelerar ao máximo o tempo todo, mas deixa também a corrida menos movimentada, eu andei praticamente o tempo todo sozinho”, explicou.
Mas a temperatura foi alta também nos comentários dos pilotos sobre o Mundial deste ano. Primeiro, com Carlos Sainz reclamando da multa de dez mil euros por um atraso de cinco segundos – ele foi no banheiro e acabou chegando atrasado. Quando questionado na entrevista oficial da FIA sobre o assunto, ele destacou seu apreço pela pontualidade, mas brincou “shit happens” (merda acontece, em tradução livre).
Acostumado a ser multado por palavrões, desta vez Max Verstappen falou apenas na sessão organizada pelo próprio time no motorhome da Red Bull. Mas o holandês também estava com vontade de soltar o verbo nesta quinta-feira no Bahrein, destacando que o time precisa melhorar – e muito – para conseguir lutar pelo título.
Primeiro, brincou sobre o GP do Japão de 2025. “Chato? Achei ótimo”, brincou. “Vencemos em Suzuka por conta da dinâmica do circuito, onde é difícil passar. Aqui vai ser bem diferente, corrida será quente. Temos que melhorar nosso carro e como gerenciar os pneus”, disse.

Quem chega no Bahrein também sob pressão é Lando Norris. O líder do campeonato não descarta o favoritismo da McLaren, mas acredita que outros times poderão aparecer na briga pela vitória. “O grid está bem compactado e todos estão próximos. Em alguns GPs, podemos arriscar mais para tentar o primeiro lugar, mas não era o caso de Suzuka. Mas obviamente estamos aqui para brigar pela vitória, ter uma mentalidade vencedora”, diz.

Seu companheiro de equipe, Oscar Piastri, também vê desta forma. Perguntado por este repórter se preferia um cenário de disputa com vários times para ser campeão do mundo ou se preferia que esta batalha fosse apenas interna, o australiano brincou.
“Sou campeão mundial em ambos os cenários? Sim? Então, não me importo”, disse, para depois completar. “Quer dizer, acho que, obviamente, como equipe, queremos ter a luta apenas entre o Lando e eu. Esse é o cenário dos sonhos, eu diria. Talvez para o Andrea Stella e o Zak Brawn seja um pouco estressante, mas, no fim das contas, é isso que você quer. Você quer seus dois carros, o primeiro e o segundo, e não ter que se preocupar com os outros. Esse é o sonho, certo? E acho que, para mim, essa também seria uma boa posição. Acho que, sabe, para mim, se houver outras equipes envolvidas, não é ruim. E acho que, para o esporte, obviamente queremos vê-lo competitivo entre várias equipes, e acho que estamos cada vez mais perto disso, especialmente no ano passado e provavelmente ao longo deste ano também. Então, como eu disse, se eu for campeão mundial em qualquer um dos cenários, tudo bem para mim. Mas acho que só precisar se preocupar com seu companheiro de equipe é provavelmente um cenário um pouco mais fácil do que ter que se preocupar com, sabe, três ou quatro outras equipes”, completou Piastri.

Talvez o que o Mundial de 2025 precise é de uma Ferrari mais forte e Lewis Hamilton acredita que o GP do Bahrein pode marcar o início desta melhor performance. Por enquanto, o britânico segue em lua de mel com o time italiano, como respondeu minha pergunta sobre como tem sido os três meses como piloto da mais tradicional equipe da F1.
“É incrível ser um piloto da Ferrari, a energia do time e ir visitar o pessoal da fábrica, entender um pouco mais da cultura do time. Meu italiano ainda não é o melhor, mas vou continuar tentando. Não chega a ser uma surpresa, mas me impressiono com o tamanho de toda estrutura da Ferrari em Maranello, a qualidade de tudo e o ambiente é sensacional”, disse Hamilton.
Por enquanto, o casamento do piloto mais vitorioso da F1 com a única equipe a competir em todas as temporadas da categoria tem sido uma história de amor e romance. Mas com a chegada da temporada “regular”, ou seja, a sequência de autódromos permanentes e em especial da temporada europeia, a partir do próximo mês, as cobranças certamente serão maiores em Maranello.
O F1MANIA.NET acompanha o GP do Bahrein ‘in loco’ com o jornalista Rodrigo França.