Caso Racing Point: Até onde vai a cópia na F1?

Este texto está sendo escrito antes do veredicto da FIA em relação aos recursos impetrados pela Renault contra a Racing Point em relação aos dutos de freio. Como já escrevemos aqui, os franceses questionam as peças da equipe anglo-canadense. Até surgiu a possibilidade de que esta informação tenha vindo de um ex-funcionário da Racing Point que foi para a Renault, o que seria um retorno do que aconteceu no Japão ano passado….

Independentemente do resultado, a questão está na mesa: até onde vai a cópia na Fórmula 1?

Quem acompanha a categoria sabe que ela é adepta na maioria das vezes da teoria de que “a natureza não evolui aos saltos”. Na verdade, tem alguém que encontra o “pulo do gato” e o resto vai atrás para tentar igualar e tentar achar mais um diferencial…e assim a roda segue em movimento…

É só ver a história da F1: Quando a Cooper veio com o motor traseiro e deu certo, muita gente foi atrás; a Lotus criou o chassi monocoque e deu certo, lá se foi todo mundo. E assim foi com perfis aerodinâmicos, efeito solo, motor turbo e tantas outras soluções.

O discurso de várias equipes é que corremos risco de tornar uma categoria “pasteurizada” acaba caindo por terra. Se formos ver atualmente, já é muito difícil achar elementos diferenciadores entre os carros. Na década de 60, víamos carros extremamente parecidos, mesmo com regulamentos muito menos restritivos.

O que alguns dirão é que os técnicos sempre buscaram copiar conceitos. E o que a Racing Point teria feito no caso do RP20 seria uma cópia descarada do Mercedes W10.  A equipe diz que não fez nada demais em relação às demais, que mantém um exército de fotógrafos para pegar o máximo de detalhes possíveis para poder “se inspirar”.

O próprio responsável técnico da FIA, Nikolas Tombazis, diz que esta questão é muito mais filosófica do que técnica. Segundo ele, que já trabalhou em várias equipes, incluindo a Ferrari, os corpos técnicos usam de duas formas para desenvolver suas ideias: ou trabalham em cima do que já tem ou se copia de alguém.

O que se questiona no caso da Racing Point é que eles usaram os mesmos dutos de freio que a Mercedes. Só que eles compraram as peças quando ainda era permitido. E segundo a lógica de Tombazis, poderiam usar como referência para o carro de 2020 e se adequar ao regulamento.

A reclamação das demais acaba soando como um pouco de choro de perdedor. Afinal de contas, times que gastam muito mais desenvolvendo seus carros acabam sendo ultrapassados por outros que tiveram uma análise mais “inovadora” do regulamento com menos recursos. Não à toa que alguns times sugeriram, quando da redução do teto orçamentário, que as equipes clientes tivessem um limite mais reduzido ainda. Motivo: se elas não gastam com desenvolvimento, não precisam ter o mesmo limite de quem desenvolve…

E se estes times são ultrapassados, os outros que fazem esta abordagem diferente acabam tendo vantagem na distribuição de prêmios. Este acaba sendo o ponto mais sensível da discussão toda.

Mas se analisar por um outro aspecto, a reclamação acaba tendo algum ponto de justiça. E não seria algo tão absurdo se a Racing Point fosse punida. Afinal de contas, o regulamento é claro que nenhuma outra equipe pode ser fornecedora de itens listados como obrigatórios de fabricação e se o funcionamento da peça acaba sendo o mesmo, então está sendo descumprido.

No fim, tudo é política. Red Bull e Ferrari olham com atenção esta decisão pois indiretamente acaba atingindo a Mercedes, que tem tido uma postura de se manter afastada da polêmica, simplesmente dizendo que é fornecedora de itens previstos nas regras e que forneceu os dutos de freio à Racing Point quando ainda era permitido. A Red Bull tem interesse para poder, se for o caso, estreitar ainda mais a relação com a Alpha Tauri, que já usa boa parte do carro do ano passado da “nave mãe” (especialmente a parte traseira).

O fato é que a decisão irá mudar o equilíbrio de forças de alguma forma e poderá impactar sim para a escolha de possíveis entrantes e permanência de outros. A Haas é uma das mais interessadas, pois optou por uma filosofia calcada na “terceirização” e, em um momento em que os americanos pensam em continuar, esta posição acaba por ser uma das determinantes na decisão.

Se a FIA decidir acatar o recurso da Renault, será a vitória dos tradicionalistas. Caso contrário, também acaba dando um ok para a situação e joga mais dúvidas sobre a capacidade da FIA fiscalizar os times. O fato é que um novo limite será estabelecido.

 

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