A introdução de um apêndice aerodinâmico, com a finalidade de facilitar ultrapassagens, pode causar alterações no equilíbrio de forças da Stock Car. De acordo com um de seus mais experientes pilotos, o paranaense Raul Boesel, a nova peça, posicionada na parte inicial do teto, forçará as equipes a buscar um novo acerto das suspensões, já que ela desviará parte do ar que incide sobre o aerofólio, causando perda de aderência na traseira dos carros.
Em seus 25 anos de automobilismo, que incluem o título de campeão mundial de carros esporte protótipo de 1987, dois anos na F-1 e uma longa carreira nos circuitos ovais norte-americanos da F-Mundial e da F-Indy, Boesel adquiriu vasto conhecimento sobre aerodinâmica. E sua experiência indica que pilotos e engenheiros da Stock Car V8 terão de alterar as regulagens que usaram antes em Curitiba para que seus carros apresentem bom equilíbrio na prova deste domingo. E admite a expectativa com que aguarda os treinos. “Vai se dar bem quem encontrar o caminho mais depressa, já que teremos apenas três treinos de 45 minutos. Estamos levando algumas opções de molas e amortecedores, e espero que a primeira combinação que experimentarmos seja eficiente. Se não for, já se começa a perder tempo
“Pelo que sei, é uma asa vertical instalada na parte inicial do teto, semelhante à que já vem sendo usado na segunda divisão da NASCAR, a Busch Series”, explica o piloto da equipe Embratel 21 Motorsport. “Lá, eles chamam esta asa de strip. Na parte central, ela tem 1,27 centímetros de altura; nas laterais, 3,81 centímetros. Só que eles também usam um gurney flap no aerofólio traseiro, uma extensão de 3,81 centímetros. Sem esse flap, o aerofólio perde eficiência e prejudica o equilíbrio aerodinâmico”, comenta Boesel, lembrando que, em 2000 e 2001, os carros da categoria principal da NASCAR tinham de usar este pacote nos superspeedways, ovais com duas milhas ou mais de extensão.
Boesel prossegue afirmando que, de fato, o strip facilita as ultrapassagens, mas acrescenta que o ideal era que, antes de ser adotado, ele fosse testado. “Devíamos ter pelo menos uma sessão extra de treinos em Curitiba para adaptarmos os carros, mas neste fim de semana não vai ser possível. Além da Stock Light, ainda vai ter uma corrida da TC 2000 argentina. Vão ser mais de 100 carros correndo, o que é ótimo para o espetáculo, mas traz este tipo de dificuldade para as equipes”, constata Boesel.