“É inacreditável”, repetia Ingo Hoffmann, já nos boxes da AMG-Filipaper, ao final da quarta etapa do Campeonato Brasileiro de Stock Car V8. A indignação do piloto paulista, maior vencedor da história da categoria, fazia alusão à conduta de Luciano Burti, a quem responsabilizou diretamente por não ter ido ao pódio e pelo acidente que antecipou o fim da corrida, disputada na tarde deste domingo (3) no circuito paulista de Interlagos.
Ingo, largando em 12º, fez uma prova de recuperação que definiu como “saudável”. Na 14ª volta, já aparecia em quarto lugar, a uma distância invariável de 1s7 de Luciano, terceiro. A aproximação foi facilitada pela intervenção do safety car na 21ª volta, decorrência do forte acidente entre Luis Carreira Júnior e Gualter Salles na saída do S do Senna. A relargada, após duas voltas, representava para Ingo a chance de brigar pela vitória.
Hoover Orsi, que largou da pole-position e havia liderado todas as voltas até então, teve um desempenho notável na relargada e manteve-se à frente, para conquistar sua primeira vitória na Stock Car V8, conquista inédita também para sua equipe, a NasrCastroneves. Pedro Gomes e Burti, segundo e terceiro, tiveram uma disputa acirrada no final da reta dos boxes e Ingo aproveitou-se do momento para atacar as posições dos dois pilotos.
Na entrada do “S”, Ingo aparecia em terceiro, já pronto para tentar tomar o segundo lugar de Pedro. Foi quando sentiu um toque na traseira do carro, rodou e caiu para 12º. “O Burti veio falar comigo depois, primeiro disse que alguém tinha batido na traseira dele, depois disse que não tinha conseguido frear. A verdade é que ninguém acertou ele, ele me acertou e me tirou da briga. Eu não teria como alcançar o Hoover, mas seria o segundo”, supõe.
Como todo o pelotão havia sido reagrupado pelo safety car, via-se muito próximo de todos os pilotos e tentava, faltando duas voltas para a bandeirada final, recuperar posições. Quando abririia a 27ª volta, Ingo bateu forte no carro de Burti. “Eu tinha visto que o Luciano tinha um pneu furado, mas ele simplesmente cruzou a pista para entrar no boxe. Quando eu vi aquilo, não acreditei. E não tinha como desviar, bati muito forte, mesmo”, revive a cena, assustado.
Hoffmann definiu como “irresponsável” a conduta de Burti em Interlagos. “Eu esperava muito mais dele, um ex-piloto da Fórmula 1 que até o ano passado trabalhava na melhor equipe do mundo. Depois da batida, até discutimos na pista, e isso eu não deveria ter feito, mas estava muito irritado. Ele, hoje, não mostrou o profissional que deveria ser. Fez um bom trabalho pela Ferrari andando sozinho. Com mais pilotos na pista, ele faz esse tipo de coisa”, acusou.