André Negrão deu sua visão sobre os jovens pilotos brasileiros que estão dando os primeiros passos no esporte a motor. Na visão do competidor, a melhor alternativa é de tentar correr fora do país na primeira oportunidade.
Atualmente correndo no Mundial de Endurance, o piloto nascido em Campinas já teve experiência em diversas categorias. Ao longo dos anos, disputou na Fórmula Renault, Fórmula 3 Brasil, GP2 e até mesmo Indy Lights.
Foi apenas em 2017 que começou a voltar seu foco totalmente ao Endurance, onde conseguiu notáveis resultados como vitórias nas 24 Horas de Le Mans em 2018 e 2019 na LMP2, como também título em 2018/19 e o vice-campeonato em 2022.
Fazendo um panorama geral dos primeiros passos de um piloto e de como buscar a profissionalização, especialmente para os brasileiros, André aponta que após sair do kart, a melhor opção é buscar categorias internacionais.
“Acho que já falei isso várias vezes que fui uma das cobaias da antiga GP2 que hoje se chama Fórmula 2. Principalmente para brasileiros, primeiro, não somos da Europa, então, qualquer brasileiro que vai começar do kart e é muito novo, precisa ter uma decisão muito difícil que é ir embora. Larga família, amigos, larga tudo se quiser ser piloto”, falou ao F1MANIA.
“Se você é da Europa, você está em casa. Mesmo estando na Suíça, na Alemanha, França, não interessa, é como se a gente fosse para o Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, estão em casa, na terra deles. Então, é muito difícil fazer isso”, continuou.
“E muitas vezes, posso falar por mim mesmo, terminei o terceiro colegial lá fora, não acabei aqui. Acabei, mas nunca fiz faculdade, não dá tempo. Ou você corre, ou você faz faculdade, nunca dá para fazer as duas coisas. Ou estuda, ou você corre”, seguiu.
“Então, é muito difícil, ainda falta bastante parte do governo, ou da parte privada, para dar uma ajuda para esses meninos. Ainda bem que agora temos essa Fórmula 4, mas quando vi o preço, um absurdo, custa milhões. R$1mi, você passa para euro, dá 300 mil, você pega e vai correr lá fora”, completou.
“Você ganha muito mais experiência, você tem pilotos de qualidade lá fora, alguma casa pode te ver e gostar de você, Ferrari, Mercedes, Aston Martin, Red Bull, e as pessoas acaba indo para fora. As pessoas que terminam a F4 aqui, vão fazer o que? Vão para onde? Que experiência pegou aqui com sete, oito carros?”, emendou ao F1Mania.net.
“Lá fora são 30 carros no grid, então, isso também é um abismo. E tem de estar no momento certo na hora certa, por isso que falo que os meninos de hoje é muito difícil fazer hoje, mas quanto antes for para fora é melhor. Mas o custo é muito caro, por isso hoje vemos esse déficit de brasileiros lá fora, o custo é muito alto, hoje mais ainda”, destacou.
“Nossa moeda vale muito menos que o euro, tem de pegar uma casa, pagar corrida, no começo, tudo é o ‘paitrocínio’ que faz, a não ser que tenha um patrocínio muito grande por trás. Por isso que, no começo, é muito complicado”, disse.
“Hoje, ainda bem que temos o Felipe [Drugovich] na Aston Martin. O Enzo fez uma ótima primeira temporada na Fórmula 2, acredito que vai ter uma chance ano que vem, carrega um nome de peso, conhecido, que é Fittipaldi. Acho que é isso, não tem muito mais o que falar”, pontuou.
“As pessoas que querem o automobilismo, primeiro, têm de ser muito bem de dinheiro aqui no Brasil e acho que o kart tem de ser feito aqui, não tem de mandar ninguém para fora tão cedo. E depois de fazer a troca, eu, se tivesse um filho hoje, mandaria para fora”, concluiu.
