O brasileiro Gabriel Dias parte neste final de semana para a segunda fase de sua carreira no automobilismo europeu. O curitibano faz estréia na divisão National Class do prestigiado Campeonato inglês de Fórmula 3, torneio que revelou para a Fórmula 1 vários campeões como Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Ayrton Senna, entre muitos outros. O primeiro encontro da temporada da F-3 Inglesa acontece no traçado de Oulton Park, no formato rodada dupla, com duas provas na segunda-feira (13).
Enquanto a maioria dos pilotos usou o final de 2008 e a pré-temporada para se concentrar na preparação, Dias se dedicava à fase final de recuperação do acidente sofrido enquanto competia na Fórmula Renault Européia, em Spa-Francorchamps (Bélgica), em que fraturou três vértebras e ficou seis meses afastado dos carros de competição.
Gabriel teve apenas dois dias de testes com a equipe em Silverstone, há duas semanas. Mas o brasileiro se impressionou com sua rápida adaptação ao carro e também com o trabalho da T-Sport, chefiada por Russell Eacott. “Peguei o jeito do carro até com relativa facilidade, mas ainda precisamos esperar para ver, porque o ritmo de corrida é diferente e estou há seis meses sem competir. No entanto, a equipe tem me ajudado muito. Eles são extremamente profissionais”, comentou Dias que, como todos na National Class, utiliza um F-3 com motor menos potente e maior carga aerodinâmica, o que reduz a velocidade nas retas.
A National Class serve como porta de entrada para jovens pilotos na Fórmula 3 britânica. Seus carros têm 15% mais pressão aerodinâmica, além de empregarem o motor Mugen-Honda, menos potente. Já na International há duas marcas de propulsores, Mercedes e Volkswagen.
Preparação diferente – Apesar de não ter participado dos testes de pré-temporada realizados na pista onde acontece a abertura do campeonato (quando ainda estava sob licença médica), Gabriel Dias teve tempo de sobra para estudar o traçado de Oulton Park. “A equipe possui um arquivo bem grande de vídeos on board e informações dos carros de temporadas passadas, tanto em corridas com pista seca como com chuva”, observou o brasileiro.
“Além disso”, continuou, “eles têm todas as anotações sobre as condições do asfalto, os acertos realizados, enfim, um dossiê completo”, afirmou. “Com todos estes dados em mãos, eu passei 20 dias estudando o traçado e as características de Oulton Park, que é uma pista bem antiga, com asfalto irregular, muitas subidas e descidas, além de ser bastante estreita e com zebras altas. É um circuito em que o piloto tem que ser bastante agressivo, mas ao mesmo tempo cuidadoso”, explicou Gabriel, que antes de sentar no Dallara-Mugen Honda de Fórmula 3, aproveitou para caminhar pelo traçado de 4.331 metros.
“A caminhada é muito boa para você checar com calma as características da pista, o tamanho das zebras, a inclinação das curvas… é algo que se faz até na Fórmula 1. E também é um hábito que exercito sempre, mesmo quando conheço o circuito”, disse o piloto de 19 anos.