O Campeonato Sul-Americano de Fórmula 3 pode contar com novos carros a partir de 2009, o que vai aumentar ainda mais o desempenho da categoria que já é a mais veloz versão da modalidade no mundo. A previsão é do engenheiro suíço Jos Claes, que calculou o impacto da modificação no circuito de Brasília, onde, no final de semana passado (14 e 15), foi realizada a terceira rodada dupla do torneio: “Atualmente, os carros contornam a primeira curva de Brasília a 170 km/h. Com o novo chassi, chegarão a, aproximadamente, 190 km/h”. Claes é representante da fábrica italiana de chassi Dallara e visitou o autódromo para viabilizar a troca do atual equipamento, que é uma versão de 2001 do mais bem sucedido carro de F-3 da era moderna. Outra candidata é a fábrica Mygale, da França. Segundo o que foi publicado em alguns veículos de grande circulação, como o jornal Folha de São Paulo, a categoria pretende renovar seu grid. Mas a decisão entre a oferta dos dois fabricantes ainda será tomada.
“Devido ao uso do motor Berta, a nossa Fórmula 3 é a mais veloz do mundo. Com carros novos, que têm evoluções tanto na parte mecânica da suspensão quanto na aerodinâmica, eles serão ainda mais eficientes”, comentou o goiano Rodolpho Santos (Massageol/Neo Química/Wurth/Palu Suisse/Vepel), que participa da temporada 2009 e subiu ao pódio em Brasília depois de obter um terceiro lugar.
Competitidade – Além de carros mais modernos e seguros, a troca do equipamento também deve proporcionar vantagens esportivas para os pilotos. “Quem estiver na F-3 em 2009 irá usar o mesmo chassi utilizado naquele ano na F-3 mundial. É como um maratonista competir com o mesmo tipo de calçado em todas as provas que dispute, independentemente do local onde aconteçam. Ou seja, é algo bastante interessante em termos de aprendizado e competitividade”, diz o goiano Rodolpho Santos.
“Segundo o que se comenta na categoria, está cogitada a compra de 20 ou 22 carros”, diz Rodolpho Santos. “Só isso já vai entusiasmar muita gente que, ao invés de dar continuidade à carreira aqui no Brasil, prefere seguir direto para a Europa. Eu, pessoalmente, acho a notícia fantástica”.
Fluxo aerodinâmico – A atualização do equipamento é uma meta periódica da F-3 Sul-Americana. Para manter mais baixo o custo da temporada, as equipes acabam utilizando os carros em vários campeonatos consecutivos – ao contrário do que acontece na Europa, onde todos os anos há modelos novos. A atual troca dos chassis é um plano antigo que já foi motivo de muita agitação nos bastidores, mas que vem sendo anualmente adiado por falta de financiamento. Segundo explicações de Claes, para o uso dos novos chassis na América do Sul a única alteração técnica necessária seria no posicionamento dos motores Berta. “Eles precisam ser colocados em um nível inferior para não atrapalhar o fluxo aerodinâmico que permite o trabalho da asa traseira”, explica Rodolpho Santos.
“Sem essa modificação, os novos F-3 perderiam muito de seu rendimento, e poderiam ser até perigosos, pois o fluxo aerodinâmico é estudado em túnel de vento para dar sustentação aos carros nas curvas. Se você colocar um obstáculo ali, o ar ou não chega ou chega afetado por turbulências, e o equilíbrio planejado pelo construtor é totalmente alterado. Outro fator importante é que a modificação baixaria o centro de gravidade do carro, o que também gera maior estabilidade”, continua o piloto da Massageol/Neo Química/Wurth/Palu Suisse/Vepel.