Pilotos evitam críticas aos novos pneus

O Campeonato Sul-Americano de Fórmula 3 estréia neste fim de semana um novo tipo de pneu produzido pela fornecedora oficial da categoria, a Pirelli. Com um composto distinto daquele empregado rotineiramente pela categoria, eles foram fabricados visando a utilização em pistas de alta velocidade, de piso abrasivo e grande ação de força g lateral. Estes pneus já foram testados por algumas equipes em Interlagos (SP) e se mostraram cerca de três segundos mais lentos no traçado paulista em relação ao equipamento de composto tradicional. Mas, em função de ter um traçado menor, em Tarumã esta diferença cairá para cerca de dois segundos.

A diferença, porém, não incomoda os engenheiros e pilotos da categoria, apesar de deixar os Dallara/Ford-Berta mais lentos justamente nos circuitos cujo charme é serem os mais velozes da temporada. “Pode acreditar que usar estes pneus não vai tirar nem um pouco o prazer de se pilotar em Tarumã (RS) neste fim de semana”, garante Diego Nunes (Chocolates Garoto/Aura), que compete pela equipe Bassani Racing. “Uma pista rápida é uma pista rápida independentemente do pneu que você usar. Certo, não quebraremos o recorde do circuito, mas a briga será igualmente dura para ver quem é o mais veloz com estes pneus e todas as alterações que seremos obrigados a fazer no carro”, completa Diego, que é o atual recordista do traçado gaúcho.

Os engenheiros que trabalham com os carros mais velozes da América do Sul concordam com Nunes. “Mudarão alguns parâmetros, como a aderência e o consumo dos pneus, mas a categoria continuará tendo disputas muito equilibradas”, observa Eduardo Bassani, que chefia a Bassani Racing, equipe pela qual Diego Nunes venceu uma etapa em Tarumã em 2005, quando também estabeleceu os recordes de pole position e melhor volta em corrida.

“Em termos técnicos, no acerto do carro estamos tendo que trabalhar mais a calibragem dos pneus e o ajuste aerodinâmico. No acerto mecânico pouca coisa mudou. Mas a grande vantagem é a segurança. Em 2005, os carros contornavam a Curva 1, a mais veloz do Brasil, a 213 km/h. Agora, essa velocidade diminuiu um pouco, mas o suficiente para garantir que os pneus sejam 100% seguros”, opina Luiz Trinci, o Dragão, chefe da equipe do baiano Luiz Razia, vencedor das duas provas da rodada dupla anterior, em Curitiba (PR).

Para os pilotos, a chegada dos novos compostos trará também diversos desafios em termos de pilotagem. “Por exemplo, na Curva 1 até o bom piloto tem que rever seus conceitos, pois para ser rápido ali é preciso vir com o carro ‘pendurado’, ou seja, no limite da aderência”, detalha Diego Nunes. “O maior desafio de Tarumã sempre foi tentar fazê-la de pé embaixo e, agora, com os novos pneus, todos terão que redescobrir como chegar a essa façanha novamente. E não é fácil: é preciso coragem para ir, aos poucos, chegando no limite do carro, pois se ele escapar o acidente pode ser muito sério, já que estará a mais de 210 km/h em uma curva! É por isso que os gaúchos costumam dizer que essa curva separa os homens dos meninos”.

A opinião de Nunes é partilhada por Nelson Merlo (Piquet Sports), que foi o mais rápido nos dois treinos livres realizados na manhã desta quinta-feira pela F-3, justamente para se adaptar ao novo composto da Pirelli. “O carro fica bem mais solto, mais sensível ao movimento do volante e um pouco menos aderente. Isso muda muita coisa em termos de pilotagem. Mas esse é um desafio que me agrada muito”, conta Merlo, que é o atual campeão brasileiro de F-Renault, também pela equipe Bassani Racing. A F-3 volta à pista ainda na tarde desta quinta-feira para a realização dos treinos oficiais para o fim de semana.



Baixe nosso app oficial para Android e iPhone e receba notificações das últimas notícias.