Categoria usará pneus especiais para pistas rápidas

Fornecedora oficial do Campeonato Sul-Americano de Fórmula 3, a Pirelli colocará a disposição das equipes e pilotos do torneio um novo tipo de pneu para ser utilizado nas pistas mais rápidas do continente, e em especial nos traçados que combinem piso abrasivo e cujas curvas desenvolvam uma grande carga lateral – a chamada força g. Mais duro que o empregado nas demais corridas, este composto resiste melhor às forças que atuam sobre os pneus e também deverá impedir o superaquecimento provocado pela abrasividade característica do traçado gaúcho.

A medida, que segue a filosofia de se antecipar a possíveis problemas aplicada pela Fórmula 1, visa aumentar a segurança dos jovens pilotos da categoria. Jovens, mas nem por isso pouco ousados: em 2005, o paulista Diego Nunes, da equipe Bassani Racing, estabeleceu o recorde para uma prova em circuito misto entre as categorias nacionais. Diego, então com 18 anos, estabeleceu a marca de 190,74 km/h de média para a pista de Tarumã (RS). Um mês antes, ele e seus colegas de pista disputaram freadas em Rafaela (Argentina), onde a velocidade máxima supera com facilidade os 270 km/h.

“A Fórmula 3 Sul-Americana é a mais veloz do mundo”, informa Eduardo Bassani, engenheiro da equipe Bassani Racing. “Por isso os nossos pneus também precisam ser os melhores que existem”, completa o engenheiro, que iniciou sua carreira nas categorias européias. “Usar estes pneus em Tarumã e Rafaela nos dará mais tranqüilidade”, concorda o engenheiro Luis Trinci, da equipe Dragão Motorsport, vencedora das duas últimas corridas, disputadas no fim de semana passado no circuito de Curitiba (PR) – com o piloto paulista Luiz Razia (Razia Sports) ao volante do Dallara/Ford-Berta da equipe. “Em traçados como estes, que possuem curvas nas quais os F-3 superam 180 km/h, a segurança é fundamental”, completa Trinci.

Testes em Interlagos – Algumas equipes já realizaram testes com os novos pneus. “O novo composto é cerca de três segundos mais lento que o empregado nos demais circuitos. Tecnicamente, isso altera muita coisa no trabalho dos engenheiros. A princípio, teremos carros com acertos completamente diferentes dos usados até então”, compara Eduardo Bassani. “Além disso, os pilotos terão que mudar seu estilo de conduzir o carro”, adiciona Luiz Trinci, mais conhecido como Dragão. “Eles terão que frear mais cedo e acelerar mais tarde. É mais ou menos como andar em uma pista com um pouco de areia ou água”, explica.

Os pilotos acham que a novidade pode, inclusive, alterar a relação de forças na pista: “Não são só os engenheiros que terão que descobrir o melhor acerto dos carros, nós também teremos que ‘calibrar’ nossa pilotagem de forma diferente”, opina Diego Nunes. “Será mais ou menos como um recomeço, com todos tentando descobrir quais os pontos ideais de reaceleração e de freada. Sob um certo aspecto, isso torna as coisas mais interessantes, pois é um elemento a mais para trabalharmos na pista”, conclui Nunes.

Um problema sério – Acidentes devido a estouro de pneus são um grande pesadelo no automobilismo moderno. E todos estão sujeitos, até mesmo grandes equipes e pilotos com larga experiência. Em 25 de abril de 2001, por exemplo, a equipe oficial da Audi realizava testes visando disputar a famosa 24 Horas de Le Mans no então novo circuito de Lausitz Ring, na Alemanha, considerado um dos mais seguros do mundo. Ao volante estava o experiente e simpático italiano Michele Alboreto, um piloto de 44 anos com larga experiência até mesmo na Fórmula 1. Alboreto perdeu o controle de seu Audi R8 a mais de 300 km/h. Em seguida, o carro capotou várias vezes, causando o falecimento do piloto italiano, que era um grande admirador do Brasil.

Uma análise posterior mostrou que um pneu traseiro fora perfurado por um pequeno objeto pontiagudo. Como conseqüência, o pneu perdeu ar lentamente, o que fez sua temperatura aumentar até que explodisse de maneira súbita. O R8 saiu da pista e um colchão de ar formou-se entre seu piso e o solo. O desastre já não podia ser impedido: o protótipo alçou vôo. Apesar da perda de seu grande piloto, a Audi foi a Le Mans com três R8 oficiais de fábrica e um operado por um time particular – e venceu a prova. “A mais de 250 km/h, os pneus são a garantia da sua segurança”, diz Eduardo Bassani. “Eles não podem falhar”.



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