Solidariedade entre rivais dá o tom na categoria

O Campeonato Sul-Americano de Fórmula 3 vive dias diferentes. Em sua longa história, iniciada ainda na década de 80, o torneio sempre foi marcado por muita rivalidade e atitudes extremamente controversas, a ponto de o próprio evento sofrer com a cizânia entre brasileiros e argentinos, inicialmente, e entre as principais equipes, nos últimos anos. Mas a nova geração de pilotos pretende mudar isso, formando uma espécie de associação para melhorar os aspectos financeiros e promocionais da categoria mais rápida do continente sul-americano. A primeira prova disso aconteceu nos treinos realizados nesta quinta-feira, quando o paulista Diego Nunes acelerava forte em Interlagos e bateu com violência seu Dallara/Honda, danificando seriamente o chassi – não haveria tempo de repará-lo para a rodada tripla que acontecerá nos dias 5, 6 e 7 de maio, na semana que vem. Mas, imediatamente, a ajuda veio da “oposição”: o piloto Luiz Razia e o chefe de equipe Luiz “Dragão” Trinci, que lideram o torneio, cederam seu chassi reserva para Nunes, que assim poderá competir na pista argentina de Santa Fé.

“Eu e o Razia somos bons amigos fora da pista e, quando me fizeram a oferta, eu pensei: ‘Não é de surpreender, o Luiz é um amigão mesmo’”, comentou Diego Nunes. “Foi uma atitude incrível da parte dele e do Dragão, e eu jamais vou esquecer disso. Mas o clima de união entre os pilotos e as equipes nesta categoria está muito envolvente, então acho que eu também faria o mesmo por ele”, completa Diego, que foi o estreante que mais venceu em 2005 (três primeiros lugares), ano em que ele e Razia aprenderam juntos os segredos da Fórmula 3 para se tornarem candidatos ao título em 2006. “Só tenho que agradecer esta ajuda do Dragão e do Razia. São essas atitudes que podem fazer da nossa F-3 uma grande categoria, merecedora do passado que possui e dos pilotos que formou para a Fórmula 1 e o automobilismo internacional”, observou Eduardo Bassani, chefe da Bassani Racing, equipe defendida por Diego Nunes. Já passaram pela F-3, entre outros, Christian Fittipaldi, Ricardo Zonta, Bruno Junqueira, Hélio Castroneves e Cristiano da Matta.

Chefes de equipe e pilotos da Fórmula 3 Sul-Americana têm se reunido para colaborar com os organizadores na busca de patrocinadores e de mais exposição em transmissões pela televisão. “Queremos reconquistar o espaço que já foi de nossa categoria”, diz Diego Nunes. “E a união é a chave para isso”. Pilotos como os próprios Diego e Razia, e o estreante Pedro Nunes, estão se articulando para fortalecer a Fórmula 3 até mesmo com o incentivo da vinda de pilotos e equipes estrangeiros – notadamente argentinos. Várias frentes de trabalho foram criadas, abrangendo desde um aumento na visibilidade na TV até a conquista de novos patrocinadores para o evento e um seguro que cubra os altos custos do equipamento: “Além de caro, nosso equipamento é importado”, diz Eduardo Bassani. “É por isso que o Diego corria o risco de não participar da rodada tripla na Argentina: as peças do Dallara são importadas da Itália. Então, até virem ao Brasil e nós termos tempo de instalá-las, etc, o carro não chegaria a Santa Fé a tempo. Razia e Dragão, nós ficamos devendo essa”, conclui Bassani.



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