O mundo do automobilismo viveu uma de suas semanas mais movimentadas e simbólicas da temporada 2025. Do WEC em Interlagos à MotoGP em Sachsenring, passando por corridas noturnas em Cascavel, título mundial decidido na Fórmula E, disputas intensas no TCR South America e uma virada institucional de peso na Fórmula 1, os últimos dias ofereceram muito mais do que resultados: entregaram momentos históricos, emocionantes e, acima de tudo, significativos.
O Mundial de Endurance, WEC, entregou outra edição memorável das 6 Horas de São Paulo no Brasil.. A vitória inédita da Cadillac na classe Hypercar, o pódio de Eduardo Barrichello na LMGT3, a presença de Rubens nos boxes e uma Fan Zone repleta de ativações, lojas oficiais, simuladores e shows — incluindo Raimundos, CPM 22 e Capital Inicial — transformaram o evento em um festival de velocidade e cultura.
No Paraná, Cascavel iluminou a pista para corridas históricas da NASCAR Brasil e da Copa Truck, com vitórias emocionantes e a consagração do primeiro piloto negro a vencer na categoria dos brutos. Em Berlim, Oliver Rowland conquistou o título da Fórmula E em uma etapa decisiva, enquanto Felipe Drugovich marcou seus primeiros pontos na categoria elétrica. No Uruguai, o TCR South America reuniu argentinos e brasileiros em duelos duros, com vitórias de Leonel Pernía e Juan Ángel Rosso, além de destaque para Maria Nienkötter, única mulher do grid.
Na MotoGP, Marc Márquez fez história em sua 200ª largada ao vencer pela nona vez em Sachsenring e superar Giacomo Agostini no número de vitórias na classe principal, com direito a dobradinha com seu irmão, Álex. E, nos bastidores da Fórmula 1, o anúncio da saída de Christian Horner após 20 anos no comando da Red Bull marcou o fim de uma era, enquanto a confirmação do retorno da F1 à TV Globo, a partir de 2026, selou a reconexão entre a categoria e o público brasileiro.
Em todas as frentes, o esporte a motor acelerou no limite — e o F1Mania.net acompanhou cada curva.


Dudu Barrichello no pódio em Interlagos e vitória inédita da Cadillac no WEC
O público de 84.741 pessoas presente em Interlagos durante o fim de semana viu a Cadillac conquistar sua primeira vitória na categoria Hypercar com o carro #12 da Hertz Team JOTA, pilotado por Alex Lynn, Will Stevens e Norman Nato, mesmo após uma punição de drive-through. A dobradinha foi completada pelo #51, com Jenson Button, Earl Bamber e Sébastien Bourdais. A Ferrari, que vinha de quatro vitórias consecutivas, sequer subiu ao pódio em Interlagos.
O momento mais celebrado pela torcida brasileira veio na classe LMGT3: Eduardo Barrichello, o Dudu, ao lado de Henrique Chaves e Marcos Vázquez, garantiu o terceiro lugar com o Aston Martin #10 da Racing Spirit of Léman. O pódio veio após largar da pole position e conseguir uma ultrapassagem decisiva nos minutos finais da corrida que rendeu seu primeiro pódio no WEC. “É muito especial conquistar esse resultado em casa, com minha família aqui. Foi uma batalha intensa do início ao fim”, afirmou Dudu.
Na categoria, a vitória foi da Lexus, com o #87 do Akkodis ASP Team — guiado por José María López, Petru Umbrarescu e Clemens Schmid. “É a minha corrida de casa, pois é próximo da Argentina, então é uma vitória muito especial para mim e para o time”, disse López, após a prova.
Mais do que uma corrida, as 6 Horas de São Paulo foram uma verdadeira celebração do automobilismo e da cultura pop. A Fan Zone montada no Autódromo de Interlagos ofereceu uma experiência completa ao público, com atrações interativas, simuladores de pilotagem, espaços gastronômicos e uma área dedicada às crianças. As lojinhas oficiais das equipes e fabricantes também atraíram os fãs, com produtos exclusivos do WEC, miniaturas e itens colecionáveis esgotando rapidamente.
Outros brasileiros no grid, o Team WRT com o BMW #31 teve Augusto Farfus e Pedro Ebrahim. Farfus encerrou mais uma participação nas 6 Horas de São Paulo frustrado com o desempenho do seu carro e com duras críticas ao balanço de perfomance da FIA. O carro #31 cruzou a linha de chegada apenas na 12ª posição. “As duas vezes que corremos aqui em Interlagos, no ano passado e neste ano, o carro era um dos mais pesados e com menos potência. A topografia da pista penaliza ainda mais. A gente espera que a FIA reveja isso e nos dê chances melhores no futuro”, disse Farfus à Band.
O clima foi de festival, impulsionado pelos shows de Raimundos, CPM 22 e Capital Inicial, que integraram o evento em homenagem ao Dia Mundial do Rock. A presença de DJs, ativações de patrocinadores e a estrutura visual da arquibancada principal transformaram o ambiente em algo que extrapolou o padrão de um evento esportivo, aproximando o público geral do universo do endurance com linguagem jovem, acessível e vibrante.
Para completar, a Prefeitura anunciou uma extensão do contrato das 6 Horas de São Paulo para até 2033. “Um evento muito importante para a cidade de São Paulo. 150 países estão assistindo à prova neste final de semana, mais de 5 mil empregos foram gerados aqui devido ao evento. São Paulo só tem a ganhar”, disse Ricardo Mello Araújo (PL) em uma publicação nas redes sociais das 6 Horas de São Paulo.

MotoGP: Márquez vence em Sachsenring e faz história na 200ª largada
A temporada 2025 da MotoGP teve mais um capítulo marcante neste domingo (13), com Marc Márquez reafirmando seu domínio absoluto em Sachsenring. O espanhol da Ducati venceu de forma dominante o Grande Prêmio da Alemanha e alcançou sua nona vitória no circuito alemão, somando agora 69 triunfos na categoria rainha — superando o lendário Giacomo Agostini na tabela histórica de vencedores.
A conquista veio com peso simbólico: sua 200ª largada na MotoGP. Desde a primeira volta, Márquez liderou sem ser ameaçado e cruzou a linha de chegada com larga vantagem. “Foi um fim de semana perfeito. Consegui abrir vantagem desde o início e controlar a corrida do meu jeito”, declarou.
A dobradinha foi da família Márquez: Álex Márquez, mesmo com uma lesão na mão esquerda, terminou em segundo. “Foi um dos pódios mais difíceis da minha carreira. A dor estava lá, mas eu sabia que tinha ritmo e aproveitei as oportunidades”, disse o piloto da BK8 Gresini Racing, visivelmente emocionado.
O pódio foi completado por Francesco Bagnaia, companheiro de Marc na Ducati, que se recuperou de um sábado complicado e herdou a terceira colocação após uma corrida de alto índice de abandonos. Entre as vítimas da traiçoeira Curva 1 estiveram Marco Bezzecchi e Fabio Di Giannantonio, que chegaram a disputar o pódio antes de caírem nas voltas finais.
A lista de quedas incluiu ainda Pedro Acosta, Johann Zarco e Lorenzo Savadori, em uma corrida que premiou a resistência e puniu qualquer erro. Apenas dez pilotos cruzaram a linha de chegada em condições de pontuar.
No pelotão intermediário, Fabio Quartararo terminou em quarto, seguido por Fermín Aldeguer, Luca Marini, Brad Binder, Jack Miller, Raul Fernández e Álex Rins.
Com o resultado, Márquez reafirma sua candidatura ao título de 2025 — o que seria seu sétimo na classe principal. “É cedo para falar em campeonato, mas estamos no caminho certo. O foco agora é manter a consistência”, afirmou o #93, com o olhar já voltado para a próxima etapa, em Brno, na República Tcheca.

Corridas noturnas em Cascavel: entre a luz dos faróis e a precisão milimétrica
Se o WEC trouxe glamour e técnica a Interlagos, a NASCAR Brasil Series e a Copa Truck Petrobras entregaram intensidade e resiliência em Cascavel. O tradicional Autódromo Zilmar Beux foi o palco da primeira corrida noturna oficial das categorias — um marco para o automobilismo brasileiro.
Na Truck, Beto Monteiro dominou o fim de semana com maestria. Com três vitórias em 2025 e cinco no circuito paranaense, Monteiro reforçou sua condição de favorito ao título, vencendo tanto a prova noturna de sábado quanto a diurna de domingo. “Fizemos história com a primeira corrida noturna. É um orgulho ser parte disso. O caminhão estava na mão, e a equipe foi perfeita”, relatou o piloto da R9 Competições.
Mas a cena mais marcante veio da categoria Elite. Leo Rufino, piloto da PP Motorsport, tornou-se o primeiro negro a vencer uma corrida na história da Copa Truck. Em um grid competitivo e sob condições desafiadoras, Rufino segurou a pressão, manteve o ritmo e garantiu um lugar definitivo na história da categoria. “Essa vitória é por mim, pela minha família, e por todos que sonham em correr e não encontram espaço”, disse, emocionado.
Na NASCAR, a prova de 100 milhas sob os refletores entregou tudo que se espera: múltiplas estratégias, mudanças de ritmo e emoção até a bandeirada. Thiago Camilo, em noite inspirada, largou em nono e venceu com uma manobra decisiva nas últimas voltas. O pódio foi completado por Rubens Barrichello e Vitor Genz, todos separados por menos de um segundo.
O destaque na categoria Challenge ficou com Gabryel Romano, que largou da última posição e chegou em oitavo na geral. “A pista estava traiçoeira à noite, e ainda levei um toque. Mas não podia desistir. Hoje valeu cada volta”, declarou.

Fórmula E: a coroação de Rowland e a estreia pontuando de Drugovich
Na rodada de Berlim, válida pela Etapa 14 da temporada 11, a Fórmula E viveu um capítulo decisivo: Oliver Rowland, da Nissan, confirmou o título de forma sólida. Precisando apenas de um quarto lugar para conquistar o campeonato, o britânico guiou com inteligência, evitando riscos e consolidando sua campanha. O desempenho de Rowland ao longo do ano foi marcado pela consistência — fator chave em um grid tão imprevisível quanto o da Fórmula E.
A corrida, porém, teve outro protagonista: Nick Cassidy, da Jaguar, largou em 20º e venceu após uma atuação impecável em ritmo e ativação de Modo de Ataque. O pódio contou ainda com Jean-Éric Vergne e Jake Dennis.
O Brasil também teve motivos para sorrir. Felipe Drugovich, substituindo Nyck de Vries na Mahindra, estreou de forma oficial e pontuou em sétimo, mostrando maturidade e leitura de corrida. Também pontuou Sérgio Sette Câmara, décimo com o carro da Nissan, enquanto Lucas di Grassi teve atuação consistente após acidente no TL3.
TCR South America: Pernía domina, Maria brilha e Piquet Jr. mostra força
A cidade de Mercedes, no Uruguai, recebeu a quinta etapa da temporada do TCR South America com um ambiente técnico e competitivo. Na Corrida 1, vitória de Leonel Pernía, que largou bem e segurou a pressão do brasileiro Nelson Piquet Jr., que terminou em segundo. Fabricio Pezzini completou o pódio.
Na Corrida 2, quem levou a melhor foi Juan Ángel Rosso, que venceu após resistir à pressão constante de Raphael Reis. A corrida teve incidentes, safety car e um ritmo extremamente agressivo.
Destaque na Copa Trophy para Enzo Gianfratti (vitória na Corrida 1) e Maria Nienkötter (Corrida 2). Aos 18 anos, Maria é a única mulher no grid e comemorou sua melhor resultado no campeonato: “Essa foi minha melhor corrida até agora. Estou muito feliz com a evolução”, disse.

Fórmula 1: a queda de Horner e o retorno da Globo
A Fórmula 1 virou uma página histórica nesta semana. Após duas décadas no comando da Red Bull Racing, Christian Horner deixou oficialmente a equipe. Sua saída encerra a trajetória do dirigente mais longevo da Fórmula 1 moderna. Desde 2005 à frente da Red Bull, ele comandou a equipe em 124 vitórias, oito títulos de pilotos e seis de construtores, construindo um legado que atravessou duas eras: a de Sebastian Vettel (2010–2013) e a de Max Verstappen (2021–2023).
No entanto, a temporada 2025 marcou uma virada técnica e política dentro da equipe. A Red Bull ocupa atualmente a quarta posição no Mundial de Construtores, com desempenho irregular do RB21, a saída de Adrian Newey, e o desgaste na relação com Verstappen e seu entorno.
O rompimento tem múltiplas causas: a saída de Adrian Newey, a instabilidade política interna, as críticas de Max Verstappen ao projeto técnico do RB21 e, por fim, o desgaste provocado pelas denúncias em 2024. Embora absolvido formalmente, Horner perdeu sustentação política.
O substituto é Laurent Mekies, vindo da Racing Bulls, responsável por implementar a nova fase da Red Bull rumo a 2026, com o motor Red Bull-Ford.
Na sexta-feira, a TV Globo oficializou seu retorno como emissora da Fórmula 1 no Brasil a partir de 2026, em um contrato de três anos. Serão 15 GPs na TV aberta, todas as sessões nos canais SporTV e cobertura digital via Globoplay. O acordo marca o reencontro da principal categoria do automobilismo mundial com a emissora que a popularizou no país durante mais de quatro décadas, de 1972 a 2020.
O novo contrato vai até 2028 e contempla um formato robusto de cobertura: 15 Grandes Prêmios transmitidos na TV aberta, cobertura integral no SporTV, com treinos, classificações, Sprints e corridas ao vivo, além de disponibilidade completa das sessões no Globoplay, com integração digital e sob demanda.
Agora, com o crescimento da base de fãs jovens — 39% com menos de 35 anos, segundo pesquisa da própria F1 — e a consolidação das plataformas digitais, a emissora promete uma experiência mais moderna, integrada e multiplataforma.
“É a F1 de volta para casa”, afirmou Leonora Bardini, diretora de programação da Globo, ao destacar que o novo acordo une tradição e inovação. Já Ian Holmes, diretor de direitos de mídia da F1, agradeceu à Band pelos últimos cinco anos e celebrou o novo ciclo com a Globo como “um dos maiores pacotes de mídia aberta da F1 em todo o mundo”.
O impacto será também editorial: espera-se o retorno da cobertura in loco em GPs estratégicos, novos quadros nos telejornais e na grade esportiva, e uma alavancagem na visibilidade de pilotos brasileiros como Gabriel Bortoleto, atual estreante da categoria. O Brasil, que é o segundo maior mercado da F1 no Instagram, com quase 3 milhões de seguidores, mantém-se como um dos pilares globais da audiência — e a Globo, novamente, como sua principal ponte.
Agenda cheia, motores aquecidos
Com o encerramento de um dos fins de semana mais intensos da temporada, o calendário do automobilismo mundial entra em breve pausa para a Fórmula 1, que retorna na próxima semana, entre os dias 25 e 27 de julho, com o Grande Prêmio da Bélgica, em Spa-Francorchamps — tradicional palco de estratégias arrojadas e corridas decididas nos detalhes. Já Mundial de Endurance apenas em setembro, com o Lone Star Le Mans, em COTA, Estados Unidos.
Enquanto isso, outras categorias seguem a todo vapor com preparativos e movimentações importantes. A Fórmula E se aproxima de sua rodada final em Londres, a MotoGP já mira a próxima etapa em Brno, e o TCR South America segue com sua perna uruguaia em El Pinar. Além disso, bastidores e anúncios devem continuar movimentando equipes, patrocinadores e mercados.
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