Menos de uma semana atrás, todos estavam aguardando o início da nova temporada de Fórmula 1. Muita coisa mudou nos últimos dias, e a FIA sofreu um grande golpe em sua imagem pública, com a maneira como lidaram com o cancelamento do Grande Prêmio da Austrália

O futuro dos GPs do Bahrein e do Vietnã já estava em dúvida, mas havia uma clara demanda pela corrida em Melbourne, se todos os times pudessem chegar à Austrália, a corrida poderia seguir em frente. Embora a Itália tenha fechado suas fronteiras, Ferrari e AlphaTauri foram autorizados a viajar e tudo parecia estar pronto para a temporada da F1 começar.

Depois, surgiram informações que a McLaren havia colocado em quarentena um membro da equipe, assim como a Haas com quatro de seus integrantes. Os organizadores do GP decidiram esperar pelos resultados dos testes, que foi positivo para o coronavírus para o engenheiro da McLaren.

Para o mundo exterior, ficou claro que o Grande Prêmio da Austrália não deveria mais continuar, especialmente depois que a McLaren anunciou sua retirada da corrida. A FIA e a Liberty Media ainda estavam pressionando para que a corrida seguisse em frente.

Havia uma quantidade incrível de caos e incerteza sobre o destino do GP. Cada informação que vinha do paddock contradizia a anterior, e a F1 e a FIA permaneceram caladas durante todo o processo. Enquanto isso, a McLaren colocou em quarentena 14 membros da equipe, e a BBC Sport informou que vários pilotos já haviam ido para o aeroporto para deixar o país. Ainda assim, não havia declarações oficiais na quinta-feira à noite.

Na manhã de sexta-feira, os fãs já começaram a chegar em Albert Park, pois não havia sinais de que o TL1 havia sido cancelado. As pessoas estavam em frente à entrada do circuito, que ainda estava fechado. Então, duas horas antes do início do TL1, a FIA finalmente divulgou uma declaração: o GP da Austrália estava cancelado.

O sistema lento da FIA ficou dolorosamente exposto sob o sol australiano. Houve inúmeros momentos em que a organização poderia e deveria ter decidido cancelar a corrida, mas isso não aconteceu. Somente quando os fãs já estavam em grande número em frente aos portões de Albert Park, a FIA agiu.

Chase Carey chamou isso de ‘situação fluida’, enquanto quase todas as outras organizações de esporte a motor do mundo já haviam suspendido todas as corridas.

Essa mesma incerteza agora se reflete no calendário da Fórmula 1. Não é de surpreender que a FIA, a Liberty Media, e as equipes, ainda tenham que se sentar para discutir o destino da temporada 2020, e a maneira como todos os órgãos de governança o fizeram é bastante reveladora. Uma organização diz que a F1 vai correr no início de maio, enquanto a outra diz não será até o final de maio. Enquanto isso, as pessoas nos GPs da Holanda e da Espanha (ambos em maio), são mantidas no escuro.

A FIA já estava tendo dificuldades com a mídia em todo o mundo com o modo como investigou os motores da Ferrari, e o fim de semana passado só piorou as coisas para a organização. O presidente da FIA, Jean Todt, também não se cobriu de glória, twittando sobre uma reunião de negócios, que teve no meio da incerteza do Grande Prêmio da Austrália.

O jornal holandês De Telegraaf declarou que a FIA “se envergonhou”, enquanto o jornal alemão Bild até pediu uma investigação sobre o ‘espetáculo de uma hora e indigno da F1’. L’Equipe e Gazzetta dello Sport também não se contiveram.

O jornal francês falou de “má gestão da mais alta ordem”, enquanto Gazzetta sublinha o puro caos em Melbourne no fim de semana.

Uma coisa é certa: temos que esperar que a FIA possa ser mais eficaz nos próximos meses, para que a temporada de F1 possa voltar aos trilhos assim que for seguro.

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