Senna: a geração que não viu o tricampeão

Por André Spigariol

Lá se vão 20 anos. Por exatamente um mês e um dia eu faço parte dessa geração de jovens jornalistas que não tiveram o privilégio de apenas serem contemporâneos de Ayrton Senna vivo. Quando a Williams FW16 do brasileiro bateu no muro da Tamburello em Ímola, eu ainda estava confortável e tranquilo dentro do corpo de minha mãe, alheio à talvez maior das tristezas que já se abatera sobre o povo tupiniquim.

Eu sou dessa geração de fãs de automobilismo que cresceram educados pelas lendas contadas por nossos pais e avós sobre um deus Senna, o maior de todos os tempos, herói nacional. Quando me contavam histórias sobre ele, e quando me contam-nas até hoje, eu posso ver no brilho dos olhos de quem fala aquela mesma paixão e nas reverberações de suas vozes o eco triunfante dos gritos de “é campeão” de 88, 90 e 91. Nestes breves momentos, Senna regressa dos mortos.

Aliás, é uma figura tão próxima, tão onipresente, que às vezes tenho a sensação de que ele foi mesmo um deus em um mundo de mortais. Ao ver seus vídeos de corridas antigas, ler suas entrevistas em recortes de jornais e revistas velhas, ouvir sua voz em arquivos de rádio e televisão, não ouso dizer que cheguei a conhecê-lo bem, mas seguramente conheci o suficiente para transformá-lo em um dos meus ídolos e em um dos meus motivos para seguir a profissão que escolhi.

Para mim e para outros milhares de moleques de 20 anos, Senna é essa figura abstrata formada por pedaços de jornal, fitas de vídeo, histórias contadas, mas ao mesmo tempo tangível o suficiente para nos dar o exemplo e a inspiração necessários em qualquer coisa que fazemos em nossas vidas. Eu, como pessoa e jornalista ainda replique de montre em formação, devo muito de quem sou a ele.

Obrigado, Senna. Esteja onde estiver, receba o nosso carinho e as nossas preces.



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