Johnny Cecotto não conseguiu uma carreira brilhante na Fórmula 1, mas ainda hoje é recordado por ter sido o primeiro companheiro de equipe de Ayrton Senna. Os dois compartilharam o boxe da Toleman em 1984, ano de estreia do brasileiro.
O piloto venezuelano concedeu uma entrevista ao ‘UOL Esporte’ onde lembrou a relação com Senna, admitindo que esteve longe de ser perfeita.
“No início até era boa, próxima. Andávamos juntos. Depois, testamos o mesmo carro uma vez, em Donington. Eu fui um pouco mais rápido e ele não ficou contente. Ele era o primeiro piloto e a partir desse dia a relação ficou mais difícil”, explica.
Cecotto diz mesmo que o material dado aos dois pilotos era diferente, dado o status de Senna. “Ele queria todas as melhores condições para ele”, disparou, entre risos.
“Tinha o motor novo, do ano, com injeção eletrônica. A minha era mecânica, do ano anterior. Ele fazia todos os testes, eu nunca testava. Havia diferença de potência e de velocidade, que eram menores no meu carro. Tudo girava à volta dele. É a sua forma de ser, queria a equipe só para ele. Creio que para um piloto que quer ser campeão é um comportamento normal”, admitiu.
Nessa temporada, Senna foi ao pódio três vezes e somou 13 pontos. Cecotto só terminou duas das nove corridas que fez. Cinco dos abandonos foram por causa de problemas mecânicos.
Ainda assim, a única mágoa que Cecotto diz guardar de Senna foi a sua ausência após o acidente que sofreu nos treinos do GP de Inglaterra e que acabou com a sua carreira na F1.
“Não me visitou, não mandou qualquer mensagem. Eu acho que o meu acidente impressionou-o um pouco por isso não entendo. Acho que pelo menos uma saudação deveria ter enviado”, diz.
Para Cecotto fica, contudo, um momento de orgulho. “Alguns anos depois ele disse numa entrevista que eu fui o companheiro mais difícil que ele enfrentou. Surpreendeu-me e senti que foi uma demonstração de respeito”, concluiu.
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