Di Grassi cumpre metas da Renault

O brasileiro Lucas Di Grassi passa pelo que pode ser definido como o período de maior provação de sua carreira no automobilismo. Aos 21 anos, ele disputa o Campeonato de Fórmula GP2 pela equipe italiana Durango, o time mais modesto e de recursos mais escassos do grid desta categoria tecnológica e esportivamente sofisticada. Lucas não brigou por vitórias, nem fez pole positions – como era rotina até o ano passado. Mas ainda assim deixou seus patrões satisfeitos: Di Grassi compete sob contrato do Renault Driver Development (RDD), o programa de desenvolvimento de jovens talentos mantido pela equipe Renault de Fórmula 1.

Como Lucas não conhecia a maior parte das pistas onde compete a GP2, e também pelo fato de o brasileiro ser novato em uma categoria que oferece apenas 30 minutos de treinos livres em suas provas, os gestores do programa o colocaram em uma equipe modesta para que realmente tivesse um ano de aprendizado e muito trabalho duro pela frente. Mas 2006 também tem representado uma temporada de luta no estilo David versus Golias: devido ao orçamento enxuto, Di Grassi não tem direito a treinos particulares com carros da World Series, uma prática corriqueira entre as grandes equipes, já que o regulamento não permite ensaios com o bólidos de GP2. Sua equipe também conta com poucos profissionais – o próprio Lucas costuma ajudar nas tarefas dos mecânicos – e seu carro é provavelmente o menos desenvolvido do grid.

Ainda assim, Lucas não perde o otimismo: “É muito fácil quando você, todos os anos, tem o melhor carro nas mãos. É só chegar e acelerar. Como desportista, eu estou sofrendo muito, pois todo piloto que se preze quer ter chances de vitória. Mas, de outro lado, tudo o que eu consigo na pista é muito valorizado, pois a categoria inteira sabe das condições com as quais estamos competindo”.

E Lucas tem realmente chamado a atenção com sua pilotagem. Tanto que, apesar de andar com um equipamento que não está à altura do utilizado pelas principais equipes, é considerado um dos três nomes mais reconhecidos do grid – e uma aposta certa para 2007, caso esteja em uma equipe à altura do seu potencial. Por exemplo, na corrida passada, no difícil traçado da Hungria, Di Grassi chegou a andar em quinto e talvez tivesse condições de subir ao pódio caso não tivesse abandonado. Em uma categoria na qual as grandes equipes têm orçamentos milionários – enquanto o time do brasileiro aperta o cinto e gasta apenas no que é absolutamente vital –, isso chega a ser desconcertante. Guardadas as devidas proporções, é mais ou menos como, no caso da Fórmula 1, a Super Aguri andar na frente dos McLaren e Williams, o que evidentemente não acontece.

Por tudo isso, Lucas tem reforçado sua posição dentro do RDD. O programa para jovens talentos da Renault renova todos os anos seu grupo de contratados. Di Grassi faz parte do programa desde 2004 – e seu desempenho tem lhe garantido todos os anos a continuação no RDD. “Obviamente, minha meta é o sonho de todo piloto: chegar à Fórmula 1”, diz ele. “Mas para isso tenho que me manter no RDD. Eu sei que estou na categoria que é a ante-sala da F-1, mas sei também que ainda tenho que cumprir pelo menos mais um ano na GP2, em 2007, antes de aspirar estar numa boa equipe de F-1. Para isso, conto com o apoio do RDD. No ano que vem, já conhecerei as pistas e o carro da GP2, e espero disputar esta temporada com objetivos bem mais ambiciosos dos que a Renault me propôs para 2006”.



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