O Campeonato Sul-Americano de Fórmula 3 oferecerá no próximo fim de semana um grande desafio para seus bólidos, pilotos e equipes: a rodada tripla em uma pista de rua localizada na cidade de Santa Fé, na Argentina. “Tradicionalmente, as pistas de rua oferecem condições mais críticas em relação aos autódromos, com piso irregular, curvas com níveis não condizentes com as velocidades praticadas, traçado estreito, áreas de escape reduzidas ou inexistentes, sujeira e muitos obstáculos perigosos, como guard-rails próximos ao traçado, árvores, postes de iluminação e muros. A de Santa Fé, no entanto, foi idealizada para ser mais segura. Porém, continua sendo um traçado improvisado em ruas comuns”, observa o paulista Diego Nunes (Chocolates Garoto/Aura) que, em sua curta carreira com monopostos, já disputou nada menos que seis provas de rua, todas na Fórmula Renault. Justamente por estas características deste tipo de traçado, raramente são disputadas rodadas duplas. De rodadas triplas, então, não há registro no automobilismo moderno.
Esta será a 16ª corrida de rua da F-3 Sul-Americana em praticamente 20 anos de história. Todas foram realizadas no Uruguai, exceto uma: em 1987, quando a categoria abandonou a configuração da extinta Fórmula 2 para adotar o regulamento da Fórmula 3, foi realizada uma prova em Villa Carlos Paz, na Argentina, um tradicional reduto do Rali. “Quem não sabe andar em pista de rua vai ter que aprender na marra”, prevê Diego. “É um desafio totalmente diferente de correr em um autódromo: leva vantagem quem tem a melhor concentração, pois passamos a centímetros de guard-rails e muros. Qualquer erro ou distração pode resultar na destruição do carro. Além disso, é preciso apurar a técnica para não ter a pilotagem afetada pelos desníveis e irregularidades que causam vibração no carro inteiro e prejudicam o trabalho da suspensão, reduzindo a aderência dos pneus, especialmente nas freadas. É uma corrida cheia de riscos: por isso os acidentes são bem mais freqüentes”, completa o piloto da Chocolates Garoto/Aura, que defende o esquema técnico da equipe Bassani Racing.
A pista de rua de Santa Fé possui 3.143 metros e, segundo os organizadores locais, foi idealizada pensando-se na segurança: “É um traçado que possui todos os tipos de curva, de baixa, média e alta velocidade, onde será muito divertido competir”, conta Diego Nunes. “Mas haverá pelo menos mais uma categoria presente, a TC 2000 Argentina, e isso significa que teremos mais de um tipo de borracha no piso. Se forem compatíveis, tudo bem. Mas, caso não se misturem, como já vi acontecer algumas vezes, a borracha de uma vira uma espécie de sujeira para a outra, o que reduz a aderência, especialmente no início dos treinos ou corridas. Em uma rua, onde o piso não costuma ser perfeito como nos autódromos, isso pode ser um problema a mais. Não é à toa que Nelson Piquet costumava dizer que competir em pistas de rua é como andar de bicicleta na sala”, observa o piloto da Chocolates Garoto/Aura, referindo-se ao comentário do tricampeão da F-1 sobre a pista de rua de Mônaco.