O líder do campeonato da Moto2, Manuel Gonzalez (LIQUI MOLY Dynavolt Intact GP), começou o fim de semana do GP da Malásia com autoridade ao fechar a sexta-feira no topo da folha de tempos. Em uma tarde de pista seca e ritmo elevado em Sepang, o espanhol conhecido como “Manugas” saltou para a primeira posição nos minutos finais do TL, movimento que alimenta o plano declarado da equipe: ampliar a vantagem no campeonato diante de uma concorrência que apertou nas últimas etapas.
A volta decisiva de Gonzalez surgiu nos instantes derradeiros após um treino já quente no cronômetro e nas disputas por referência de pista. O #18 ainda salvou um grande susto na última curva a meio da sessão, quando a frente ameaçou escapar. Ele manteve a moto em pé e, pouco depois, cravou a melhor marca do dia, sinalizando que o acerto de uma volta e o ritmo de stint estão alinhados para a virada de sábado com a tomada de tempos.
Jake Dixon (ELF Marc VDS Racing Team) confirmou adaptação rápida e terminou em segundo, sendo o melhor piloto com chassi Boscoscuro. Albert Arenas (ITALJET Gresini Moto2) apareceu muito forte na parte final e fechou o top-3, também surfando a evolução natural da pista. Barry Baltus (Fantic Racing) foi o quarto com uma sessão sólida, enquanto Daniel Holgado brilhou no fechamento do treino para levar o quinto tempo, logo à frente do companheiro David Alonso.
Houve também dose de drama no trânsito. Aron Canet (Fantic Racing) e Mario Aji (Idemitsu Honda Team Asia) quase se encontraram de forma mais dura na Curva 1 já no fim, quando o #44 checou o telão e precisou se reposicionar. No balanço, Canet garantiu o sétimo melhor tempo do dia, imediatamente à frente de Alex Escrig (KLINT Forward Factory Team), que manteve constância para concluir em oitavo após boa sequência de voltas.
Tony Arbolino (BLU CRU Pramac Yamaha Moto2) colocou-se no grupo de frente em nono e virou a página de uma manhã discreta, enquanto Diogo Moreira (Italtrans Racing Team) fechou o top-10. Para o brasileiro, o objetivo de sexta foi direto e alcançado: vaga garantida de forma automática no Q2, ao lado do líder do campeonato, sem precisar encarar o sempre traiçoeiro funil do Q1 na manhã de sábado.
Alguns nomes de peso, porém, terão trabalho extra. Senna Agius (LIQUI MOLY Dynavolt Intact GP), vencedor do GP da Austrália, encerrrou em 15º e vai disputar o Q1. Ivan Ortola (QJMOTOR – FRINSA – MSI) ficou logo atrás, em 16º, repetindo a missão. O mesmo vale para a dupla da Sync SpeedRS Team: Alonso Lopez e Celestino Vietti não entraram no top-14 e também buscarão a passagem entre os quatro primeiros do Q1 para seguir à briga pela pole.
A fotografia de sexta dá pistas claras do que esperar em Sepang. Em um traçado que alterna “esses” de alta com retas longas e zonas de frenagem forte, a volta ideal depende de encaixe fino na entrada dos trechos rápidos e, principalmente, de tração estável na saída das curvas 14 e 15 para transformar aceleração em velocidade final. Com a temperatura do asfalto elevada, gerir a janela dos pneus e o equilíbrio na dianteira pode separar a primeira fila de um meio de grid congestionado.
Para Gonzalez, o pacote mostrou alcance completo: velocidade pura para uma volta e “base” de ritmo que permite sequências competitivas. Sem inventar, a Intact GP trabalhou em stints curtos no início e guardou pneus para a parte final, quando a pista atingiu o melhor momento. O salto para P1 no último trecho do treino foi o resumo do dia: execução limpa e momento certo para abrir volta rápida com ar limpo.
Do outro lado da garagem, Moreira saiu da sexta com mensagem positiva. O P10 valeu a passagem direta ao Q2 e, sobretudo, reforçou que o caminho de evolução segue de pé mesmo com a pressão do campeonato. Na prática, começar o sábado já no Q2 é vantagem decisiva: reduz o desgaste, permite focar em aquecimento de pneus, trabalhar a volta de saída e planejar duas tentativas lançadas sem o trânsito típico do Q1.
A briga pela pole promete ser apertada. Dixon e Arenas mostraram picos de velocidade suficientes para desafiar Gonzalez, enquanto Baltus, Holgado e Alonso estão perto o bastante para embaralhar a primeira e a segunda fila. Se Canet converter o ritmo de treinos em volta limpa, é candidato natural a avançar posições no Q2. E a turma do Q1 — com Agius, Ortola, Lopez e Vietti — tem bala para entrar, o que pode empurrar favoritos para fora da primeira metade do grid de largada.
