Verstappen domina em Monza, McLaren vacila com ordens de equipe e erros estratégicos, enquanto Bortoleto consolida evolução com oitavo lugar.
O Grande Prêmio da Itália em Monza evidenciou um fim de semana em que Max Verstappen, mesmo sem ser o protagonista do campeonato, mostrou porque continua sendo uma referência na Fórmula 1. O holandês soube explorar ao máximo o setup do RB21, configurado com mínima carga aerodinâmica para enfrentar o “Templo da Velocidade”. A estratégia da Red Bull foi simples e precisa: Verstappen sabia que não poderia perder tempo no ar sujo, devolveu a posição para Norris logo após a largada, mas não tardou a retomar a liderança com o DRS e, a partir daí, construiu uma vitória impecável. Os quase 20 segundos de vantagem sobre o segundo colocado refletem tanto a execução perfeita da Red Bull quanto os erros acumulados da McLaren.
E aí entra a narrativa que mais movimentou o paddock: a McLaren perdeu o timing de atacar a Red Bull. Quando a diferença era de cinco segundos, havia espaço para tentar algo diferente, mas a equipe não se mexeu e viu Verstappen escapar. Somado a isso, o pit stop falho de Lando Norris e a ordem de equipe polêmica para Oscar Piastri devolver a posição ao britânico escancararam uma McLaren vacilante. A manobra pode até parecer pragmática, mas revela um campeonato morno, em banho-maria, entre dois pilotos que são os únicos candidatos ao título. Piastri, líder do Mundial, aceitou de forma passiva a decisão que lhe custou três pontos. Essa docilidade contrasta com a postura que se espera de um campeão, e pode pesar lá na frente, quando restarem apenas algumas corridas para a definição.

Enquanto isso, a Ferrari teve um domingo discreto demais para sua torcida. Charles Leclerc fez o que pôde em P4, mas nunca teve ritmo real de pódio. Lewis Hamilton até recuperou posições após a punição que o jogou para 10º no grid, mas também esteve distante da briga. A Ferrari saiu de Monza como coadjuvante, e o quarto lugar soou quase como um alívio diante de tamanha falta de competitividade.
O oitavo lugar de Gabriel Bortoleto em Monza ganha ainda mais relevância quando se observa o cenário atual da Fórmula 1. A Sauber já não figura entre as cinco forças do grid: hoje, a Williams ocupa esse posto com clareza, enquanto Aston Martin, Racing Bulls, Haas e a própria Sauber compõem o pelotão intermediário. Dentro desse contexto, o brasileiro fez um fim de semana muito forte, evoluindo em relação às etapas anteriores e mostrando consistência tanto em classificação quanto em corrida.
Na prova, Bortoleto travou uma disputa intensa com Fernando Alonso, chegou a superar o espanhol na pista, mas a estratégia da equipe de marcá-lo diretamente se mostrou precipitada. O brasileiro ainda tinha ritmo e pneus para permanecer mais tempo, mas foi chamado aos boxes cedo demais, enquanto rivais diretos alongaram o primeiro stint. Para completar, ele próprio admitiu após a corrida que parou alguns centímetros fora da marca ideal no pit stop, o que atrasou o trabalho da equipe e resultou em uma parada de quatro segundos. Essa combinação acabou tirando a chance de disputar diretamente com Alexander Albon, que largou de pneus duros e se beneficiou da janela mais longa, além de figurar em ritmo semelhante ao de Kimi Antonelli, que depois foi punido.
Ainda assim, o oitavo lugar foi um resultado excelente, condizente com o potencial do carro, e reforça a imagem de Bortoleto como um jovem em ascensão que cresce a cada etapa. Diferente de outros novatos já vinculados a programas de fábrica, como Hadjar na Red Bull, o brasileiro mantém apenas laços com a Audi, o que o torna um ativo interessante para o futuro da categoria. Mais do que o resultado em si, Monza mostrou que Bortoleto está em clara curva de evolução, consolidando-se como um nome a ser observado no grid.

Entre os jovens, Antonelli se redimiu de um TL1 desastroso e até fez corrida aceitável, mas acabou punido ao forçar Albon para fora da pista. Oliver Bearman, por outro lado, vive um alerta: após o toque em Carlos Sainz, acumula 10 pontos na superlicença, ficando a apenas dois de uma suspensão em ano de estreia. Já Franco Colapinto mostrou sinais de recuperação ao superar o companheiro Gasly em disputas limpas, sugerindo que seu pior momento pode ter ficado para trás. O grande destaque foi Isack Hadjar, que faturou nove posições para cruzar em décimo, mostrando evolução sólida na Racing Bulls.
Por fim, a corrida também trouxe frustrações. Nico Hülkenberg sequer largou, vítima de falha hidráulica na Sauber, enquanto Fernando Alonso abandonou após quebrar a suspensão traseira direita ao passar pela zebra agressiva da Ascari. Para dois veteranos, a prova foi um duro lembrete de que Monza não perdoa erros — nem mecânicos, nem humanos.
