F1 The Movie transforma Ayrton Senna em fio condutor invisível da trama

Mesmo sem ser o protagonista (e nem mesmo aparecer no filme), Senna é o espírito que guia a narrativa do filme estrelado por Brad Pitt. Uma homenagem silenciosa, mas poderosa, ao maior ídolo da história da Fórmula 1.

Na nossa análise inicial de F1: The Movie, destacamos o cuidado técnico e visual da produção ao representar o universo da Fórmula 1. Apesar de ser uma obra de ficção, o filme preserva a integridade esportiva ao incorporar elementos reais da categoria, desde as estruturas de paddock até os movimentos de câmera durante uma largada. Essa tentativa de manter a verossimilhança não é um mero detalhe estético: ela sustenta um enredo que, ainda que baseado em personagens e em uma equipe fictícia, busca ressoar com quem vive e acompanha o automobilismo de perto. Dentro dessa estrutura dramática, um fio condutor se revela constante ao longo do filme — o legado de Ayrton Senna.

O nome de Senna não é dito com ênfase, mas sua presença se infiltra em diversos momentos, como uma sombra que paira sobre o protagonista Sonny Hayes e sobre toda a lógica narrativa do longa. A aparição sutil de um McLaren branco e vermelho nas primeiras cenas funciona como um símbolo silencioso, imediatamente reconhecível para quem conhece a história da Fórmula 1.

Mais do que um ídolo, Senna é apresentado como uma régua moral. Em entrevista, Brad Pitt reforça essa ideia ao explicar que seu personagem teria, no universo da história, corrido ao lado de Senna. “Ele é o referencial, o topo, considerado um dos maiores de todos os tempos”, disse Pitt, mencionando ainda que bastaria rever a volta histórica de Senna em Mônaco para entender a dimensão da sua grandeza. Essa fala ecoa o tom geral do filme: mais do que replicar a realidade, F1: The Movie presta tributo àqueles que moldaram a identidade da Fórmula 1, colocando Senna como o símbolo mais elevado dessa construção.

F1 The Movie
Foto: Gabriel Gavinelli/ F1Mania.net

O filme também estabelece esse vínculo de forma visual e sensorial. Pitt descreve sua experiência ao sentar no carro original de Senna como algo “chocante”, destacando a exposição do corpo do piloto, com os joelhos à frente da suspensão e os ombros praticamente fora do chassi. “É inacreditável pensar que ele competia assim. Trocar marcha com a mão. É algo que dá até arrepios”, disse. A descrição não apenas reforça o respeito técnico que o filme dedica à história da F1, mas também ressalta como a trajetória de Senna continua sendo um referencial quase sobre-humano de coragem e habilidade.

O que o filme parece entender — e traduz com sensibilidade — é que o mito de Senna não se sustenta apenas por suas vitórias ou números, mas pela intensidade com que ele pilotava e pela forma como tocava as pessoas. Essa dimensão humana atravessa F1: The Movie de maneira velada, mas constante. O protagonista Sonny Hayes não tenta ser um novo Senna — e nem poderia —, mas sua jornada é delineada com base nas mesmas perguntas que o brasileiro enfrentou em sua carreira: o quanto vale se arriscar por um sonho, até que ponto um piloto é apenas um atleta, e quando ele se torna algo maior, quase imortal.

No fim, F1: The Movie é uma obra ficcional que se apoia em emoções reais. E se há um elemento que conecta verdadeiramente o público com a trama, esse elemento é Ayrton Senna. Seu legado não é transformado em roteiro — é usado como solo fértil para que uma nova narrativa cresça com raízes profundas e significativas. O filme entende o que Senna representa e, em vez de tentar reproduzi-lo, escolhe reverenciá-lo — o que, na maioria das vezes, é o maior gesto de respeito que se pode prestar.

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