F1 The Movie aposta na ficção para expandir os limites da Fórmula 1

O F1Mania.net esteve na pré-estreia do filme em São Paulo e analisa os acertos e limitações da obra estrelada por Brad Pitt, além de Lewis Hamilton como produtor executivo

O universo da Fórmula 1 nunca esteve tão próximo da linguagem do cinema quanto agora. F1: The Movie, estrelado por Brad Pitt e dirigido por Joseph Kosinski (Top Gun: Maverick), propõe uma imersão inédita no paddock, com uma ambientação real captada em GPs autênticos e um roteiro que mistura ficção dramática com adrenalina de corrida. E talvez esse seja seu maior trunfo — e também sua maior limitação.

Na trama, acompanhamos Sonny Hayes (Brad Pitt), um ex-piloto de Fórmula 1 que retorna às pistas após anos longe da categoria. Aos cinquenta e poucos anos, ele é chamado para ajudar a equipe fictícia APXGP, a mais fraca do grid, ao lado de um jovem e promissor companheiro de equipe, com quem precisa construir não apenas uma parceria técnica, mas emocional. Ao mesmo tempo, enfrenta fantasmas do passado e pressões do presente, tudo enquanto as corridas seguem em tempo real — com cenas captadas diretamente durante os GPs de 2023.

Estive na pré-estreia do filme no IMAX do JK Iguatemi, em São Paulo, e a experiência sensorial foi um espetáculo à parte. O som impressiona: os motores rugem, o rádio é cortante, a ambientação sonora recria com fidelidade a tensão de um fim de semana de Grande Prêmio. As imagens também fazem jus ao legado visual da F1, com ângulos inéditos, takes próximos aos carros e uma câmera que respira junto com os engenheiros e pilotos. A equipe fictícia APXGP, a Apex GP, convence dentro do grid — por vezes, parece realmente estar ali entre Mercedes, Red Bull, Ferrari e McLaren.

O protagonista Sonny Hayes é o centro da trama. E apesar de Pitt segurar bem o papel, seu personagem parece conter mais camadas do que o roteiro permite explorar. A mesma sensação acompanha seu companheiro de equipe, um novato promissor que, infelizmente, carece de tempo em tela para conquistar o público. A história tem bons elementos — redenção, legado, parceria improvável — mas não mergulha fundo o suficiente. Fica a sensação de que havia muito mais potencial a ser explorado.

F1 The Movie
Foto: Gabriel Gavinelli/ F1Mania.net

Por trás das câmeras, o projeto tem o envolvimento direto de Lewis Hamilton como produtor executivo. A produção se esforça para que elementos como a ambientação de paddock, o comportamento das equipes e até o ritmo de corrida pareçam verossímeis. No entanto, é importante lembrar que se trata de uma obra de ficção — e, como tal, ela toma liberdades criativas – que podem soar exagerados por quem conhece do assunto. Em alguns momentos, por exemplo, o número de ultrapassagens ou a forma como elas acontecem remetem mais ao cinema do que à realidade. Dá para dizer que o filme condensou, em pouco tempo, os elementos mais dramáticos que a F1 já viveu em sua história. São situações que, de fato, já aconteceram ao longo das décadas, mas raramente da forma fluida e sucessiva como aparecem no roteiro. Isso cria um efeito de intensidade contínua que funciona no cinema, mas que o espectador mais atento sabe que foi ajustado para caber em uma narrativa de duas horas.

Como jornalista que vive o paddock de verdade, posso afirmar: o filme foi feito para o público leigo. Quem nunca viu uma corrida vai entender tudo — e se envolver. Mas para quem conhece os bastidores da Fórmula 1, há sacadas discretas, olhares e códigos que revelam um cuidado técnico importante. É o tipo de detalhe que não aparece na tela da TV, mas que todo fã vai reconhecer com um sorriso discreto.

E aqui vai minha visão final: antes da estreia, F1: The Movie foi apresentado como um filme capaz de “furar a bolha” da Fórmula 1 — alcançar quem não acompanha o campeonato, mas se interessa por grandes histórias de superação e emoção. E é exatamente isso que ele entrega. A F1 serve como pano de fundo para um drama pessoal, mas também como uma vitrine poderosa das emoções que esse esporte provoca. O roteiro evita explicações técnicas, não entra em minúcias como bandeiras ou regras, e aposta em uma narrativa mais direta, universal. Ainda assim, quem é fã da F1 também tem muito a ganhar: pela ambientação, pela estética, e principalmente por ver a categoria retratada com o respeito que ela merece. É um filme que conversa com o mundo — e que o fã raiz também deve experimentar.

F1: The Movie tem estreia oficial nos cinemas brasileiros marcada para 26 de junho de 2025, com distribuição global feita pela Warner Bros. O filme tem direção de Joseph Kosinski, produção de Jerry Bruckheimer e Lewis Hamilton como produtor executivo. Estrelado por Brad Pitt, o longa foi gravado em GPs reais da Fórmula 1 durante a temporada de 2023, e será exibido em versões padrão, IMAX e salas especiais. Classificação indicativa: 12 anos.

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