A possibilidade de Christian Horner assumir um papel de liderança na Alpine, vem sendo tratada internamente como um cenário de benefícios e riscos tanto para o dirigente quanto para a equipe francesa. Relatos surgidos recentemente, indicam que o ex-chefe da Red Bull Racing, demitido em julho após vinte anos de enorme sucesso, estaria interessado em adquirir uma participação minoritária no time com apoio de investidores. No entanto, segundo informações do GPblog, não houve avanços concretos nesse sentido até o momento.
O foco de Horner seria a fatia de 24% atualmente pertencente à Otro Capital, empresa americana de investimentos fundada em 2022 e voltada a ativos ligados a esporte, mídia e entretenimento. O grupo conta com nomes de destaque entre seus investidores e participou, ao lado da RedBird Capital Partners e da Maximum Effort Investments, ligada ao ator Ryan Reynolds, do acordo que avaliou a Alpine em cerca de 900 milhões de dólares em junho de 2023.
Não é segredo que Horner busca retornar à Fórmula 1, preferencialmente como acionista, em um modelo semelhante ao de Toto Wolff na Mercedes, onde o austríaco detém cerca de 28% da equipe após vender parte de sua participação ao CEO da CrowdStrike, George Kurtz. Na Alpine, Horner enxergaria a oportunidade de exercer um nível de autoridade maior do que aquele que tinha na Red Bull, mas também teria pela frente um desafio considerável.
Desde a reformulação da equipe sob o nome Alpine, em 2021, o time nunca conseguiu se firmar de forma consistente entre as principais forças da Fórmula 1. A situação se agravou em 2025, com a equipe terminando na última posição do campeonato de construtores e apresentando um carro claramente abaixo do esperado, mesmo em um momento de maior convergência técnica no último ano do atual ciclo de regras.

Nos últimos anos, a Alpine também ficou marcada por sucessivas mudanças na liderança e pela saída frequente de nomes importantes, mais do que por resultados expressivos na pista. Os poucos destaques vieram em ocasiões pontuais e difíceis de repetir, como a vitória de Esteban Ocon na Hungria em 2021 e o duplo pódio em P2 e P3 no GP de São Paulo no ano passado.
Outro ponto de incerteza envolve a decisão de abandonar os motores Renault, produzidos em Viry-Châtillon, e passar a utilizar unidades de potência Mercedes a partir da próxima temporada. Embora, teoricamnte, essa mudança represente um avanço técnico significativo, ela também provocou tensões internas dentro da equipe.
Ainda assim, o histórico de Horner sugere que ele é capaz de conduzir projetos complexos rumo ao sucesso. Após chegar à Red Bull em 2005, ao lado de figuras-chave como Adrian Newey e Helmut Marko, foram necessários alguns anos até que os resultados aparecessem, abrindo caminho para períodos dominantes entre 2010 e 2013 e, mais tarde, entre 2021 e 2024.
Aos 52 anos, Horner ainda teria tempo para estruturar um projeto de longo prazo, mesmo que isso exija paciência nos primeiros anos. O grande trunfo pode ser justamente a ampla mudança de regulamentos que se aproxima, oferecendo à Alpine a chance de iniciar um novo ciclo na categoria com as diferenças reduzidas. Por outro lado, a chegada de Horner também alteraria o equilíbrio interno de poder, já que seu estilo centralizador, embora bem-sucedido na Red Bull, reduziu a autonomia interna e acabou levando a uma mudança de filosofia com a nomeação de Laurent Mekies como novo chefe de equipe, depois da demissão de Horner.
