A Fórmula 1 vive um momento de dúvidas sobre o quão equilibrada será a competição em 2026, quando os novos motores híbridos entrarem em ação. A preocupação, já admitida por algumas fabricantes como a Ford, é que o primeiro ano dos novos regulamentos seja dominado por apenas uma equipe, remontando aos tempos em que a Mercedes ficou no topo da categoria por mais de cinco anos.
Para evitar que uma fabricante fique irremediavelmente atrás, a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) incluiu no regulamento de 2026 um mecanismo de apoio, mas descarta qualquer semelhança com o “Balance of Performance” (BoP), usado em categorias como o Mundial de Endurance (FIA WEC).
O regulamento técnico para 2026 prevê que, se o motor de combustão interna de uma fabricante ficar mais de 3% abaixo do melhor motor do grid, ela terá direito a atualizações extras e mais tempo de testes após a quinta corrida da temporada. A medida visa evitar que um erro inicial condene uma equipe a anos de fracasso, já que os motores serão homologados com pouca margem para ajustes.

No entanto, a FIA promete rigor: se os dados após as cinco primeiras corridas não comprovarem a defasagem, as permissões serão revogadas. Além disso, a entidade reserva-se o direito de intervir se alguma equipe obtiver vantagem injusta sobre as demais. Em entrevista ao portal The Race, Nikolas Tombazis, diretor de monopostos da FIA, foi enfático:
“Rejeitamos veementemente qualquer sugestão de que haja BoP na F1. Em outras categorias, como endurance, o sistema tenta equalizar artificialmente carros com conceitos diferentes. Na F1, todos partem das mesmas regras – queremos justiça, não intervenção”, afirmou.
Ele também destacou que mecanismos como o teto de gastos e as restrições aerodinâmicas já cumprem esse papel ao frear vantagens acumuladas: “Se uma equipe lidera por anos, quem está atrás não pode simplesmente gastar mais para alcançar. É como uma maratona onde o vencedor da prova passada começa à frente na próxima. Nosso objetivo é permitir que todos corram a partir da mesma linha.”
Tombazis reconhece que equipes tradicionais têm conhecimento acumulado, mas garante que as novas regras não premiam o fracasso: “Ninguém receberá vantagem injusta. Trata-se de reduzir desvantagens históricas, não de manipular resultados.”
