Max Verstappen venceu o GP da Emília-Romanha com manobra histórica na Tamburello, mas é Oscar Piastri quem segue mandando no campeonato.
O GP da Emília-Romanha de 2025, realizado no Autódromo Enzo e Dino Ferrari, em Ímola, expôs uma Fórmula 1 com narrativas muito mais profundas do que o simples resultado da corrida sugere. Max Verstappen venceu. Mas a grande história do fim de semana continua sendo Oscar Piastri e a supremacia técnica da McLaren, que saiu da Itália reforçada na liderança do campeonato. O australiano perdeu a vitória, sim. Mas não o controle da temporada.
Verstappen vence — mas ainda corre atrás
A vitória de Max Verstappen foi construída com mérito, especialmente pela ousada e brilhante manobra na primeira volta: uma ultrapassagem dupla sobre George Russell e Piastri na Tamburello que decidiu a corrida. O holandês da Red Bull assumiu a liderança e controlou o ritmo até o fim, mesmo em um fim de semana em que a Red Bull esteve um degrau abaixo em desempenho puro.
Mas é importante colocar essa vitória em perspectiva. Verstappen venceu porque tomou a decisão certa na hora certa — e porque a McLaren errou. Ele não teve o carro mais rápido, nem dominou o fim de semana. A McLaren foi soberana nos treinos livres, na classificação e em ritmo de corrida em ar limpo. A vitória veio por um recorte, não por supremacia.
E é por isso que, mesmo vencendo, Verstappen ainda aparece como um perseguidor no campeonato. Com 124 pontos, segue atrás de Piastri (146) e Lando Norris (133), e precisará de muito mais do que atuações heroicas para voltar a ser o protagonista da temporada.

Piastri mantém o comando — e a McLaren, a vantagem técnica
Oscar Piastri perdeu a corrida. Mas saiu de Ímola como o piloto mais rápido do fim de semana, líder do campeonato e, talvez, mais fortalecido do que seu rival holandês. O australiano dominou os treinos, cravou a pole e, mesmo com o revés da largada, ainda conseguiu terminar no pódio e manter o equilíbrio interno da equipe.
O que impediu a vitória? A estratégia da McLaren e a ultrapassagem ousada de Verstappen na largada. A decisão de antecipar o pit-stop se mostrou um grande erro — o mesmo que afetou Russell e Gabriel Bortoleto, diga-se de passagem. Não houve erro operacional ou de tempo perdido nos boxes. Houve uma leitura precipitada da janela ideal. Piastri, que havia reassumido a segunda posição na pista, ainda perdeu o segundo lugar para Norris nas voltas finais, após a última relargada.
Mas o mais importante: ele não perdeu o controle. Piastri é o único piloto a pontuar em todas as corridas até aqui. Soma três poles, quatro vitórias e lidera o Mundial com autoridade. A McLaren tem o melhor carro e, no momento, os dois pilotos mais consistentes do grid. O campeonato ainda passa por Woking.
Erro estratégico coletivo ou “Efeito Manada”? McLaren, Russell e Bortoleto são vítimas de uma leitura equivocada
O GP de Ímola evidenciou um padrão que vitimou nomes importantes do grid: uma antecipação de parada que, na teoria, buscava undercut — mas, na prática, resultou em perda de posição por tráfego e interrupções, previstas, na corrida. McLaren, Mercedes, Sauber e outros pilotos caíram na mesma armadilha.
Russell perdeu performance ao voltar preso atrás de carros mais lentos. Bortoleto, que vinha numa corrida limpa e promissora, despencou para o fim do pelotão após seu pit-stop precoce e nunca mais conseguiu se recuperar. A McLaren, com Piastri, comprometeu diretamente a disputa pela vitória.

Norris brilha com leitura de corrida, e a McLaren mostra força dupla
Norris soube esperar. Teve calma ao ver Verstappen escapar, consistência para manter Russell sob controle e inteligência para superar Piastri com pneus mais novos nos momentos finais. Seu segundo lugar foi mais do que um bom resultado: foi uma mensagem.
Norris é um contender legítimo ao título. Com 133 pontos e uma regularidade impressionante, está em seu melhor momento desde que chegou à F1. A McLaren, por sua vez, é hoje a única equipe com dois pilotos operando em altíssimo nível e colaborando sem incidentes — um diferencial poderoso para o restante da temporada.
Hamilton brilha em Ímola e tira a Ferrari do marasmo
Lewis Hamilton viveu seu melhor fim de semana com a Ferrari até aqui. Rápido nos treinos, competitivo nas disputas e decisivo nos momentos finais, o heptacampeão mostrou sua versão clássica ao escalar o pelotão e finalizar na quarta posição.
Charles Leclerc, por outro lado, sofreu com estratégia duvidosa e teve de devolver posição a Alexander Albon após manobra irregular. O monegasco terminou apenas em sexto, com nova frustração diante da torcida italiana.
Pelotão médio mais agressivo do que nunca
Albon (P5) e Carlos Sainz (P8) colocaram a Williams no radar com atuações sólidas, enquanto a Racing Bulls comemorou mais um top-10 com Isack Hadjar enquanto Yuki Tsunoda, no segundo RB21, ficou atrás na P10. Pierre Gasly e Franco Colapinto foram discretos, e Fernando Alonso, embora presente no top 10 no sábado, não brilhou no domingo e terminou fora dos pontos.
Kimi Antonelli, por sua vez, viu seu fim de semana de estreia em casa terminar em abandono. Mas o saldo foi positivo: chegou ao Q3 e andou entre os 10 primeiros até o problema mecânico.

Classificação: McLaren à frente, Verstappen se recupera, Ferrari observa
Com o fim da etapa de Ímola, a tabela atualizada do Mundial de Pilotos mostra:
1. Oscar Piastri (McLaren) – 146 pts
2. Lando Norris (McLaren) – 133 pts
3. Max Verstappen (Red Bull) – 124 pts
4. Lewis Hamilton (Ferrari) – 61 pts
5. Charles Leclerc (Ferrari) – 57 pts
No Mundial de Construtores, a McLaren lidera com tranquilidade São 279 pontos em sete corrida. A briga pela terceira posição está quente entre Mercedes e Red Bull: são 131 da equipe de Verstappen contra 141 dos alemães. Ferrari tem 114 pontos na quarta posição, seguida pela Williams com 51.
Conclusão: Ímola, no papel, foi da Red Bull – mas o controle ainda é da McLaren
Verstappen venceu. Mas quem saiu maior do fim de semana foi Piastri. A McLaren segue com o melhor carro, a dupla mais equilibrada e a liderança técnica do campeonato. A Red Bull mostrou que ainda pode reagir, mas precisará de mais do que largadas históricas para reverter o cenário.
A Fórmula 1 volta no próximo fim de semana com o GP de Mônaco. Lá, classificação vale mais que ritmo. E nesse aspecto, McLaren e Piastri também têm mostrado que estão prontos para vencer.