James Vowles, chefe da Williams, não acredita que a Fórmula 1 precise encurtar suas corridas para conquistar o público jovem. Para ele, o caminho está na forma de transmissão e no uso de plataformas de streaming, e não em alterar o formato dos GPs.
“Não acho que alguém no mundo saiba se precisamos de TV linear ou digital via streaming. As novas gerações não assistem em telas tradicionais, tudo está em dispositivos portáteis, mas ainda não estamos atendendo isso”, disse ele em entrevista ao Business of Sport.
Vowles destacou que a F1 já provou que corridas longas podem oferecer grandes espetáculos: “Zandvoort foi um bom exemplo. Alex (Albon) disse: ‘Eu só vi todos ao meu redor baterem’. Foi imprevisível do começo ao fim, mas você precisava assistir uma hora e quarenta para ver o resultado final.”
Ele também criticou tentativas de ‘forçar’ emoção artificialmente, como no GP de Mônaco deste ano, que teve duas paradas obrigatórias: “Podemos chamar de espetáculo, mas praticamente terminamos onde largamos. Não é assim que quero ver corridas”, disse ele.
Para o dirigente, a solução está em adaptar o produto às novas formas de consumo: “Eu iria mais na direção da Apple, Amazon Prime, plataformas disponíveis globalmente em formato de streaming. E criaria versões curtas para quem quiser, mas sem mudar a essência da corrida.”

Vowles acredita que a transição completa para o streaming pode levar até quinze anos, já que os contratos atuais de TV variam em prazo e região.
Embora seja contra reduzir a duração das provas, o chefe da Williams defende mudanças no calendário: “Não acho que tenhamos corridas demais, mas não iria além das vinte e quatro atuais. Eu mudaria para finais de semana de dois dias, sábado e domingo. Assim poderíamos até ter mais GPs sem aumentar o tempo total de trabalho”, acrescentou.
Para ele, encurtar os treinos livres pode trazer ainda mais emoção: “Se você só tem uma hora de treinos livres antes da sessão de classificação, o risco de erros aumenta. Um carro da McLaren pode largar em 15º por ter errado, e isso gera variabilidade no grid. Acho que o esporte só tem a ganhar com isso”, completou o chefe da Williams.
