Zak Brown, CEO da McLaren, detalhou os principais motivos pelos quais a Fórmula 1 sempre teve dificuldades para conquistar o mercado dos Estados Unidos, antes da aquisição dos direitos comerciais pela Liberty Media em 2017. Segundo Brown, a categoria enfrentou um longo período de falta de consistência, o que impediu seu crescimento no país.
O executivo apontou três razões principais para a dificuldade da F1 em firmar raízes nos EUA. A primeira delas foi a falta de uma sede permanente para a categoria: “Nós nunca realmente encontramos uma localização permanente, desde os anos 70. Era Long Beach, depois Watkins Glen, Dallas, depois um estacionamento em Las Vegas por dois anos, depois Phoenix”.
Essa falta de continuidade nos locais de corrida fez com que a F1 não criasse uma identidade sólida nos Estados Unidos, diferentemente de circuitos clássicos como Spa-Francorchamps e Monza, que se tornaram marcos do calendário.
Além disso, Brown destacou a exclusividade que a F1 exibia, o que gerava uma percepção de elitismo: “Fomos um esporte muito exclusivo, ou pelo menos percebido dessa forma, e não muito inclusivo”, disse ele. Isso significava que a F1 não se conectava com seus fãs da mesma forma que outras ligas esportivas americanas, como a NBA, NFL e MLB, e mesmo a NASCAR, que sempre investiram em um relacionamento mais próximo com seus seguidores.

Uma mudança ocorreu quando a Liberty Media assumiu o controle da F1 e passou a trabalhar na construção de uma relação mais engajante com o público. A introdução de conteúdo como a série da Netflix, ‘Drive to Survive’, foi importante para essa transformação: “Quando a Liberty comprou a F1 e a Netflix entrou, começamos a deixar as pessoas verem o que acontecia nos bastidores”, disse Brown. “Isso gerou um grande interesse, e as pessoas começaram a ver a F1 como algo incrível”, acrescentou.
Desde então, a F1 conseguiu se consolidar nos EUA, com a adição de corridas em Miami e Las Vegas, além de Austin, no Circuito das Américas, que se tornou um dos maiores eventos do calendário. A mudança de foco para o engajamento dos fãs, em vez de apenas promover a imagem da categoria, foi um marco importante.
“A Fórmula 1 agora abraçou o aspecto do entretenimento, e os fãs, principalmente nos EUA, estão respondendo de acordo”, finalizou Brown.
