O presidente da FIA, Mohammed Ben Sulayem, afirmou que a decisão de retirar o GP da Rússia do calendário da Fórmula 1 em 2022, não partiu da entidade que comanda a categoria. Segundo ele, a decisão foi tomada pela FOM, empresa detentora dos direitos comerciais da categoria, logo após o início da guerra na Ucrânia.
“Para ser claro, foi a FOM que tomou essa decisão”, afirmou Ben Sulayem ao jornal sueco Expressen. “Houve pressão sobre a FIA para suspender as corridas na Rússia, mas eu disse que não iria quebrar as regras para ninguém.”
Questionado se um retono da etapa russa seria possível no futuro, ele destacou a necessidade de seguir as diretrizes esportivas globais: “Existe uma diferença entre a parte comercial da Fórmula 1 e o automobilismo. Mas vamos esperar. Você acha que a guerra vai durar para sempre? Eu espero que não. São muitas vidas em risco, dos dois lados. Eu odeio a guerra, é simples assim”, disse ele.
O dirigente, que enfrentará uma nova eleição para a presidência da FIA no final deste ano, também alertou para os riscos de transformar a Fórmula 1 apenas em uma plataforma comercial: “Não, não se trata apenas de esporte, também é entretenimento e negócio. Mas não pode continuar se for apenas uma máquina de dinheiro. Aí você perde a alma do esporte. Isso seria o começo do fim”, afirmou.

Ben Sulayem tem se envolvido em choques frequentes com as equipes e também com a parte comercial da categoria, liderada pelo CEO da F1, Stefano Domenicali. Enquanto Domenicali descartou recentemente a entrada de uma 12ª equipe, o presidente da FIA voltou a mencionar o caso Andretti-Cadillac: “A FIA fez o que deveria e eu tive que aguentar todas as críticas. Estou disposto a passar por isso de novo? Sim, se for pela razão certa. Precisamos de outro time? Não. Precisamos do time certo. Não é sobre quantidade, é sobre qualidade. Mas isso tornaria as coisas muito interessantes”.
Ele também alertou contra a politização excessiva ao escolher países para receber corridas: “Se pensarmos assim toda vez que formos escolher um país, não vamos a lugar nenhum. Talvez devêssemos simplesmente voltar aqui para a Suécia, e podemos ter tudo”, ironizou. “Nós não misturamos religião e política. Para nós, é sobre pessoas e automobilismo. Mas nunca levaríamos nossa gente para lugares que não fossem seguros”, acrescentou.
Por fim, Ben Sulayem criticou duramente a imprensa britânica, acusando-a de ataques coordenados contra sua gestão: “Infelizmente, não são apenas pessoas escondidas atrás de telas, às vezes são jornalistas que querem vender mais jornais. Nunca vi ninguém mais brutal do que a imprensa britânica. Eles se orgulham e dizem: ‘Ah, conseguimos tirar o nosso primeiro-ministro’. Isso é realmente um sucesso? Um país sem primeiro-ministro por muito tempo não é bom. O que importa são os melhores interesses das pessoas”, completou o dirigente.
