Da Holanda a Abu Dhabi, o que cada traçado exige e o que pode mudar no campeonato após a pausa.
O calendário entra em sua reta final, e com ele desaparece qualquer margem para erro. Restam dez corridas, dez traçados com características únicas, dez decisões. Cada pista desta reta final carrega uma identidade clara: algumas favorecem a volta única, outras cobram resistência de pneus, e há aquelas em que a estratégia pode inverter uma corrida inteira.
Dez etapas fecham a temporada: Holanda, Monza, Baku, Cingapura, Austin, México, Brasil, Las Vegas, Catar e Abu Dhabi. A McLaren chega como referência; Red Bull, Mercedes e Ferrari tentam converter sábado forte em pódio no domingo. No meio do pelotão, Aston Martin e Williams são favoritas, mas seguidas de perto por Racing Bulls, Haas e Sauber. Todas elas precisam de constância para não perder o bonde.
A pausa está terminando e o campeonato entra na fase em que detalhes custam mais caro. As próximas pistas pedem qualidades diferentes — da volta única em Zandvoort à disciplina de pneus no Catar — e é aí que a disputa muda de tom. Abaixo, o F1Mania.net traça um panorama pista a pista.
As pistas
Holanda – o tradicional “old school”
Estreita, sinuosa e cercada de curvas inclinadas, Zandvoort é um circuito em que a posição de largada praticamente define a corrida. A torcida cria um clima único, mas, para os pilotos, a festa pode virar pressão: não há espaço para erros e quase nenhuma chance de recuperação.
Na prática, é um traçado que exige frente firme em curvas médias e rápidas. O vento do mar do Norte adiciona instabilidade, e a classificação ganha peso desproporcional. Em Zandvoort, o sábado tem grandes chances de definir o vencedor do domingo.
Últimos três vencedores: 2022/ Max Verstappen (Red Bull), 2023/ Max Verstappen (Red Bull), 2024/ Lando Norris (McLaren)

Monza – O templo da velocidade
A pista mais rápida da Fórmula 1 é também uma das mais cruéis. Monza é sobre potência e coragem: retas longas, freadas fortes, retomadas intensas. Cada volta parece simples, mas cada detalhe decide.
Tecnicamente, o desafio é reduzir arrasto sem comprometer tração. Os pneus traseiros sofrem nas saídas, e a corrida costuma ser definida pelo equilíbrio entre velocidade pura e durabilidade. Estratégia é curta, direta — e um erro na freada da primeira chicane pode arruinar o fim de semana.
Últimos três vencedores: 2022/ Max Verstappen (Red Bull), 2023/ Max Verstappen (Red Bull), 2024/ Charles Leclerc (Ferrari)
Baku – O caos entre muralhas
Com um miolo travado e uma das maiores retas da Fórmula 1, Baku sempre entrega corridas imprevisíveis. Safety Car é quase certeza, e a leitura correta de janelas de pit pode transformar azar em sorte e vice-versa.
O circuito exige equilíbrio delicado: velocidade máxima na reta e tração em baixa no setor urbano. É prova que raramente segue roteiro — e justamente por isso se tornou uma das mais perigosas e interessantes da temporada.
Últimos três vencedores: 2022/ Max Verstappen (Red Bull), 2023/ Sergio Perez (Red Bull), 2024/ Oscar Piastri (McLaren)
Cingapura – Resistência em forma de corrida
Cingapura não perdoa. É a corrida mais longa e desgastante do calendário, disputada em clima sufocante sob luz artificial. Cada curva estreita exige concentração máxima, e os pilotos saem da prova tão exaustos quanto os carros.
Do ponto de vista técnico, tração em baixa velocidade é o ponto-chave. O calor acelera a degradação dos pneus, e ultrapassar é tarefa quase impossível. A corrida se decide na largada, no gerenciamento de stints e em não cometer erros — porque aqui, cada erro é fatal.
Últimos três vencedores: 2022/ Sergio Perez (Red Bull), 2023/ Carlos Sainz (Ferrari), 2024/ Lando Norris (McLaren)

Austin – O COTA versátil
O Circuit of the Americas é um traçado moderno que parece condensar vários estilos de pista. O primeiro setor lembra Suzuka, o segundo exige tração, o terceiro cobra constância. O vento muda o equilíbrio do carro, e nenhuma volta é igual à outra.
É uma prova de versatilidade. O carro precisa ser adaptável, e a equipe precisa ler a degradação de pneus com precisão. Estratégias flexíveis fazem diferença, porque a corrida raramente segue um plano linear.
Últimos três vencedores: 2022/ Max Verstappen (Red Bull), 2023/ Max Verstappen (Red Bull), 2024/ Charles Leclerc (Ferrari)
México – Altitude em jogo
A atmosfera no México é eletrizante, mas a física é inimiga. A mais de dois mil metros acima do nível do mar, os carros perdem pressão aerodinâmica e sofrem para refrigerar. Pneus e freios são colocados em condições extremas.
O DRS, por outro lado, ganha efeito amplificado, o que cria disputas intensas nas retas. Aqui, o segredo é encontrar o ponto de equilíbrio entre velocidade e controle térmico. Quem acerta desde a sexta-feira, chega no domingo com vantagem clara.
Últimos três vencedores: 2022/ Max Verstappen (Red Bull), 2023/ Max Verstappen (Red Bull), 2024/ Carlos Sainz (Ferrari)
Brasil – Interlagos imprevisível
Interlagos tem uma energia própria. O traçado curto e fluido favorece batalhas roda a roda, mas o clima em São Paulo é o que realmente dita a corrida. Sol e chuva se revezam sem aviso, e o Safety Car sempre ronda como variável extra.
No detalhe, a pista oferece diferentes possibilidades de estratégia. Tanto undercut quanto overcut podem funcionar, e quem reage rápido a mudanças costuma levar vantagem. É um dos palcos mais propícios para surpresas no calendário.
Últimos três vencedores: 2022/George Russell (Mercedes), 2023/ Max Verstappen (Red Bull), 2024/ Max Verstappen (Red Bull)

Las Vegas – A roleta da temporada
Vegas entrou no calendário para ser espetáculo, mas mostrou também ser imprevisível. O traçado urbano é simples, mas as temperaturas baixas do asfalto viram desafio constante para colocar pneus na janela correta.
O circuito privilegia retas longas e freadas fortes. A corrida costuma ser decidida por pit-stops no momento exato e voltas de saída precisas. É uma prova em que execução vale mais do que ousadia.
Últimos três vencedores: 2023/ Max Verstappen (Red Bull), 2024/ George Russell (Mercedes)
Catar – Lusail em alta rotação
Com curvas rápidas em sequência e pouca margem para erro, Lusail é um circuito de ritmo constante. Exige disciplina do piloto e resiliência do carro, porque a carga sobre o eixo dianteiro é brutal.
Tecnicamente, é uma prova de gestão de pneus dianteiros. Quem exagera no ataque logo cedo fica sem como se defender no fim. Estratégia se resume a saber dosar: ritmo alto sem ultrapassar o limite.
Últimos três vencedores: 2021/ Lewis Hamilton (Mercedes), 2023/ Max Verstappen (Red Bull), 2024/ Max Verstappen (Red Bull)
Abu Dhabi – Yas Marina, o desfecho
A temporada termina em Yas Marina, um circuito que mistura trechos de alta velocidade com setores mais travados. A longa reta oposta e a zona de frenagem forte antes da chicane criam um dos raros pontos claros de ultrapassagem. O segundo setor, sinuoso, cobra tração constante e estabilidade de traseira, enquanto o terceiro, com curvas de raio longo, exige cuidado na gestão dos pneus.
É uma pista de execução precisa: ritmo consistente em médios e duros, pit-stops sem falha e voltas de saída decisivas. Quem chega em posição de ataque precisa acertar a out-lap para ter chance real de ultrapassar.
Últimos três vencedores: 2022/ Max Verstappen (Red Bull), 2023/ Max Verstappen (Red Bull), 2024/ Lando Norris (McLaren)

As equipes
McLaren – O pacote mais completo
A McLaren chega como referência. Tem carro equilibrado, dupla confiante e resultados consistentes. Não depende de uma pista específica para ser competitiva: responde em qualquer cenário.
O desafio é manter o padrão. A equipe já mostrou que pode classificar bem e administrar corridas longas. A reta final pede disciplina de campeão: fazer sempre certo, sem brechas.
Red Bull – A força que ainda impõe respeito
A Red Bull perdeu parte da dominância, mas segue temida. Em pistas de baixa carga e longas retas, ainda é fortíssima. A questão é que já não basta aparecer no domingo: precisa largar bem.
O sábado virou fator-chave. Sem ar limpo, o carro sofre mais. Se acertar classificação, continua candidata a vitórias. Se errar, a vantagem desaparece rápido.
Mercedes – Projeto em evolução
Depois de meses de altos e baixos, a Mercedes conseguiu encontrar rumo. O time chega à reta final mais competitivo e confiante, mirando pódios em pistas específicas.
O ponto crítico ainda é a traseira instável . Mas quando o carro se mantém equilibrado, o ritmo aparece. A equipe reencontrou consistência em execução — e isso faz diferença.

Ferrari – Entre o talento e a oscilação
A Ferrari mostrou lampejos, mas ainda vive de momentos. Tem velocidade para incomodar, mas não conseguiu transformar bons sábados em domingos sólidos com frequência.
O carro tem potencial, mas depende demais da posição de largada. Quando começa na frente, briga por pódio. Quando não, perde rendimento. Constância continua sendo o maior desafio.
Aston Martin – Respirando no bloco intermediário
Aston Martin reagiu após uma queda brusca, mas ainda falta força para desafiar o topo. O time depende muito de um sábado limpo para estar em posição de pontuar bem. O carro ganhou consistência, mas não em nível suficiente. A reta final será mais sobre aproveitar oportunidades do que criar condições próprias de ataque.
Williams – Relevância em disputa
A Williams luta para se firmar como presença regular no top 10. Em algumas pistas mostrou competitividade, mas ainda carece de constância para transformar boas classificações em pontos seguros.
A equipe se apoia em ritmo de corrida sólido quando acerta o acerto do carro, mas oscila demais. A reta final é um teste para provar se está pronta para consolidar espaço estável no meio do grid.
Sauber – A consistência de Bortoleto
O ano começou difícil, mas a Sauber se reinventou. Nas últimas corridas antes da pausa, encontrou um carro muito mais equilibrado, capaz de disputar pontos de forma consistente. Gabriel Bortoleto assumiu papel central nessa fase, mostrando maturidade e trazendo estabilidade para o time.
Hoje, a Sauber se coloca na briga do pelotão intermediário, com reais chances de top 10. A dúvida é se conseguirá sustentar esse nível após as férias, já que rivais diretos também evoluíram. A reta final vai mostrar se a reação foi duradoura ou apenas um bom momento.
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