Vereador Rubinho Nunes (Patriotas) concede entrevista exclusiva ao F1Mania.net
Na última terça-feira (02), o contrato entre a Prefeitura de São Paulo e a Fórmula 1 foi alvo de um pedido para a abertura de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara Municipal da cidade. No dia 12 de janeiro, em uma ação popular, o juiz Emílio Migliano Neto suspendeu o contrato entre a Prefeitura e a empresa MC Brazil Motorsport Holding Ltda. No despacho, o juiz afirmou que a ausência de licitação, a falta de publicidade e transparência foram violados pela gestão pública municipal.
O requerimento de abertura da CPI foi protocolado pelo vereador Rubinho Nunes (Patriota). O objetivo principal da comissão parlamentar é investigar as irregularidades do contrato entre a Prefeitura e a MC Brazil Motorsport. Em uma entrevista exclusiva ao F1 Mania, o vereador explicou quais foram as razões da abertura da CPI e suas consequências para o futuro da Fórmula 1 em São Paulo.
F1 Mania: Vereador, você poderia explicar quais foram os principais pontos e motivos para o pedido de abertura da CPI?
Vereador Rubinho Nunes (Patriota): A prefeitura fez um contrato e pagou para a F1 um valor de R$17 milhões, no dia 05 de janeiro deste ano. Depois deste valor, a Prefeitura comprou o direito de realizar o GP do Brasil aqui em São Paulo e o naming rights, ou seja, a possibilidade de mudar o nome para GP de São Paulo. A prefeitura então adquiriu os direitos de realizar o GP, a partir disso, ela tinha duas opções. A Prefeitura poderia ela mesma realizar o GP, custear tudo e lucrar com bilheteria, direitos de TV e publicidade. Ou então, ela poderia vender, licitar para que as empresas pudessem pagar a Prefeitura para usar o autódromo e para realizar o GP. A Prefeitura não fez nenhuma das duas opções. Ela fez um contrato com uma empresa chamada MC Brazil e pagou mais de R$100 milhões para que essa empresa realizasse o Grande Prêmio, tudo isso sob sigilo e o porquê desses 100 milhões.
O vereador Rubinho Nunes (Patriota) revelou detalhes do contrato entre a cidade de São Paulo e a empresa MC Brazil Motorsport. Segundo ele, os termos do contrato fazem com que o evento não seja lucrativo para a cidade e ainda obriga o município a fazer gastos, como eventuais reformas no autódromo. “A Prefeitura se obrigou a fazer reformas no autódromo, a se responsabilizar por danos. Por exemplo, se explodir os boxes e cair tudo abaixo, a Prefeitura é responsável pela reconstrução. O município também se comprometeu a montar um escritório por um prazo indeterminado na cidade de São Paulo para a empresa MC Brazil”.
“Não é um evento vantajoso para a cidade. Porque o lucro de bilheteria, publicidade e direitos de TV fica para a empresa MC Brazil. A gente vê nos números que a prefeitura fala no processo, que dá na casa de bilhão, que é vantajoso, quando a gente coloca a TV, mas não entra conta de TV para a Prefeitura. Ou seja, a única coisa que a Prefeitura eventualmente poderia vir a ganhar é com a contribuição com a rede hoteleira. (…) A prefeitura está jogando R$100 milhões para uma empresa vir, fazer o evento e lucrar e a Prefeitura não ganha nada”, disse Nunes.
Veja a entrevista na íntegra:
O parlamentar também contou sobre a origem da empresa MC Brazil Motorsport. Rubinho Nunes afirmou que a empresa não existia até setembro do ano passado. E explicou que um fundo de investimento dos Emirados Árabes comprou uma empresa que já existia e transformou ela na MC Brazil Motorsport. O vereador afirma que a empresa contratada não tem nenhuma experiência na organização de eventos de automobilismo.
“A MC Brazil Motorsport não existia até setembro do ano passado. Existe uma empresa chamada ‘Manado Participações’, o que a gente chama de empresa de prateleira. Até 31 de agosto, essa empresa estava parada. No dia 01 de setembro, o fundo de investimento dos Emirados Árabes comprou essa empresa por um valor de R$100, que é o valor das cotas dela. Aí essa empresa passou a se chamar MC Brazil. Três empresas sediadas em Delaware, nos EUA, compraram essa MC Brazil e aumentaram o capital dela de R$100 para R$120. O fundo de investimento dos Emirados Árabes saiu e ficaram essas três empresas”, disse o parlamentar.
Perguntado sobre a possibilidade de não ter o GP de Fórmula 1 neste ano em Interlagos, o vereador disse que neste momento a corrida está suspensa e que o ideal é que a Prefeitura recue e adeque o contrato. “Hoje, a corrida está suspensa. Dada a proximidade e a complexidade do evento, ele começa a ser pensado a partir de agora. E estando suspenso por decisão judicial, tudo isso fica postergado. Seria adequado que a Prefeitura recuasse neste ponto, tomasse medidas para se adequar a legislação e aí realizar o evento”.
Entramos em contato com a assessoria de imprensa da Prefeitura de São Paulo, mas até o fechamento da reportagem não recebemos uma posição. A postagem será atualizada assim que obtivermos resposta.
Em colaboração com Gabriel Gavinelli.
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