Localizada às margens do Mar Cáspio, Baku é uma das cidades mais antigas da região do Cáucaso e, ao mesmo tempo, um dos centros urbanos mais modernos do mundo. Fundada, segundo a tradição, por Alexandre, o Grande, a capital do Azerbaijão carrega em seu próprio nome uma referência à natureza: em árabe (Bākuh, Bākūh ou Bākūyā), derivado do persa bād Kūbac, significa “rajada de vento”.
Entre muralhas do século XII e arranha-céus espelhados, a cidade vive uma transformação única todo mês de setembro, quando as ruas históricas se convertem no palco da Fórmula 1. Desde 2016, Baku recebe anualmente um Grande Prêmio — exceção feita apenas a 2020. Naquele ano inaugural, a etapa foi batizada de GP da Europa; desde então, tornou-se oficialmente o GP do Azerbaijão.
O circuito urbano de Baku tem 6.003 metros de extensão, 20 curvas e trechos de características contrastantes. As sete primeiras curvas são praticamente em ângulo reto, enquanto o setor da Cidade Velha é estreito e técnico, chegando a apenas sete metros de largura na famosa curva 8. Em contrapartida, a reta principal, com mais de dois quilômetros, permite velocidades superiores a 340 km/h, onde os carros chegam a alinhar três de lado. Foi aqui, inclusive, que Valtteri Bottas estabeleceu a maior velocidade já registrada em um carro de Fórmula 1, ao atingir 378 km/h na classificação de 2016.
O traçado exige das equipes um equilíbrio delicado: baixo arrasto aerodinâmico para ganhar velocidade nas retas, mas suficiente carga para enfrentar as curvas lentas da Cidade Velha. É nesse cenário que os pneus assumem papel decisivo. Historicamente, a corrida é de uma parada, mas a alta incidência de bandeiras amarelas e safety cars pode embaralhar qualquer estratégia.
O clima em setembro também é um desafio. As temperaturas são mais altas do que nos anos em que a corrida foi realizada em abril ou junho, e a variação entre trechos ensolarados e áreas sombreadas pelos edifícios históricos afeta diretamente o comportamento dos pneus. Além disso, os ventos característicos da região podem surpreender os pilotos ao canalizarem pelas ruas estreitas da cidade.
No histórico recente, Sergio Pérez é o piloto de maior destaque: venceu em 2021 e 2023, além de conquistar a Sprint no último ano. Charles Leclerc, por sua vez, se tornou especialista em voltas rápidas, garantindo a pole position em três edições consecutivas entre 2021 e 2023. Entre as equipes, a Red Bull soma quatro vitórias em Baku, enquanto a Ferrari lidera o número de poles, mas nunca conseguiu vencer nas ruas azeris.
Desde que estreou na Fórmula 1, Baku já consagrou vencedores distintos: Nico Rosberg foi o primeiro a triunfar em 2016, seguido por Daniel Ricciardo em 2017, Lewis Hamilton em 2018, Valtteri Bottas em 2019, Sergio Pérez em 2021 e 2023, Max Verstappen em 2022 e Charles Leclerc em 2024. Essa variedade reforça a fama do GP como um dos mais imprevisíveis da categoria.
Assim, a cada edição, Baku reforça sua fama de circuito imprevisível. Entre muralhas medievais e arranha-céus futuristas, a cidade se transforma em um dos palcos mais fascinantes da Fórmula 1, onde história, velocidade e risco se encontram em uma mistura única.
