Colombiano diz que foi mais rápido que ex-companheiros, mas vê sua carreira perder espaço diante da ascensão meteórica dos rivais.
O sobrenome Montoya ainda carrega peso no automobilismo. Mas, para Sebastián, filho do icônico Juan Pablo Montoya, a trajetória rumo à Fórmula 1 não tem sido tão gloriosa quanto ele sonhava. Em entrevista ao AS Colombia, o jovem piloto deixou transparecer toda a frustração acumulada nos últimos anos — e não poupou provocações a rivais que hoje brilham na categoria máxima do esporte a motor.
“Bortoleto foi meu parceiro de equipe e fui mais rápido que ele, Antonelli foi meu parceiro e também fui muito mais rápido que ele”, afirmou o colombiano, em referência a Gabriel Bortoleto e Andrea Kimi Antonelli, ambos já estreantes na F1 em 2025. “Já o Bearman eu corri contra ele e eu consegui ganhar… Quando ele não trapaceava eu ganhava dele, quando ele trapaceava a gente brigava em pista.”

Comparações que não condizem com a realidade
Apesar do discurso confiante, os números contam uma história diferente. Montoya nunca conseguiu superar diretamente nenhum dos três nomes que citou.
– 2021: Fórmula 4 Italiana – Montoya terminou em 4º, sem vitórias. Oliver Bearman foi campeão com 11 triunfos, enquanto Antonelli não completou a temporada.
– 2022: Fórmula Regional Europeia – Bortoleto encerrou o campeonato em 6º, com duas vitórias. Sebas ficou em 13º, sem pódios.
– 2023: Fórmula 3 – Bortoleto foi campeão; Montoya terminou apenas em 16º. No mesmo ano, na Fórmula Regional do Oriente Médio, o colombiano foi apenas o 21º, contra Antonelli campeão e Rafael Câmara em 3º.
– 2024: Fórmula 3 – Montoya permaneceu na categoria, enquanto Bortoleto subiu para a F2 e sagrou-se campeão, Antonelli terminou em 6º e Bearman em 12º.

O peso das oportunidades
O discurso do colombiano revela um dilema comum nas categorias de base: a diferença entre talento, consistência e, sobretudo, oportunidade. Montoya reconhece que a ausência de um assento na F1 é um peso que carrega diariamente.
“Quando vejo esses caras na F1, eu penso: se eles estão lá, eu também poderia estar. Às vezes esqueço dessa mentalidade, mas sei que tenho condições”, disse, deixando clara a mistura de ambição e ressentimento.
Frustração em contraste
Enquanto seus contemporâneos já começam a construir carreiras no topo, Montoya ainda busca se consolidar. A comparação com Bortoleto, Antonelli e Bearman — todos com títulos relevantes nos últimos anos — escancara a dificuldade que o colombiano teve para transformar o sobrenome famoso em resultados expressivos.
O que se percebe é que, entre provocações e acusações, Sebastián Montoya ainda tenta encontrar seu espaço em um ambiente cada vez mais competitivo. O nome abre portas, mas, como ele próprio admite, não garante lugar no grid da Fórmula 1.
