O sonho acabou. Para parte dos pilotos que surgiu na temporada de estréia da Fórmula Renault no Brasil em 2002, o futuro não está mais no Aeroporto Internacional de Guarulhos – São Paulo. Depois da passagem pela categoria e breve experiência nos Estados Unidos e Europa, vários jovens decidiram regressar ao País e redirecionar a carreira para os carros de turismo. O último a se incorporar a esse grupo foi Gustavo Sondermann, uma das revelações do primeiro ano da Fórmula Renault brasileira.
Com 23 anos, Sondermann resolveu correr na Stock Car Light pela Carreira Racing até o fim de 2005. Ele estreou pela equipe no último fim de semana e se transformou num dos destaques da prova, ao largar em 18º e terminar na 8ª colocação. Sua boa corrida, no entanto, foi anulada pela direção de prova, que o desclassificou por julgá-lo responsável por um acidente. “Faltou um pouco de critério. As batidas que levei não foram levadas em consideração. O importante, no entanto, foi mostrar que posso ser bem-sucedido na Stock Car Light como fui na Fórmula Renault aqui e lá fora”, comentou.
A etapa foi vencida por Paulo Salustiano, veterano da temporada inaugural da Fórmula Renault no Brasil e ainda hoje disputando regularmente o campeonato – é o recordista de participações com 40 provas no currículo. Em segundo lugar chegou o líder Júlio Campos, outro ex-piloto da Fórmula Renault, enquanto Renato Jader David – que se tornou o “rei” dos circuitos de rua da categoria – terminou em 4º. Na Stock Car Light, eles reencontraram os antigos colegas Lucas Schowambach e Baltazar Jr.
Sondermann e Renato Jader David correram na Fórmula Renault norte-americana no ano passado. No meio do campeonato, quando percebeu que os problemas internos de organização colocariam em risco a manutenção do campeonato, Sondermann se transferiu para a Inglaterra mesmo ocupando a vice-liderança naquele momento. Sua intuição funcionou e o calendário da série dos Estados Unidos não foi cumprido até o fim. Jader David retornou ao Brasil e até hoje continua questionando judicialmente a premiação relativa ao campeonato brasileiro de 2003. Acredita que teria direito à temporada paga numa Fórmula Renault na Europa oferecida pelos promotores ao piloto com maior número de pontos e até 21 anos – terceiro colocado naquele ano, tinha 19 na época, enquanto o campeão Allam Khodair e o vice Diego Freitas haviam ultrapassado o limite.
Na opinião de Sondermann, a Stock Car Light é a saída natural para quem tem projeto de longo prazo em relação ao automobilismo no Brasil. “É praticamente inviável correr na Europa. Os orçamentos são elevados e não há a exposição de mídia correspondente. A Stock Car hoje é uma alternativa profissional. Mesmo a divisão de acesso, no caso da Light, tem um bom pacote de televisão, boa penetração na imprensa escrita e na especializada e vem acompanhando a expansão da série principal. É muito mais fácil buscar patrocínio para correr na Stock Car do que numa categoria no exterior. E, apesar do crescimento dos últimos anos, a Stock Car anda está passando por uma fase de transição. Num curto prazo o grid será quase todo formado por pilotos bem mais jovens, como nós que acabamos de deixar a Fórmula Renaut”, acredita Sondermann, que pretende se manter na Light até 2006 antes de dar o salto para a Stock Car V8 no ano seguinte.
Sondermann também considerou a importância dos estudos e da formação acadêmica ao decidir voltar para o Brasil. “Aqui, posso conciliar o automobilismo com a Faculdade de Relações Públicas na Fundação Armando Álvares Penteado. É outro investimento que estou fazendo em meu futuro. E, de repente, pode ser até que essas duas atividades venham a se encontrar mais lá na frente.”