O título de campeão da Stock Car V8 mudou a vida de David Muffato. De um piloto praticamente desconhecido, ele ganhou fama passou a ser assediado pelos fãs em lojas, restaurantes, aeroportos e nesta temporada, que começa no próximo final de semana (dia 28/3) no Autódromo Internacional de Curitiba, é referência para todos os outros da mais tradicional categoria do automobilismo brasileiro. Aos 33 anos, Caquinho, como é carinhosamente conhecido pelos familiares, diz ter aprendido bastante no turbulento ano de 2003, quando além do título, venceu quatro corridas, foi punido com uma prova de suspensão pela Confederação Brasileira de Automobilismo (CBA) devido aos incidentes em Londrina, quando bateu no carro de Pedro Gomes, e falou mais do que devia, conforme ele próprio reconhece:
“Sou assim mesmo explosivo e várias pessoas me elogiam por não levar desaforo para casa. Mas tem horas em que o mais inteligente é ficar quieto. Em boca fechada não entra mosquito”, sentencia.
* – Você tirou alguma lição da conquista do título da Stock Car?
MUFFATO Sempre se tira alguma coisa, mas normalmente se aprende quando se leva uma pancada na cabeça e eu fui campeão. Mesmo assim aprendi que nada é impossível na vida da gente, principalmente numa categoria como a Stock Car, antes restrita a poucos campeões. Provei que os mais jovens também têm condições de se firmar e de conquistar títulos. Tudo é possível. É preciso querer e, claro, ter uma boa estrutura.
* – Pesa ser campeão da mais importante categoria brasileira?
MUFFATO Não pesa. Pelo contrário. Se eu tivesse sido vice-campeão pesaria mais ainda nesta temporada. Sou campeão e não tenho de provar nada para ninguém. Eu e a equipe mostramos que somos competentes e entraremos muito mais tranqüilos nesta temporada.
* – Como tem sido o contato com o público agora que você ganhou fama com o título da Stock Car V8?
MUFFATO É curioso, pois a cada hora cai uma ficha diferente, pois sou reconhecido e vário pessoas que nunca vi vêm falar comigo sobre a conquista. Crianças me pedem autógrafos, dão parabéns e os adultos falam sobre o carro novo.
* – É bom ser famoso?
MUFFATO Acho que já dá para participar da novela Celebridades (risos). Claro que não é a realidade de alguns jogadores de futebol, cuja vida é uma loucura. É outro nível de fama, mas mostra que a Stock é uma categoria muito conhecida e acompanhada de perto pelo público. Até agora não teve nenhuma fã mais afoita. Se aparecer a minha mulher Juliana bate nela e em mim (risos).
* – Já aconteceu algum fato curioso nessa nova relação com os fãs?
MUFFATO Tem uns que vêm me falar para manter a calma, dão conselhos para ficar mais tranqüilo e ter mais controle. Nesta semana estava embarcando no avião em Londrina, uma me parou, falou comigo, outra pessoa que sentou ao meu lado no avião me perguntou sobre o Astra Sedan que vai entrar na Stock e na hora de pegar a mala veio outro falar sobre o carro. Isso mostra que todos têm informação sobre a Stock. Pena que essa fama não é daquela que dá para almoçar de graça…(risos)
* – Você fez algum trabalho para tentar resolver os problemas extrapista ocorridos no ano passado?
MUFFATO Não fiz nada, mas o que aconteceu em 2003 não se repetirá, pois não vou deixar que aconteça novamente. Em algumas vezes eu não soube me segurar e falei demais. Paguei o preço, fui punido e a CBA agiu corretamente ao me desclassificar em Londrina (acidente com Pedro Gomes). No entanto, tenho meu jeito.
* – Qual sua expectativa para a temporada de 2004 da Stock Car V8?
MUFFATO Primeiro tenho de pensar em uma corrida de cada vez. O campeonato vem depois. Quero terminar esta prova de Curitiba, onde há muito tempo não me dou bem. Entre as corridas disputadas na Stock Car Light e na Stock Car V8 só terminei a segunda de 2003. Eu e o Thiago Marques batemos, caí para último e terminei em oitavo. Quero estar sempre entre os seis primeiros e em Curitiba é preciso manter a calma, pois é muito desgastante correr pelo anel externo.
* – O que você acha que vai mudar com a troca dos Vectra pelos Astra Sedan?
MUFFATO O carro terá mais estabilidade com os quatro pneus com o mesmo diâmetro (285/645), os freios também melhoraram e a redução do peso das rodas (1 quilo a menos em cada uma) também vai auxiliar no desempenho, além de a carenagem nova me parecer ter mais penetração aerodinâmica. Não sei como será o novo pneu, que ficou mais duro, pois trocamos o composto D5 pelo D4. Mesmo assim acredito que seremos cerca de um segundo mais rápidos em praticamente todas as pistas.
* – Quem você considera os maiores favoritos nesta temporada?
MUFFATO Apesar de eu mesmo não me considerar, por ter sido campeão, vou me colocar na lista. Tem o Cacá Bueno, o Ingo Hoffmann, o Chico Serra. Esses são pilotos consistentes e sempre estão na zona de pontos mais alta. Aí viriam o Giuliano Losacco, que foi brilhante em algumas provas e menos em outras. Precisará ser mais regular, mas tem boa experiência na categoria. Tem também o Guto Negrão e o Antonio Jorge Neto e o meu companheiro de equipe, o Raul Boesel.
* E os pilotos novos que estão chegando na Stock Car?
MUFFATO Os novos são uma incógnita. De todos, o que na minha opinião tomou a melhor atitude foi o Daniel Landi, que fará um ano na Stock Car V8 Light. Ele estará lá, sem pressão e vai ver o pessoal e se adaptar aos carros de Turismo. O Carreirinha, que será companheiro do Carlos Alves deve vir bem e o Vitor Meira também, pois ele terá ao lado o Adalberto Jardim, que é outro que neste ano deve vir bem. Estava fazendo falta o Jardim andar entre os primeiros na Stock.
* – No ano passado você era zebra. Agora é o campeão. Acredita que será mais marcado na pista?
MUFFATO Ter virado referência dá muito prazer, pois todos estarão de olho no meu carro para ver o que estaremos fazendo. Isso é bom, pois até dois anos atrás eu tirava trechos do Ingo e do Chico e hoje sou referência. Isso prova que o trabalho da equipe e o meu foram muito bem feitos.
* – Qual foi seu maior acerto e seu maior erro em 2003?
MUFFATO O maior acerto foi ter andado com a equipe Repsol Boettger e ter continuado a trabalhar com o Ereneu Boettger. A Repsol investiu muito nele sabendo que o retorno seria bom. Meu maior erro foi abrir a boca demais.
* – Existe um acordo entre você e o Raul para a equipe sair vitoriosa?
MUFFATO Tecnicamente os nossos carros sempre foram iguais. No ano passado, o Raul recebeu até uma atenção maior, pois o carro dele estava com problemas e todos tentamos descobrir o que acontecia. Chegaram até a trocar o chassi. Na equipe não existe preferência, primeiro ou segundo piloto. No final, quem estiver na frente pode ajudar o outro, pois nosso objetivo é ter a equipe campeã.
Nokia apresenta a Stock Car Brasil, que tem promoção e organização da Vicar Promoções, com supervisão da Confederação Brasileira de Automobilismo. Os patrocínios são de Chevrolet e Pirelli e co-patrocínios de Texaco, Repsol e Medley.