Se Aírton Daré tinha alguma dúvida sobre a decisão de não voltar à Stock Car em 2005, ela foi definitivamente eliminada na última etapa do Campeonato Brasileiro, realizada em Interlagos neste domingo. Injustamente punido com um drive-through, que obriga os pilotos a passarem pelos boxes à velocidade máxima de 56 km/hora enquanto a corrida prossegue, o piloto da equipe AMG/Hope Recursos Humanos/Octane Motors não cumpriu a penalidade e foi desclassificado da corrida, onde ocuparia o 11ª lugar final.
Daré, porém, esclarece que não se recusou a cumprir a ordem do diretor de prova – simplesmente, não acreditou pudesse ser punido por uma infração cometida pelo piloto que causou a batida. “Eu não me recusaria a cumprir a pena, mesmo que a considere totalmente descabida”, afirmou o piloto de Bauru. “Não entrei nos boxes porque duvidei que, depois de levar inúmeras fechadas do Valdeno Brito a partir da segunda volta, dele jogar o carro na minha trajetória na freada do Esse do Senna, bem na frente dos boxes, sem me deixar chance de evitar o contato, ser eu o punido. Que os comissários esportivos não tivessem visto o que ele fazia em outras partes do circuito ainda dá para aceitar, talvez eles não tenham visto, mas aquela foi exatamente na frente deles. Se não viram foi porque algo estava tirando a atenção deles; se viram, tomaram a decisão errada”.
Na 10ª volta, quando não pôde evitar o choque que eliminou o paraibano Brito da prova, Daré era o 14º colocado, logo atrás de Raul Boesel, que foi o 10º colocado. “A batida com o Valdeno danificou a suspensão dianteira e o carro perdeu rendimento. Eu estava rápido, poderia ter passado o Raul, que teve o carro danificado em um toque com o Ingo Hoffmann, e talvez chegasse entre os oito primeiros. Mas, em vez disso, acabei desclassificado”, lamenta ele.
Descontente com os muitos erros que viu ao longo do ano, Daré faz uma crítica aos comissários esportivos. “Quando há acidentes, a tendência é punir quem sobrevive, não se analisa com cuidado a causa. Se houvesse uma análise mais acurada, os acidentes da Stock Car seriam reduzidos a menos da metade”, diz o piloto de Bauru, que provavelmente voltará a correr nos Estados Unidos no próximo ano. “Não que lá os pilotos sejam diferentes daqui; a diferença é que, quando tentam alguma coisa assim, são punidos na hora”.
Na corrida, Daré largou bem e ganhou três posições, mas os pneus demoraram a esquentar e ele perdeu tudo que havia ganho nas três primeiras curvas. “Sem aderência, preferi fazer as curvas por fora, mesmo sendo superado, a jogar o carro em cima de quem vinha mais rápido, tive respeito pelos adversários. Na hora em que fui desrespeitado, não fizeram nada e me puniram injustamente. Para mim, chega”, despede-se ele.